Já era manhã novamente, lá para às dez, quando Catarina apareceu bloqueando o sol que aquecia sutilmente, fornecendo uma sensação agradável e uma dose de vitamina D à pele de Nadine.
A garota que estava deitada no gramado e lia um livro qualquer que, ela ainda não havia decidido ser bom ou ruim, sentiu uma sombra pairar sobre ela.— Onde estão as minhas coisas? – Catarina fala com uma expressão descontente no rosto.
— Como assim? Eu não sei sobre o que você está falando.
Nadine levanta o óculos de sol para visualizar com clareza a garota parada na sua frente.
— É sério, eu gosto muito daquela camisa.
— É, eu não tive nada a ver com isso.
Nadine volta a folhear o livro em mãos com aparente interesse, como se o conteúdo fosse mais fascinante do que a conversa que deveriam estar tendo, tratando o assunto e a garota com desdém.
Ela virou uma página com um movimento deliberado, fingindo ignorar a intensidade dos olhares entre elas. Catarina, por sua vez, mordia o lábio inferior, lutando para encontrar as palavras certas que poderiam romper a barreira de indiferença que Nadine erguera.
— Olha, não é porque eu impliquei um pouco com você no primeiro dia que você precisa ser uma total tirana agora em diante.
— Quer dizer como você age o tempo todo?
Catarina bufa, vira-se de costas e sai batendo os pés, claramente contrariada. Nadine fecha o livro com um suspiro pesado e joga-o de lado – cena essa que mataria qualquer leitor – e também se sente frustrada, nem ela mesma aprovava como andava agindo nos últimos dias.
Ela levanta resolvendo caminhar um pouco, decidida a esfriar a cabeça, já que seu momento de harmonia matinal havia sido completamente arruinado.
O frescor das árvores ajudava a acalmar o seu espírito conturbado. Caminhou sem rumo tentando se livrar da sensação de culpa que a assombrava.
Foi então que, ao passar perto de um velho galpão, ela avistou algo familiar atrás de uma árvore. Aproximando-se, Nadine viu as roupas e os sapatos de Catarina, os mesmos que ela havia escondido enquanto corria, mas nem se lembrava onde estavam com precisão.
Com um suspiro profundo, pegou as coisas e começou a caminhar de volta à área de cabanas, decidida a devolver tudo e reparar um pouco o estrago feito.
— Estava atrás de uma castanheira, ao lado do galpão. – Diz se aproximando de Catarina que tomava café no refeitório junto a outra garota de cabelos curtos.
— O quê? – Catarina diz se fazendo de sonsa.
— As suas coisas.
Nadine atira as roupas no colo da garota e se retira em direção a sua cabana, se sentindo um pouco melhor. O semblante emburrado de Catarina se desfaz e ela sorri satisfeita e de modo amigável depois que a garota sai pela porta. Ao seu lado, a garota de cabelos curtos a observa tentando entender a situação, um tanto enciumada.
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Segredo Real | ⚢
Ficção AdolescenteUma foto um pouco borrada de Nadine estampava a manchete de um jornal que sinalizava: "Princesa é flagrada beijando garota desconhecida". E pronto, todo o país de Ferindor estava especulando sobre a sua sexualidade e se ela não estaria mais vivendo...