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Sábado, 18h30 - Egito, África.

O teto entrava e saía de foco. Havia um sabor nítido de pânico instalado em algum ponto sob sua língua e ele estava lutando para se lembrar de onde veio. Jace sentia a cabeça pesada. A visão, embaçada. O coração, apertado. Ele se forçou a se sentar, não conseguindo entender ou se lembrar porque estava deitado. 

Quando suas lembranças retornam aos poucos, Jace suspeitou que seu corpo estava dolorido devido às horas deitado encolhido naquele sofá. Ele se obrigou a não entrar em pânico, apesar de não ter ideia de onde estava. 

Aos poucos, e ainda um pouco tonto, Jace ficou de pé e observou atentamente a sala em que se encontrava. Seus olhos brilharam ao ver uma porta e ele caminhou até ela e testou a maçaneta, mas como o esperado, ela estava trancada. Jace então girou nos calcanhares e espiou o resto da sala, decidido a estudá-la enquanto estivesse trancado ali. Havia um armário de bebidas (trancado por uma fechadura digital) do lado oposto da porta e próximo ao sofá em que ele havia acordado, ao lado da porta estava uma escrivaninha (com um tablet, um computador, um porta canetas e uma grande quantidade de arquivos espalhados sobre ela) e atrás da escrivaninha encontrava-se uma cômoda com seis gavetas (todas trancadas com cadeados), do outro lado da sala estava uma enorme estante de livros (com títulos em inglês, mandarim, espanhol, russo e francês), além de paredes repletas de medalhas de honra ao mérito e quadros. 

Jace se aproximou de um dos quadros com a imagem de um homem branco e careca, com o semblante sério e postura imponente, ele trajava um uniforme militar de combate americano e Jace observou que sua insígnia, as quatro estrelas de prata justapostas, revelava sua alta patente no exército americano. Ele leu o letreiro abaixo da imagem "Charles Walker" e o nome ressoou em sua mente, trazendo a lembrança da mulher que o havia sequestrado mencionando ele.


— Me disseram que o sedativo poderia mantê-lo desacordado por mais algumas horas. —  Uma voz masculina surgiu logo atrás dele e Jace deu um sobressalto antes de se virar para encarar o dono dela. O homem da imagem no quadro agora estava diante dele, encostado no batente da porta, que agora estava aberta. — Mas que bom que já está de pé. — Ele caminhou para dentro da sala e Jace recuou até bater as costas contra a parede — Sou o General Charles Walker, mas você já deve saber disso, visto que estava explorando meu escritório. Acredito que tenhamos começado com o pé esquerdo, então peço desculpas pela minha secretária ter dopado você. Nossa base é ultra secreta, não poderíamos arriscar que alguém de fora descobrisse a localização. 


Jace acenou positivamente, mas permaneceu em silêncio apenas observando e estudando o general, desde suas expressões faciais até seus movimentos, tudo isso enquanto passava sutilmente a mão no bolso traseiro de sua calça em busca de sua arma ou spray de pimenta.



— Tivemos que recolher sua arma e o spray de pimenta, mas não se preocupe, você não vai precisar de nada disso por enquanto. — O homem esboçou um sorriso curto. 


Tudo bem, talvez ele não estivesse sendo tão sutil quanto pensava.

Apesar da tensão entre eles, as mãos de Charles estavam enfiadas nos bolsos da calça social e sua postura era um tanto despreocupada para um general do exército americano. 


— Eu recebi uma mensagem no meu computador que dizia que tinham informações sobre minha mãe. É verdade? Você pode mesmo encontrá-la? — Perguntou Jace. 

— Acredito que possamos ajudar um ao outro nisso. Me acompanhe, por favor. — O general gesticulou, virando as costas para Jace e deixando o escritório. Sem outra alternativa, o moreno o seguiu.

— Onde estou? — Jace perguntou, piscando os olhos enquanto sua visão se ajustava as luzes claras do corredor.

— Você está na base da C.I.E.E.L. — Ele respondeu e ao ver o semblante ainda confuso de Jace, seu sorriso se alargou. — A C.I.E.E.L é formalmente conhecida como Central de Inteligência, Espionagem, Defesa e Logística. Foi originalmente uma agência de inteligência militar, antiterrorista e extra-governamental dos Estados Unidos, fundada após a vitória dos Aliados sobre as potências do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Mas atualmente somos uma organização internacional sem vínculos legais com qualquer nação. Embora a maior parte dos agentes e do financiamento da organização ainda partam dos EUA e isso possa nos colocar algumas vezes sob grande influência do país, somos independentes e tomamos nossas próprias decisões. 

𝐖𝐀𝐑 𝐎𝐅 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora