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Alastor estava desesperado.

Não desesperado completamente. Era uma mistura de emoções vomitada em seu estômago da maneira mais nojenta possível. Quando o marido saiu pela porta com a mochila até a casa de Adão seu mundo desmoronou. Tudo que ele sabia sobre casamento era destruído em sua frente, pedaço por pedaço da vida perfeita que ergueu, o matrimônio maravilhoso que apresentava, a família que iriam criar.

Na verdade, ele sequer queria ainda aquilo. A casa parecia grande demais para eles. Filhos não viriam, contentou-se. Estavam velhos para aquilo. Velhos para eles próprios.

Óbvio, ele pesquisou a fundo sobre Eva. Fez Rosie caçar cada detalhe sórdido da mulher, profissão, escolaridade, quando perdeu os primeiros dentes. Eva Wood: Inglesa, 1,78 m, formada em economia em Oxford, cabelos pretos, olhos verdes. Blau não entendia o motivo dessa ânsia do amigo por desvendar cada detalhe da possível amante.

“Se ele está te traindo, é melhor terminar, certo?” Sugeriu em um tom doce, aproximando o moreno para abraçá-lo. Os olhos de Alastor não lacrimejavam, mas ela sentia a dor engolida.

“Eu não quero, Rosie.” Respondeu, sólido. As mãos firmes ao redor dos joelhos. O tique querendo retornar “Lúcifer.. É.., Rosie, ele é tudo.” Ingênuo. Inocente. Fraco. Tais adjetivos não combinavam com Hartfelt, no entanto, dividiam um espaço em seu coração naquela época. Al não quer acreditar na traição, que Luci deixou outra pessoa tocar os lábios nos seus, vê-lo em sua intimidade. Era sufocante. O loiro era a família que ele criou depois de seu passado. O divórcio assemelhava-se a um assassinato.

Um pensamento doloroso havia corrido nesse período. Caso as ideias que possuía sobre Morningstar estivessem erradas e a infidelidade fosse confirmada, Alastor iria se dispor a perdoá-lo. Quem sabe esquecer ou fingir que não descobriu. Mataria a amante e fim de história.

“Vá vê-lo, então.” A platinada aconselhou. “Faça-o explicar, nem que precise torturá-lo! Eu ajudo.” Impossível não rir com a sugestão - que foi considerada por segundos.

Dessa maneira, Hartfelt dirigiu até o apartamento de Adão García. Bateu na porta e esperou alguns minutos até o mais baixo abri-la. ‘Voltou cedo, viado’. Gritou do corredor. Al arqueou uma sobrancelha. O homem, escovando os dentes, quase cuspiu ao ver o moreno ali, as íris confusas entre Alastor e a entrada.

“Boa noite, meu caro, posso falar com Lúcifer?” Perguntou calmamente. Foi possível ouvir um merda bem baixinho. Tirou a escova da boca e limpou porcamente a pasta, deixando um rastro branco no cavanhaque.

“Sabe, ele saiu.” Tossiu em seguida. A mancha irritava o maior.

“Para onde?”

A atenção ainda estava no resquício de creme dental.

“Não sei.”

“Ele não lhe falou para onde foi?” Segurou ao máximo o tique, mas era provável a veia ter saltado.

A maldita sujeira branca.

“Nem..” Os olhos culposos do menor desviando da face de Alastor.

Respirou fundo. Contou até trinta mentalmente.

“Como vai o tratamento, García?” Adão franziu o cenho, enfim, encarando-o.

“Que tratamento?” Al ergueu o dedão para limpar a barba do homem com uma força desnecessária e fazendo questão de beliscá-lo.

“De próstata.” Não fez questão de esconder a cólera em seu tom. Atirou um olhar mortífero para o amigo do marido e se virou.

O arquiteto sabia, mas não queria admitir. Lúcifer estava com Eva.

Sr&Sr. Morningstar || RadioappleOnde histórias criam vida. Descubra agora