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Catarina

Hermes está do meu lado quando acordo sinto sua presença como também percebo sua preocupação e tristeza, não queria causar isso mas infelizmente a quantidade de remédios que tomei não me mataram como imaginei, seguro sua mão para que veja que acordei, ele a beija com carinho e afeto.

– Catarina, ainda pensa muito no meu irmão? Cheguei aqui e você não parava de falar dele, acredito que estava sonhando.

– Sim, seu irmão me fez tanto mal, Cassius também mas Zeus foi o causador da maioria das maldades que sofri vivendo no Olímpia, acredito que por isso sonhe tanto com ele e lembre tanto das suas crueldades para comigo. Indiretamente, tudo que houve foi por culpa dele, o vício, os abusos, as surras, as humilhações e tudo mais. Ele está morto mas parece que está permanentemente vivo em minhas memórias, como se fosse me acompanhar até a minha morte, no fim, sua morte não me trouxe paz apenas um grande tormento.

Meu irmão adotivo ficou calado por alguns instantes, para depois se pronunciar.

– Catarina, quero ajudar mas preciso que entenda: sem sua permissão, não posso fazer nada, é nítido que está sobrevivendo e não vivendo, sua vida não precisa ser assim. Sei que tudo que houve a modificou e nunca mais poderá ser a mesma de antes de todas as atrocidades cometidas contra você. Mas você tem um filho, minha irmã, um nenê lindo que não para de chamá-la, a vida precisa ser muito mais do que o mal que fizeram com você. Por isso, pergunto: você quer minha ajuda? Quer pelo menos tentar esquecer o que houve e seguir em frente pela nossa família?

Havia muitos motivos para negar mas resolvi que não quero mais morrer e que preciso tentar por mim e por minha família.

– Sim, eu aceito!

Ágata

Alguns dias depois

Aceitar vir a essa clínica foi exclusivamente por Catarina, não preciso de psicóloga, o que ela vai dizer além do que sente muito e deseja que siga em frente? Seguir em frente é algo que faço a anos sem ninguém me dizendo para fazer isso, mas quase perder minha irmã querida me fez entender que talvez mas apenas talvez seja bom essa tal de terapia, Catarina continua triste como se o fato de ter sobrevivido fosse extremamente ruim, seus olhos estão inchados de tanto chorar, Hércules também não está bem porque percebeu que a mãe está deprimida.

O médico que atendeu Catarina explicou que todos os sintomas delas estão ligados a uma depressão profunda, indicou a clínica como também explicou que talvez fosse melhor ir em um psiquiatra para que fosse receitado um remédio mais forte que os calmantes, mas Hermes preferiu tentar o tratamento psicológico sem medicamentos, ele disse que isso iria deixá-la fora da realidade, sempre com um sono enorme e não cuidaria de Hércules e nem conseguiria cuidar de si.

A mãe dele também fazia uso de medicamentos pesados antes da doença que a levou, por ver como ela ficou, Hermes não queria o mesmo destino para Catarina. Ele também está procurando algum tratamento que possa reverter a perda de visão da nossa irmã, não sei se vai conseguir mas torço muito para que tudo dê certo, seguro a mão dela enquanto vejo as lágrimas escorrendo pela sua face, procuro não repreendê-la ou dizer algo que a deixe mais triste.

– Catarina Fontana.

Escuto chamarem minha irmã e a guio até consultório, a psicóloga já aguardava por Catarina, quando viu o estado dela fez questão de pegar um copo de água e lenços para enxugar as lágrimas da minha irmã em um gesto muito atencioso, espero que ela se acalmasse para se apresentar.

– Bom dia, meu nome é Marina, fui designada para a sua terapia, gostaria de perguntar se está bem para começarmos e também se sua irmã ficará conosco. Pois normalmente faço a sessão apenas com o paciente por motivos de confidencialidade.

Catarina Onde histórias criam vida. Descubra agora