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Parte 06 - A vingança de Xiao.

 Antes do que imaginava, Xiao já tinha voltado ao seu normal e se adaptado à velha rotina. O motivo? Não importava o quanto gostasse de Venti, aquele cara era tão pentelho que conseguia esmagar qualquer coisa positiva que ousasse florescer em seu peito.

(Claro, talvez ele encarasse Venti mais do que o necessário, mas aquilo era mero detalhe. Nada demais.)

Xiao, então, chegou ao seu limite. Em uma noite, enquanto ouvia Venti escutar um áudio (que facilmente poderia ser considerado um podcast) de Aether mais alto do que necessitava, Xiao decidiu: teria sua vingança. Faria algo para tirar Venti do sério e, finalmente, seu colega de quarto teria uma prova de como era sua luta diária. O problema era: como irritar a pessoa mais irritante?

Após alguns dias e diversas pesquisas na internet que não foram de muita ajuda, Xiao montou o plano perfeito. E naquela noite chata de quarta-feira teria sua vingança.

Sentado em sua mesa de estudo, o artista ouviu seu colega de quarto suspirar, levantando-se da sua própria mesa. Venti andou um pouco pelo quarto, pegou sua carteira e falou:

— Xiao, vou buscar minha janta. Quer que eu te traga algo?

Fingindo estar muito interessado no notebook a sua frente, o rapaz negou.

— Ok! Vou comer fora, então.

Com o canto dos olhos, observou Venti sair pela porta. Xiao sabia que quando seu colega não jantava no dormitório, ele acabava voltando próximo ao seu horário de dormir — antes de conseguir chegar a qualquer bar ou restaurante para comer, sempre se distraía e sentava-se em algum banco para escrever e olhar a lua. Típico.

Xiao sorriu cínico, finalmente levantando-se da cadeira. Triunfantemente, estalou os dedos; hora de iniciar seu trabalho.

Sua vingança era simples: recolheria tudo que Venti tinha dentro do quarto e colocaria em cima da sua cama. Cadernos, livros, roupas, instrumentos — com cuidado, claro —, talvez até sua cadeira... Tudo iria para o mesmo lugar. O músico que se virasse depois para dormir.

Com calma, Xiao começou a juntar tudo que seu colega tinha. Abriu o guarda-roupa de Venti (ou melhor, o seu lado do roupeiro, já que o dormitório, por padrão, vinha com tudo divido ao meio) e tirou de lá camisas, casacos, calças e moletons. Colocou-os em cima da cama. Deu uma olhada para as gavetas, mas achou melhor não mexer nessa parte, com receio do que poderia achar por lá. Seguiu pelo quarto.

Colocou o violão apoiado no travesseiro. Mais abaixo, o apoio de partituras. Ao lado, seus cadernos, mochila, a própria escrivaninha...

Xiao parou um momento para observar seu trabalho e percebeu que quase toda a cama já estava coberta com algo. É, estava ficando bom.

Andou um pouco mais pelo quarto e pelo banheiro, recolhendo tudo que conseguia achar. Na cama, colocou, ainda, a escova de dentes, desodorante, perfume, palhetas, pantufas...

Ao terminar tudo, sorriu. A cama de Venti estava simplesmente inabitável.

— Boa sorte — murmurou.

Xiao resolveu tomar um banho. Estudou mais um pouco e quando já estava ficando tarde, andou até sua cama que, por contraste, parecia ainda mais arrumada e limpa que o normal.

Agora era só esperar.

Xiao deitou-se com as costas encostadas na parede e pegou seu celular. Por mais que estivesse cansado, não queria perder a reação de Venti, então resolveu se distrair até seu colega chegar.