Capítulo 08 - Escudo Bizantino

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   Pesado, não havia palavra melhor para descrever o ar do carro do que 'pesado'. Nada foi dito por nós durante noventa e nove porcento do trajeto, a única "conversa" que ocorreu se resumiu a "tudo bem?" e "não quero falar sobre".

   Yoongi sempre foi muito compreensivo comigo, me trata como família e me apoia em todas as minhas loucuras como matar aula para chorar à beira do Rio Han.

—Quer que eu fique?

—Não, valeu. – saí do carro e o encarei pela janela. — Valeu pela carona.

—Vocês, jovens. – bufou e revirou os olhos de forma brincalhona. — Valeu, valeu e valeu, credo.

—Desculpa aí, velhote. – ri fraco.

—Quer que eu te busque?

—Não, valeu.

   Com uma última risada nos despedimos, vigiei seu carro sumir na esquina e me sentei em um dos bancos próximos ao rio. Procurei pelo caderno que guardei na mochila enquanto vínhamos, não encontrando a carta que sempre estava entre as folhas. "Filho da puta" foi o que veio junto ao nome de Minho. Ele não faria isso, né? Parecia sincero na nossa conversa de mais cedo, por mais que não o perdoe, não acredito que roubaria algo assim.

   Comecei a passar página por página em completo desespero, não percebendo de imediato o post-it que caiu em meu colo e suspirando aliviado ao encontrar o papel velho.

—O que é isso? – murmurei como se alguém fosse me responder. Me sinto como Skrik todo dia, Han. — Que porra ele quis dizer com isso?

—Oi? Falou comigo, moço? – uma garota passando por ali questiona.

—Ah, não...só estou falando sozinho, me desculpe. – sorri envergonhado.

—Ata, espero que encontre respostas para sua confusão, seja lá o que for. - riu de forma cativante, me decepciono ao perceber que não nos encontraremos novamente. — Sabe me dizer que horas são?

—São sete e vinte.

—Puta que pariu, 'tô atrasada, merda. Obrigada...

—Han Jisung.

—Jeongyeon, tchau Jisung! – e ela foi mais rápido do que chegou.

   Ao que a perdi de vista, voltei minha atenção para o post-it, então retornei algumas páginas:

   Por que será que ele se identificou? Que realidade é essa que tanto o ameaça? Felix sempre me diz que seus pais são ótimos então não é em casa, mas de qualquer maneira isso não é problema meu

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   Por que será que ele se identificou? Que realidade é essa que tanto o ameaça? Felix sempre me diz que seus pais são ótimos então não é em casa, mas de qualquer maneira isso não é problema meu.

   Puxei minhas pernas para me sentar de maneira mais confortável, colocando sobre meu joelho o caderno com a carta em cima, enquanto lia o que havia escrito algumas lágrimas forçaram a queda. Eu sinto saudade do tio Jung; pena que essa é só mais uma das cartas que, provavelmente, nunca serão enviadas.

Alinhamento Milenar - [Minsung]Onde histórias criam vida. Descubra agora