Capítulo 04 - O Início da Perpetuidade

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Jisung's POV

   "A escolha é uma ilusão?" Essa pergunta ronda minha mente desde que entramos no Existencialismo em Filosofia, mas acho que sou uma prova de que sim, a escolha é uma ilusão, porque eu não escolhi rir de Minho caindo feito bosta e muito menos escolhi receber tanta atenção dele depois disso, especialmente durante as aulas que ele nem sequer frequentava.

—Por que você 'tá aqui? - virei-me ao sentir um peteleco em minha cabeça. — Não tá enxergando o quadro? So-ci-o-lo-gi-a.

—Mudei meus horários, para não atrapalhar os treinos, comecei a ir na academia e pa. - mais um peteleco.

—Isso é possível?

—Foi o que me perguntei quando te ouvi rindo da minha cara. - mais um peteleco.

—Que ego frágil o seu. - revirei meus olhos e voltei a copiar em meu caderno, sentindo os ataques continuarem, porém mais fortes.

   Tic...tac...tic...tac, o barulho continuava, mas os ponteiros do relógio de parede pareciam imóveis. A cada peteleco que eu recebia minha mente ficava mais e mais próxima a implodir, mais e mais pensamentos surgiam e a algazarra fervia cada vez mais em meu crânio; mais um toque de Minho e a minha bomba-relógio, amavelmente apelidada pela doutora Jeon de Ansiedade, iria explodir e eu realmente não sei o que faria se caso eu...

—Porra Lee! Se toca! - bati as mãos em minha mesa, sentindo a ardência dominar as palmas ao que as tirei da superfície de madeira para me virar na cadeira, apenas para encontrar um Lee Minho de face contorcida em surpresa e um sorriso presunçoso escapando por entre seus lábios. — O que é tão engraçado?!

—Você por acaso é louco? - sussurrou ao se inclinar para frente, golpeando-me no estômago com suas palavras infundadas.

—Não me chama de louco, filho da puta! - me levantei da cadeira e o encarei mortalmente, como ele ousa falar algo do tipo sem sequer me conhecer direito?!

—Han Jisung e Lee Minho! Mas que baderna é essa?! Para a direção, imediatamente!

—Você sempre me mete em problemas, por acaso é um vício seu, princesa? - passou por mim, indo direto para a porta.

   Pela segunda vez o tempo parecia não passar, já não sentia o ar entrar em meus pulmões, minhas mãos estavam suadas e meu coração corria. Olhando para o lado encontrei Minho me encarando com divertimento, a faísca brincalhona em seus olhos acendeu uma chama que ferveu meu sangue e fez o diabinho em meu ombro sussurrar ideia absurdas de como arrancar aquele sorriso burguês estampado em seu rosto.

—Lee Minho e Han... - mirou seus olhos em mim, arregalando-os em surpresa. — não esperava te ver aqui.

—Também estou surpreso, ora, nunca dei motivos para estar aqui.

—Não estou falando contigo, moleque chato. - estapeou a nuca do jogador.

—Diretora Park, eu... - parei de falar ao que senti minhas bochechas ficarem úmidas e minha voz embargar. — desculpa...

—Que drama todo é esse, Bernini?

—Não me chama assim, caralho! - quis enfiar minha cabeça em um buraco por conta do soluço que me escapou.

—Vamos com calma, os dois. - passou sua mão por meu ombro. — Vem cá.

—Que espécie de tratamento especial é esse? - Minho se jogou em uma das cadeiras da diretoria.

—Cala a boca, inconsequente. - me puxou para o canto da sala, parou e me encarou preocupada, afinal não parei de chorar. — Você tomou seus remédios hoje?

   Olhei para Minho, que olhava em nossa direção com uma mistura de curiosidade e confusão, não queria que ele estivesse ali, nem era para eu estar ali para início de conversa, é tudo culpa dele, tudo.

   Fechei meus olhos com força, fazendo o restinho de água escorrer por minhas bochechas, negando com a cabeça voltei a abri-los para encontrar senhora Park pressionando os lábios juntos em clara apreensão.

—Han... terei que ligar para seus pais para eles trazerem e assinarem a ocorrência, ok? - buscou pelo celular por dentro das gavetas de sua mesa, quando me estendeu o aparelho entrei em pânico.

—Por favor, senhora Park, não liga, eles não podem saber que me encrenquei, nem sequer foi minha culpa. - e mais uma vez minhas bochechas se molharam.

—Oh Deus... Lee, vem cá.

—Por que 'tá chorando que nem uma criança? Vai apanhar da mamãe quando chegar em casa? - lhe mostrei a língua, não tinha forças para revidar, não com minha cabeça a mil.

—Seguinte, limpem as mesas da biblioteca e esse constrangimento todo não será informado a ninguém, por vocês tudo bem?

   Ótimo, é agora que eu me mato na frente de todo mundo.

Alinhamento Milenar - [Minsung]Onde histórias criam vida. Descubra agora