Capítulo 2

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A jornada estendeu-se por quilômetros intermináveis, cada estrada percorrida ampliava a distância entre mim e minha zona de conforto, conduzindo-me inexoravelmente em direção a um destino imprevisível. Cada pedra no caminho, cada curva sinuosa, representava um desafio a ser superado, uma prova da minha determinação em desvendar os mistérios do meu passado.

Ao avistar finalmente a imponente base militar onde minha mãe biológica comandava, uma mistura de emoções tumultuou meu ser. O peso da realidade, antes apenas uma sombra indistinta em minha mente, agora se materializava e caía sobre meus ombros como um fardo pesado. Ali estava eu, sozinha em uma terra estranha, diante do desafio de conquistar o reconhecimento e a aceitação de uma mulher que talvez nem mesmo lembrasse da minha existência. O desconhecido estendia-se diante de mim como um vasto oceano, repleto de possibilidades, mas também de perigos desconhecidos. No entanto, a determinação que ardia em meu peito era mais forte do que qualquer temor, impelindo-me a avançar rumo ao encontro com o meu destino.

Com o coração disparado, avancei furtivamente, abrindo meu notebook e desativando o sistema de segurança. Assim consegui entrar ser ser vista,  andava pelos corredores sombrios da base militar, cada passo sendo uma dança arriscada com o destino. Meus dedos ágeis deslizavam pelos teclados, desafiando os sistemas de segurança com a destreza de um mestre hacker. O suor frio escorria pela minha testa enquanto eu lutava contra o medo e a adrenalina que rugiam dentro de mim.

Poderia ter batido na frente e tentado falar com ela, poderia. Mas por ser uma base ultra secreta, com certeza, ninguém me ouviria. A minha chance era entrar e encontra-la.

De repente, uma figura surgiu diante de mim, um reflexo sombrio no corredor vazio. Meu coração deu um salto, meu corpo congelou. Era ela. A mulher que eu havia procurado, mas agora, diante dela, eu tremia de medo e expectativa. Seus olhos penetrantes perfuraram minha alma, e eu me vi presa em seu olhar, incapaz de escapar.

E então, com um movimento suave e preciso, ela me deteve, como se estivesse me desarmado com apenas um olhar. Minhas pernas pareciam feitas de gelatina, minha voz presa na garganta seca. Ela me encarou com uma mistura de curiosidade e desconfiança, e eu me perguntei se ela podia ler meus pensamentos ou sentir as batidas frenéticas do meu coração.

Fui pega, capturada por aquela que eu desejava encontrar, mas que agora me deixava trêmula e vulnerável. O encontro que eu tanto ansiava se transformou em um confronto com minha própria fragilidade, deixando-me exposta diante dela, sem nada além da verdade que eu buscava desesperadamente encontrar.

Senti meu corpo tenso quando ela se aproximou rapidamente, sua mão sacando a arma com uma velocidade que me fez gelar por dentro. Seu rosto era uma máscara de seriedade, seus olhos fixos em mim com uma intensidade que me fez questionar se estava cometendo um erro fatal.

"Se der mais um passo ou se respirar, eu atiro em você", sua voz cortante ecoou pelo corredor, enviando um arrepio pela minha espinha. Eu me mantive imóvel, segurando o fôlego como se a simples ação de respirar pudesse desencadear um desastre.

"Por favor, me escute", minhas palavras saíram em um sussurro, a tensão pairando no ar como uma nuvem pesada. "Eu sei que invadir uma base militar é um crime, mas há uma razão pela qual eu vim até aqui."

Ela me olhou com uma mistura de descrença e cautela, como se estivesse tentando decifrar minhas intenções. "Razão? Não vejo como pode haver uma razão válida para invadir uma instalação militar. Além disso, estou admirada de como você conseguiu chegar até aqui sem ser capturada e morta", sua voz era fria, mas carregada de curiosidade.

Respirei fundo, reunindo coragem para revelar a verdade que tinha guardado por tanto tempo. "É porque... Eu sou sua filha", as palavras saíram num sussurro trêmulo, mas firme.

Um silêncio pesado se instalou entre nós, apenas o som distante de nossas respirações ecoando pelo corredor. Vi seus olhos se arregalarem em surpresa, mas logo se estreitaram em desconfiança, como se ela estivesse tentando decifrar se eu estava dizendo a verdade ou não.

"O que você está dizendo? Isso é algum tipo de piada?", sua voz era cautelosa, mas havia uma nota de incredulidade nela.

"Não, não é", respondi rapidamente, minha voz soando mais confiante agora. "Eu sei que pode ser difícil de acreditar, mas é a verdade. Eu descobri recentemente, e... eu precisava saber mais sobre você."

Ela ainda parecia processar a informação, seus olhos vasculhando os meus como se estivesse procurando por qualquer sinal de mentira. "Como você descobriu?", sua pergunta era direta, mas havia uma nota de curiosidade em sua voz.

"Foi um longo processo de investigação", expliquei, sentindo o peso da minha jornada sobre meus ombros. "Eu encontrei uma foto antiga, e a partir daí, conectei os pontos. Eu só queria te conhecer, entender por que você me deixou..."

A tensão no ar era palpável, um peso opressivo que pairava sobre nós como uma nuvem escura. Eu me perguntava se ela aceitaria essa revelação ou se me entregaria às autoridades, e a incerteza me deixava tremendo por dentro

As linhas do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora