nove da noite
Comecei a ver a minha vida andar para trás após a terceira garrafa de vinho chegar à mesa. Os dois jovens amigos não estavam propriamente sóbrios no final da segunda, embora afirmassem que sim, para me contrariar. Típico alcoolizado.
O que também era típico de um comportamento pouco sóbrio eram as trocas de carinho e todas as histórias nostálgicas que contavam. Começou por se engraçado, agora achava demais.
Tornava-se um problema por não querer conduzir o carro do atleta, mas sabia que era uma árdua tarefa futura. Pedi aperitivos para atenuar, embora não resultasse muito com eles. Já eu, três copos de vinho e sentia-me bem. Informei-os que aquela era última garrafa da noite.
Sabia que a Patrícia gostava de se exceder e que o Eduardo necessitava de o fazer. Felizmente, nada de inconvenientes por ser quem é.
Atual campeão português. Nem há um mês estava a festejar o título. Mais um motivo que não me permitia tolerá-lo. No entanto, parecia ser um pouco menos idiota na presença da morena. Uma pessoa extrovertida e conversadora.
Segundo o que sabia sobre ele - que ainda era alguma coisa - era assim descrito pelos amigos. E pelos colegas de equipa também.
- Tu viste o meu adn leão? - Os dois olharam para mim, apanhando-me desprevenida. Fiquei a observá-los também. - A Patrícia acabou de dizer! Tu viste? Afinal... Gostas de mim.
- Venero-te Eduardo. - Ironizei. Era surpreendente o quanto a revelação o deixou com um entusiasmo enorme. - Fui obrigada.
- Cala-te! Achaste piada.
- E vocês? Quando vão parar de beber?
- Vês? Até está a mudar de assunto. Estou a dizer-te que no fundo, bem lá no fundo, ela até te curte. - Levou o copo aos lábios.
- Não iludas o teu amigo. Ainda não recuperou do coração partido e já estás a preparar outro? - Eles entreolharam-se. - Quaresma, não há aqui bem lá no fundo nenhuns. Não te curto só.
Claro que levaram as minhas palavras para outro tipo de contexto, gargalhando bastante sem que a piada existisse. Estava tramada. Deixei-os felizes, não protestei e acabei por me rir. Fizeram-me rir, sentir bem disposta e divertida. A partilha do que viveram juntos continuou, juntando também uns quantos episódios caricatos que me envolviam e à de cabelos escuros. Só gargalhei.
- E aquele moço com quem davas uns beijinhos? O que é feito dele? - Questionou. Fez uma careta, bebeu o restante líquido e não falou. - O que fez? É preciso bater em alguém?
- Nesse estado só se bateres com a cabeça no chão. - Retorqui. Ouvi a sua risada breve. - Deixa, o karma não tardou a chegar.
- Estava comprometido. Contei tudo à namorada.
- Sabes escolhe-los.
- Queres falar sobre isso ou ainda é too soon?
Mostrei-me orgulhosa da minha melhor amiga. O rapaz levantou-lhe o dedo em resposta.
- E tu? Estás aí tão divertida... Estás com alguém, Lara? - Olhou nos meus olhos. Neguei. - Como eu sei que estás a dizer a verdade?
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LIAR ➛ EDU QUARESMA
FanfictionI hate being suspicious about things, but damn, that gut feeling is always right.