Poesia nas Ruas

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Pedro saiu para andar pelas ruas, buscando clarear a mente após semanas de intenso planejamento e ação. Enquanto caminhava, avistou uma pequena biblioteca com um cartaz que anunciava uma leitura de poemas. Decidiu entrar e assistir ao evento, esperando encontrar algum consolo nas palavras dos poetas.

O ambiente era acolhedor, com um público pequeno, mas atento. A luz suave das velas criava uma atmosfera intimista. Pedro sentou-se no fundo, observando os rostos dos presentes, tentando encontrar algum alívio em meio à sua dor.

Um jovem levantou-se primeiro e, com voz suave, recitou:

**"Rosas estão mortas. 
Violetas estão sofrendo. 
Por fora estou sorrindo, 
Mas por dentro estou morrendo."**

Apesar da brevidade do poema, suas palavras carregavam um peso significativo, ressoando com a tristeza que Pedro sentia em seu coração. Antes que ele pudesse se perder em seus pensamentos, uma jovem se levantou e começou a recitar um poema em resposta:

**"As rosas não morrem, só se escondem, 
Esperando o sol, as chuvas que respondem. 
Violetas, mesmo sofrendo, resistem, 
Pois sabem que as estações sempre persistem.

O sorriso que mostro esconde a dor, 
Mas há vida em mim, um eterno vigor. 
Flores não se perdem, apenas adormecem, 
E ao toque do cuidado, em beleza florescem.

Com a água da esperança e o calor do carinho, 
Reviverão, traçando um novo caminho. 
Florescerão, em cores e fragrâncias, 
Num ciclo sem fim de renovadas instâncias.

Assim como as flores, nós também renascemos, 
Das cinzas do sofrimento, novos rumos tecemos. 
Em cada pétala, uma nova história a contar, 
Que a vida é um ciclo, sempre a se renovar."**

A plateia aplaudiu com entusiasmo, encantada pela resposta cheia de esperança e renovação. No entanto, Pedro sentiu que havia mais a ser dito. Levantou-se e, com uma expressão sombria, recitou seu próprio poema:

**"As rosas parecem mortas no jardim, 
Violetas em pranto, um triste fim. 
Por fora, um sorriso se esvai, 
Mas por dentro, a alma se desfaz.

Flores que um dia foram vivas e belas, 
Agora, silentes, não há quem as vela. 
A chuva não vem, o sol não aquece, 
E o jardim sem vida, em sombras se veste.

Minhas mãos, outrora cuidadosas, 
Agora vazias, sem forças generosas. 
O coração em pedaços, a esperança esvaída, 
Como flores murchas, numa terra esquecida.

Mas ainda resta um fio de crença, 
Que na dor também há presença, 
De um ciclo que finda, outro que começa, 
Mesmo que agora, só reste a promessa."**

Ele olhou para a jovem, esperando sua reação. A plateia estava em silêncio, absorvendo o peso de suas palavras. No entanto, a jovem não se intimidou. Com um sorriso sereno, ela respondeu:

**"As rosas parecem murchas, sim, 
Mas a vida nelas, oh, não tem fim. 
Violetas, tão frágeis, resistem, 
Pois no solo, suas raízes persistem.

Por fora, um sorriso forçado, talvez, 
Mas por dentro, um fogo que se acende de vez. 
Flores não morrem, apenas adormecem, 
Esperando que mãos cuidadosas as aqueçam.

Regue-as com amor, com ternura infinita, 
E veja como a vida nelas ressuscita. 
Florescem de novo, com força e vigor, 
Num jardim onde renasce o amor.

A natureza ensina, com paciência e fé, 
Que a vida renova-se, e é eterna a maré. 
Assim, também nós, em nosso interior, 
Renascemos em meio à dor, em busca de flor."**

A plateia ficou maravilhada, aplaudindo de pé a troca de poemas entre os dois. Pedro, sentindo que não havia mais o que dizer, saiu discretamente do evento. A troca de versos havia mexido com ele de uma maneira inesperada, trazendo à tona sentimentos que ele havia tentado suprimir.

Decidido a focar em suas responsabilidades e missões, Pedro dirigiu-se ao encontro de William. Juntos, foram comprar materiais necessários para os experimentos científicos de Pedro. À medida que caminhavam pelas ruas movimentadas, Pedro compartilhou a experiência do evento de poesia com William, que ouviu atentamente.

"Aquela jovem... ela tinha uma visão diferente da minha. Mais esperançosa, mais viva," refletiu Pedro.

William sorriu, colocando uma mão no ombro do amigo. "Talvez essa seja a perspectiva que precisamos, Pedro. A esperança de que, mesmo nas piores situações, há sempre a possibilidade de renovação."

Pedro assentiu, sentindo-se um pouco mais leve. "Você tem razão, Will. Precisamos dessa esperança para seguir em frente."

Chegaram à loja de materiais científicos e começaram a selecionar os itens de que precisavam. Pedro, com sua mente afiada e conhecimento avançado, sabia exatamente o que procurar. Enquanto William o ajudava a carregar os itens, ambos sentiram uma renovação de propósito.

Voltaram para a hospedagem com os materiais, prontos para continuar seu trabalho. Pedro sabia que a luta pela justiça estava apenas começando e que precisavam estar preparados para qualquer desafio que viesse pela frente. Com a esperança renovada pela troca de poemas e a determinação reforçada por seus amigos, Pedro sentia-se mais pronto do que nunca para enfrentar os obstáculos à frente.

E assim, com um espírito renovado e um propósito claro, Pedro, William e Sara continuaram sua jornada, certos de que, juntos, poderiam trazer luz às sombras da ignorância e fazer justiça à memória de Laís.

The Last King of TearsOnde histórias criam vida. Descubra agora