𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞𝐬 - 𝐉𝐮𝐝𝐞 𝐞 𝐂𝐚𝐫𝐝𝐚𝐧.

「 ✦𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬✦ 」

𝐄ra uma noite estrelada.
A propriedade de Madoc ganhava vida com a agitação de minha família.

Duendes e diabretes, moviam-se freneticamente, carregando vestidos exuberantes e maquiagens extravagantes para minhas irmãs e minha madrasta. O som de suas asas batendo e suas risadas ecoava pelos corredores.

O ar estava impregnado com a excitação e o perfume das flores que enfeitavam o jardim.

Num momento de distração, uma pontada aguda atravessou minhas costas, fazendo-me soltar um grito abafado. Era Tatterfell, a diabrete, que dava leves ajustes em meu vestido. Suas agulhas, embora dolorosas, garantiam que cada detalhe estivesse perfeito.

Todos haviam sido convidados para a festa no palácio do grande rei, a noite prometia ser grandiosa. Meu vestido, de um tom azul profundo, capturava a essência do cair das estrelas na escuridão da noite. As luvas que eu usava eram simples, porém elegantes, completando o conjunto com graciosidade. Meu penteado, formando dois chifres entrelaçados no topo da minha cabeça, e Cair da Noite, minha espada, pendia ao lado da minha cintura, lembrando-me de que, apesar da festa, eu precisava estar preparada para qualquer coisa.

Em Elfhame, a beleza e o perigo andavam de mãos dadas, e a habilidade de discernir entre os dois era uma questão de sobrevivência.

Sempre que o Grande Rei de Elfhame nos chamava para uma de suas grandes festas, sempre ia acompanhada de minha família em sua carruagem. Porem, dessa vez, havia combinado de ir com Locke, em vez de acompanhar minha família. Enquanto o alvoroço tomava conta da propriedade, eu já estava pronta, aguardando ansiosamente a chegada dele.

Ansiedade fervilhava em meu estômago como um caldeirão prestes a transbordar. Cada batida dos meus pés no velho chão de madeira parecia amplificar o som do meu coração, que estava batendo mais rápido do que eu gostaria de admitir.

Olhei ao redor do quarto, observando os detalhes que, em qualquer outra noite, passariam despercebidos. As tapeçarias ricamente bordadas que adornavam as paredes, as velas tremeluzentes que lançavam sombras dançantes, e as flores coloridas que exalavam um perfume inebriante.

Ouvi o som distante de uma carruagem se aproximando e meu coração deu um salto. Locke.

O pensamento de estar ao seu lado, de compartilhar risos e olhares cúmplices, fazia com que cada segundo de espera parecesse uma eternidade. Eu não podia negar que havia algo nele que me atraía, uma mistura de charme e mistério que era difícil de resistir.

Leves batidas na grande porta ecoaram pela casa, interrompendo o balbulcio dos preparativos e lançando um silêncio sobre a casa. Me levanto e caminho em direção à porta, tentando recordar todas as lições de etiqueta que Oriana havia me ensinado, mas às quais eu raramente prestava atenção. Cada passo meu soava como um tamborilar nervoso no chão de madeira polida.

Ao abrir lentamente a porta, o ranger das dobradiças pareceu ecoar pelo corredor. Atrás de mim, ouvi sussurros contidos, mas minha atenção estava completamente absorvida pela visão à minha frente. Locke estava ali.

Ele vestia um terno branco de corte perfeito, adornado com detalhes em dourado que reluziam à luz das lanternas. Seus cabelos ruivos, sempre um pouco rebeldes, estavam agora perfeitamente alinhados, dando-lhe um ar de sofisticação e mistério. Seus olhos amarelos, tão penetrantes quanto os de uma raposa, pareciam perfurar minha alma, desnudando meus pensamentos mais íntimos.

Com um simples sorriso, Locke estendeu a mão em um gesto elegante e seguro, pegando a minha com uma delicadeza surpreendente. Seus dedos eram firmes, mas suaves, e quando ele levou minha mão aos lábios, senti um calor subir pelo meu braço, tingindo minhas bochechas de um rubor tímido.