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sexta

A faltar pouco menos de uma hora para sair do escritório, a vibração constante do meu telemóvel desviou toda a minha atenção. Curiosa, virei-o de modo a olhar para o ecrã. A fotografia da morena saltou aos meus olhos. Só podia.

No dia anterior pouco falamos, visto passar o dia com o seu melhor amigo. Enviaram-me fotos. Era ele a tirá-la ou ela, porém, recebia-as. O Eduardo, numa das fotos, escreveu que era para me alegrar o dia de trabalho. Enviei uma selfie do meu dedo, esticado e o vídeo a protestar chegou.

Afirmou que estava sempre mal-humorada e que a Patrícia era a única pessoa que me aturava. Por querer responder-lhe da mesma forma insensível e rude, fiz questões desagradáveis.

"Não devias estar a chorar pelo fim do teu namoro? Ou a eliminar as fotos? Faz isso e pára de me chatear a cabeça"

Mais tarde, a Patrícia resmungou comigo.

- Lara, queres ir beber um copo ao Kimoa? Ainda está bom tempo. - Convidou-me Alexandra, uma das raparigas com quem trabalhava.

- Agradeço o convite, mas vou jantar com uma amiga e tenho que me despachar. - Sorri-lhe. Não demorei a reunir as minhas coisas. - Vejo-te para a semana, bom descanso! - Acenei na sua direção e na de João Pedro. Acenaram-me.

Adentrei no carro. Retomei as chamadas da Patrícia enquanto conduzia para casa. Partilhou a informação do plano para a nossa noite. Jantar, a tal ida ao rooftop e as reservas que fez.

Mencionou também o que ia vestir para a noitada, querendo saber o mesmo. Confessei que não fazia a menor ideia. Acordamos uma hora de encontro e desligamos a chamada. Cheguei a casa pouco depois, apressando-me a vasculhar o mais pequeno canto do meu roupeiro.

Entre várias peças que espalhava pela cama, encontrei uma ou outra que podia resultar. Como escolhi algo simples, alisei o cabelo e usei alguma maquilhagem, ainda que mínima.

Dei um bom destaque os meus olhos azuis com um bom rímel e eyeliner fino e discreto. No final, coloquei o telemóvel a carregar.

Tirei uma ou duas selfies antes de me calçar.

- Quem é?

- O amor da tua vida!

Peguei na mala e nas chaves do carro ao ouvir batucar na minha porta. Abri a porta para passar, ficando admirada e desconfiada. Cruzei os braços a olhar para o ar doce da Patrícia, que sabia que a presença do sportinguista era novidade.

Inclinei a sobrancelha ao observar o atleta, igualmente com os braços cruzados, esperando as explicações lógicas da morena. O Edu estava bem vestido demais para a deixar comigo. Foi óbvio para mim o plano da rapariga. Ainda assim, nada disse e esperei que falassem.

- Bem... Achei boa ideia.

- Não, não achaste boa ideia. - Retorqui rápida. O rapaz balançou somente a cabeça.

- Achei que podíamos jantar os três. O Edu precisa de se distrair, tal como nós. - Tentou falar de forma infantil e amigável para me persuadir. A rapariga fez até olhinhos.

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