Pesado, não havia palavra melhor para descrever o ar do carro do que 'pesado'. Nada foi dito por nós durante noventa e nove porcento do trajeto, a única "conversa" que ocorreu se resumiu a "tudo bem?" e "não quero falar sobre".
Yoongi sempre foi muito compreensivo comigo, me trata como família e me apoia em todas as minhas loucuras como matar aula para chorar à beira do Rio Han.
—Quer que eu fique?
—Não, valeu. – saí do carro e o encarei pela janela. — Valeu pela carona.
—Vocês, jovens. – bufou e revirou os olhos de forma brincalhona. — Valeu, valeu e valeu, credo.
—Desculpa aí, velhote. – ri fraco.
—Quer que eu te busque?
—Não, valeu.
Com uma última risada nos despedimos, vigiei seu carro sumir na esquina e me sentei em um dos bancos próximos ao rio. Procurei pelo caderno que guardei na mochila enquanto vínhamos, não encontrando a carta que sempre estava entre as folhas. "Filho da puta" foi o que veio junto ao nome de Minho. Ele não faria isso, né? Parecia sincero na nossa conversa de mais cedo, por mais que não o perdoe, não acredito que roubaria algo assim.
Comecei a passar página por página em completo desespero, não percebendo de imediato o post-it que caiu em meu colo e suspirando aliviado ao encontrar o papel velho.
—O que é isso? – murmurei como se alguém fosse me responder. Me sinto como Skrik todo dia, Han. — Que porra ele quis dizer com isso?
—Oi? Falou comigo, moço? – uma garota passando por ali questiona.
—Ah, não...só estou falando sozinho, me desculpe. – sorri envergonhado.
—Ata, espero que encontre respostas para sua confusão, seja lá o que for. - riu de forma cativante, me decepciono ao perceber que não nos encontraremos novamente. — Sabe me dizer que horas são?
—São sete e vinte.
—Puta que pariu, 'tô atrasada, merda. Obrigada...
—Han Jisung.
—Jeongyeon, tchau Jisung! – e ela foi mais rápido do que chegou.
Ao que a perdi de vista, voltei minha atenção para o post-it, então retornei algumas páginas:
Por que será que ele se identificou? Que realidade é essa que tanto o ameaça? Felix sempre me diz que seus pais são ótimos então não é em casa, mas de qualquer maneira isso não é problema meu.
Puxei minhas pernas para me sentar de maneira mais confortável, colocando sobre meu joelho o caderno com a carta em cima, enquanto lia o que havia escrito algumas lágrimas forçaram a queda. Eu sinto saudade do tio Jung; pena que essa é só mais uma das cartas que, provavelmente, nunca serão enviadas.
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Alinhamento Milenar - [Minsung]
FanfictionÓdio gratuito não existe e Han Jisung sabe muito bem disso, mas o que acontece quando o alvo desse ódio todo começa a enxergá-lo com outros olhos? Em suma: Esta é uma estória sobre dois garotos que, mesmo sem perceberem, aprendem um com o outro como...