Acordei sozinha na cama imensa da minha mãe adotiva. O espaço vazio ao meu lado era um lembrete silencioso de que Carol já não estava lá.
Me lembrei do momento em que acordei durante a madrugada e a observei alí do meu lado, ela não se mexia, estava imóvel, talvez dormindo profundamente ou apenas fingindo para não me perturbar. Era a primeira vez que dormíamos juntas desde que nos encontramos, e podia sentir uma leve tensão no ar. Era como se ela também não soubesse exatamente como agir, incerta sobre como se comportar com sua filha finalmente ali, ao seu lado.
Carol tinha um rosto sereno em repouso. Seu cabelo castanho bem claro quase loiro, geralmente preso de forma prática, espalhava-se solto pelo travesseiro, conferindo-lhe uma aparência mais suave e vulnerável. Sua pele era clara, e havia uma leveza em seus traços que contrastava com a dureza da sua vida militar. As sobrancelhas, finamente arqueadas, davam a ela uma expressão de determinação mesmo enquanto dormia. Os lábios, ligeiramente entreabertos, revelavam um toque de suavidade e carinho que ela raramente demonstrava durante o dia.
Eu estava feliz. Pela primeira vez, sentia-me realmente conectada a ela, mesmo que de uma maneira silenciosa. Como acordei no meio da noite e, em vez de voltar a dormir imediatamente, fiquei ali, observando-a. Velava seu sono, absorvendo cada detalhe do seu rosto, cada expressão tranquila que surgia enquanto ela descansava. Era um momento precioso para mim, algo que eu nunca tinha experimentado antes.
Eu sabia que Carol se esforçaria ser a mãe que eu precisava. Aliás eu já sentia que ela estava fazendo de tudo para tentar me agradar mas eu podia sentir a sua inquietação e ao mesmo tempo, percebia o carinho nas pequenas coisas que ela fazia. Como o fato de ela ter organizado a cama e ter me deixado dormir ao seu lado era uma prova disso. Ela estava tentando, e eu também estava.
Levantei-me devagar, espreguiçando-me, e caminhei até o banheiro que fazia parte do quarto. O banheiro era grande, com uma bancada de mármore branco e um espelho que cobria quase toda a parede. Tomei um banho rápido, a água quente ajudando a me despertar completamente.
Depois do banho, vesti-me com uma camiseta simples e jeans, prontas para enfrentar o novo dia. Quando saí do quarto, fui surpreendida pela visão do corredor movimentado. Pela primeira vez, vi as mulheres que viviam naquela base. Eram mulheres militares, e a maioria estava em uniformes impecáveis. Seus cabelos eram curtos ou presos de forma prática, e seus rostos transmitiam uma mistura de determinação e serenidade. Havia algo de imponente na maneira como caminhavam, como se cada uma delas estivesse sempre pronta para enfrentar qualquer desafio.
Enquanto observava aquela cena, uma mulher se destacou e veio em minha direção. Ela tinha um porte confiante e um sorriso amistoso.
"Oi, eu sou Josy, amiga da sua mãe. Pode me acompanhar?" disse ela, estendendo a mão.
Assenti, aceitando o convite. Seguimos pelo corredor até o refeitório. Quando entramos, percebi que tinha mais mulheres militares. A maioria estava em filas, pegando comida, enquanto outras já estavam sentadas em mesas, conversando animadamente.
Meus olhos rapidamente encontraram Carol, sentada em uma mesa mais reservada. Ela acenou para mim e eu caminhei até ela.
"Bom dia!" - disse, sentando-me ao seu lado. Antes disso me peguei perguntando como eu a chamaria, mas resolvi ser natural, na hora que eu sentisse vontade "o mãe" iria sair e eu não me importaria do como ela iria lidar com isso.
"Bom dia, Júlia," respondeu ela com um sorriso caloroso. "Dormiu bem?"
"Dormi, sim. A cama é enorme e foi uma boa noite de sono. E você?"
"Também dormi bem. Hoje temos muito para fazer, então é bom que descansou. Aproveitando, Léia e Priscila já pegaram o Helicóptero e foram buscar sua mãe. Espero só que ela não se assuste com elas pousando no jardim"
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As linhas do Destino
Fiksi Penggemar"As Linhas do Destino" é uma história de força, coragem e descobertas emocionais, explorando os laços afetivos que muitas vezes definem uma família. Em um mundo paralelo, onde mulheres são as guardiãs da ordem e do poder, Caroline Gattaz é uma re...