𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞𝐬 - 𝐉𝐮𝐝𝐞 𝐞 𝐂𝐚𝐫𝐝𝐚𝐧.

「 ✦ 𝐋𝐞𝐭𝐭𝐞𝐫𝐬 ✦ 」

ᯓ★
Já passou cerca de um mês sem qualquer sinal de Jude ou qualquer carta que fosse.

Cardan se encontrava em sua escrivaninha, a luz fraca de uma vela tremulando como se estivesse tentando resistir à escuridão que o envolvia. À sua volta, garrafas de vinho vazias se empilhavam como testemunhas silenciosas de suas noites solitárias.

Entre goles e mais goles de vinho, ele se debruçava sobre o papel, a pena deslizando com dificuldade, as palavras escorregando de sua mente embriagada. A caligrafia, uma mistura de elegância e desespero, produzia cartas que seriam enviadas ao mundo mortal.
Àquela altura, isso já era uma rotina noturna.

Talvez não estivesse tão embriagado se ela estivesse aqui. Talvez, não estivesse à beira da loucura, perdido em seus próprios devaneios, se apenas a presença dela iluminasse aquele quarto escuro e sufocante.

Jᥙdᥱ Jᥙdᥱ Jᥙdᥱ Jᥙdᥱ Jᥙdᥱ Jᥙdᥱ

As palavras se repetiam como se fosse uma tortura. Seu coração pulsava com um aperto agonizante, e seu estômago se contorcia, como se o vazio que ela deixara fosse uma ferida aberta, drenando toda a sua sanidade.

As palavras se formavam um grande nó em sua mente. Seu coração, laceado pela garota, se apertava como nunca.

Sua respiração tornava-se falha, como se o ar se negasse a entrar em seus pulmões. Suas mãos tremem, o pensamento em ter a garota para si era constante, fazendo o mesmo perceber que precisava estar ainda mais álcoolizado para tentar tirar a cabeça da garota mortal.

Cardan abre uma nova garrafa de vinho, desesperado por esquecê-la.
A euforia o impulsionando a levar a garrafa imediatamente em seus lábios, o gosto amargo do álcool descia queimando sob sua garganta. Ele abre seus olhos, sua visão era turva, ele olha novamente para uma de suas cartas. As pequenas frases se moviam como uma dança lenta, satisfeito, vendo o efeito do álcool o consumindo.

De repente, tudo estava molhado. As bochechas de Cardan eram invadidas por lágrimas, caindo como uma cachoeira descontrolada.

"Maldição." Ele pensa.

Num impulso de fúria, arremessa sua garrafa de vinho em uma de suas paredes de mármore, o estalo do vidro quebrando era um reflexo do estado de seu coração destroçado. O vinho vermelho se espalhou pela superfície fria, escorrendo pela parede e se infiltrando nas frestas do chão de madeira. Provável que criaria uma mancha.

Suas mãos deslizando lentamente pelos cabelos como se buscasse, ali, entre os seus cachos soltos, um pouco de juízo perdido.

Sua respiração se acelerava, cada suspiro era uma luta contra a onda avassaladora de emoções. As lágrimas desciam com tal intensidade que, em um breve momento de desespero, ele se viu pensando que poderia se afogar em seu próprio mar de tristeza. Queria esquecê-la, esquecer do quanto precisava dela. Queria ter o controle de volta.