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Domingo, 11h08 - Egito, África.

Jace estava oito minutos atrasado. A área de treinamento não ficava tão longe da sala em que estava anteriormente, mas ele acabou confundindo os corredores e se perdendo no meio do caminho.

Assim que empurrou a porta pesada da sala de treinamento e entrou, os sons de golpes e respirações ofegantes imediatamente o envolveram. A sala era ampla, com paredes cobertas por tatames de borracha que absorviam o impacto dos corpos que acabavam colidindo nelas. No centro da sala havia um ringue elevado e que estava cercado por agentes.

Daemon estava no centro do ringue, seu corpo ágil e bem treinado movendo-se com precisão. Ele executava uma série de técnicas com uma destreza impressionante, cada golpe e esquiva eram calculados com perfeição. Seus músculos trabalhavam em sincronia enquanto ele enfrentava um agente. A intensidade da luta deixava claro que Daemon não era apenas um bom lutador, mas alguém que vivia e respirava a arte da luta e o homem que estava treinando com ele, por mais habilidoso que fosse, não era páreo para o russo e estava com dificuldades para acompanhar o ritmo frenético de Daemon.

Jace observou, admirado, enquanto Daemon realizava um giro rápido e atingia o peito do agente com um chute, derrubando-o de costas no chão. A sala se encheu de uma energia quase palpável, com aplausos, assobios e elogios, os agentes presentes compartilhavam um misto de respeito e admiração pela exibição de habilidade diante deles.

Jace se aproximou com passos lentos e cautelosos, a luz suave da área de treinamento iluminava o rosto sério de Daemon. Ele parecia um anjo sob aquela luz, o cabelo loiro-platinado reluzia como ouro e estava preso em um rabo de cavalo da mesma forma em que estava no café da manhã, mas um pouco mais bagunçado devido a atividade que estava desempenhando. Com um suspiro profundo, Jace mais uma vez se pegou perdido em sua beleza.

Ao notar a presença de Jace, Daemon fez uma pausa breve, dando tempo para o agente que lutava com ele se recuperar do golpe sofrido. Seu único olho cravou em Jace e afiou-se com um brilho de desafio.

Jace parou de andar em direção ao ringue e ficou olhando para ele. Era aquele olho que o fazia hesitar: era azul-bebê, tão profundo quanto o oceano e tão frio quanto gelo. Jace sabia que havia um mundo inteiro ali, segredos, conhecimento e opiniões que ele desconhecia e sobre os quais tinha um pouco de medo de perguntar, mas ansiava por explorar e descobrir.

Ele estava acostumado a receber olhares de todos os tipos, mas de alguma forma o olhar de Daemon o perturbava e agitava seu interior. O russo o observava de uma maneira que ele não estava acostumado, como se estivesse memorizando metodicamente cada detalhe dele, como se ele não fosse uma pessoa, como se ele fosse só mais uma pilha de informações e dados que ele costumava analisar em seu dia a dia na base.



— Veio para treinar ou para ficar me encarando? — Daemon questionou, quebrando o silêncio entre eles, a voz levemente rouca e mais grave do que Jace esperava.



Abrindo espaço entre os agentes, Jace se aproximou da borda do ringue e só percebeu que estava prendendo a respiração durante todo aquele tempo após pisar no tatame. Sem outra alternativa, Jace ficou diante de aparentemente a pessoa mais complicada e perigosa da equipe, e talvez, da base.



— Boa sorte. Você vai precisar, garoto. — Sussurrou o agente que lutava com Daemon ao passar por ele e deixar o ringue.

— Qual o seu estilo de luta? — Daemon perguntou, o rosto completamente inexpressivo.

— Não acho que tenho um, minha mãe me ensinou o básico. — Respondeu Jace, com sinceridade. — Apenas um pouco de defesa pessoal.

— Você vai precisar mais do que o básico para estar na equipe. — Declarou Daemon, ajustando a tira do tapa olho na parte de trás da cabeça para mantê-la firme e no lugar. — Me mostra o que você sabe. Me ataque.

𝐖𝐀𝐑 𝐎𝐅 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora