Pervertendo

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Em uma salinha dos fundos daquela firma, por onde ninguém circulava, ecoavam gemidos e sons rítmicos de dois corpos se chocando. Minutos depois os sons baixam até ficarem inaudíveis e pouco tempo depois, o ritual termina com duas pessoas saindo com alguns instantes de diferente. A mulher que sai primeiro nunca é a mesma, mas o homem é sempre Ricardo Henrique.

Ele era famoso na firma, não pela competência ou por um rigor exagerado com os colegas. Era conhecido por ser um mulherengo compulsivo, com um gosto peculiar por mulheres comprometidas. Mulheres namorando ou mesmo noivas não interessavam, precisavam estar casadas, com aliança no dedo e tudo mais. Tinha um fetiche para lá de específico em perverter mulheres. Escolhia aquelas que escolheram um homem para a vida e quebrava a fidelidade delas com o seu charme. Não importava a idade, bastava a aliança no dedo.

A salinha nos fundos, onde jogavam computadores e equipamentos velhos, era o local do abate em que ele levava seus alvos. As mulheres a frequentavam, sempre para encontros furtivos durante o horário de trabalho. Sempre que alguém se casava, os burburinhos e fofocas aumentavam na firma. Entre os colegas, ganhou a fama de "domar" qualquer mulher de outro homem, principalmente pelos seus relatos, recheados de detalhes sobre sua virilidade no coito. Os mais afoitos diziam que Ricardo transformava qualquer mulher decente em puta. Eram comuns as apostas se ele conseguia conquistar alguma recém-casada, onde Ricardo sempre vencia. Entre as mulheres, todas eram amantes reincidentes, apaixonadas pela pegada bruta, recheada de puxões de cabelo e tapas, o rebolado contundente e sua imponente dotação. Transar com Ricardo já era considerado um benefício da empresa, algo para aplacar o stress. Havia sempre as boas-vindas para as recém-casadas, no grupo "casadas do RH", onde os maridos pensavam ser uma piada com o departamento de recursos humanos. 

Havia dias que uma nova meta entrou no radar de Ricardo.

Silvia postara em todos os seus perfis de redes sociais uma foto sua beijando o esposo no altar. Era jovem, com vinte e quatro anos. Belíssima, sempre chamou a atenção dos homens na firma, menos de Ricardo, enquanto não se casava. Era uma mulher discreta, tanto pelas roupas quanto pelo comportamento. Não frequentava as festinhas da empresa, nem mesmo o "happy hour" no fim do dia. Diziam ser devido à religião, sendo que nem sabiam qual religião era, ou mesmo se tinha uma. A aparência de "esposa direita" deixava Ricardo ainda mais desejoso.

O comportamento de Silvia animava os colegas a apostar contra Ricardo. De fato, eles tinham razão. Ela era tão santa que parecia não perceber a malícia em quaisquer fosse os flertes de Ricardo. O grupo de apostas comemorava cada fracasso, mas cada negativa só o deixava mais motivado. Foram semanas até ganhar mais intimidade e receber os primeiros sorrisos sapecas.

Ricardo percebeu que, provocando-a de forma discreta, longe dos olhos dos colegas, podia ver um lado até então oculto dela. Enquanto os amigos de Ricardo cobravam o pagamento da aposta, Silvia cedia de pouco em pouco. Um dia, aconteceu. Ou quase. Ricardo a fisgou em uma profunda troca de olhares e tentou um beijo. Só conseguiu um breve toque dos lábios antes de Silvia recuar. Podia ser uma falha, mas o sorriso dela dizia o contrário.

Dias depois o primeiro beijo saiu. Não aconteceu na salinha dos fundos e sim na copa. Ricardo bem que tentou apertar a bunda dela e manter o beijo por mais tempo, mas ela fugiu. Outros beijos viriam depois, com o mesmo desfecho. Faltava o abate. Ricardo a sentia cada vez mais disposta para ir além dos beijos e amassos. Os primeiros convites eram negados com sorrisos tímidos, mas ainda sapecas. Quando finalmente aceitou, tinha uma exigência: tinha que ser na casa dela.

Ele entendia a vontade de Silvia de manter as aparências, apesar de saber que ele mesmo faria questão de todo mundo saber. Além disso, se incomodava com a ideia de esperar o dia em que o marido estivesse fora, sendo que sempre teve as mulheres fazendo a sua vontade e não o contrário. Chegou a pensar em insistir em levá-la ao local de sempre, mas a ideia de perverter uma mulher casada, na cama do casal tornou-se irresistível.

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