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onze e quarenta e cinco

O plano do Eduardo resultou na perfeição. Há horas que estávamos sentados no sofá, a beber os copos de sangria uns atrás dos outros, numa bela troca de gargalhadas e sorrisos.

Comecei a sentir-me alcoolizada a partir do segundo copo. Acreditava que havia exagerado na Vodka e que sofria as consequências, vendo o dos caracóis bastante animado ao meu lado. Falamos, opinamos sobre a série e m provocamos-nos uma e outra vez de forma saudável.

Começava a ser uma descoberta para ambos. Não senti sequer a necessidade de afetá-lo de maneira negativa, pois a sua companhia tornou-se mesmo pacífica e engraçada. Confessava-me que estava a surpreender-me com ele, ainda que não desse um choque ao Edu ao admitir. Continuava a dar-lhe a distância de segurança e o chega para lá. Só nos tocamos uma única vez no pote das gomas que os dois decidimos nem comentar.

A noite havia chegado e a preguiça também. Senti a guerra inteiro entre o cansaço e o álcool que me despertava várias vezes. O atleta ainda gargalhou à minha pala, por quase adormecer ou ter ligeiros picos de energia. Só queria falar.

- Se calhar... Deixamos o restante para depois?

- Estou na minha casa, se há lugar melhor para beber um copo a mais é aqui. - Defendi-me. Com a concha na mão, enchi a taça.

- Mas é desnecessário acordares com dor de cabeça ou passares a próxima hora agarrada à tua sanita. - Ripostou carregado de razão. Tocou com a mão na minha, baixando-a.

- Que responsável, Edu.

- Só me chamas Edu quanto estás alcoolizada. Ou zangada. - Completou. - És uma chata.

- É quando gosto mais de ti. E te chamo da forma que gostas de ser chamado. - Expliquei. - E acaba por ser mais rápido quando grito contigo.

- Quando é que gostas mais de mim?

Elevei o copo novamente, balançando-o à frente dos seus olhos para lhe dar a resposta. Balancei a cabeça, sabendo que o tinha desiludido.

- Ou gostas de culpar o álcool pelos teus impulsos em relação a mim? - Aproximou-se.

- Eduzito, não brinques com o fogo.

- Só respondes se quiseres. O álcool dá-te coragem para explorar essa tua curiosidade sobre mim. Sobre o que sentes.

- Só me sinto bêbeda Eduardo, não te entusiasmes muito. Isto não é a casa do Ronaldo! Agora, vamos ver o filme. - Passei por ele sem lhe dar tempo de dizer o que quer que fosse. Estava a querer brincadeira. Não ia ter.

Porém, a brincadeira foi outra. Decidi que era boa ideia tropeçar na carpete e atirar a taça ao ar, acabando com as mãos no rosto, desengonçada, a conter-me para não gargalhar alto.

- Diz-me que não acabei de ver isto. - Olhei para o moreno, atrás de mim, arregalei os olhos e ouvi a sua gargalhada divertida.

- Foda-se, a minha carpete. - Agachei-me para apanhar o copo, lamentando a marca enorme que se espalhava pelo tecido. - Pelo menos não parti a taça. - Endireitei-me. - Merda.

LIAR  ➛   EDU QUARESMAOnde histórias criam vida. Descubra agora