II CAPÍTULO - O GOLPE

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II CAPÍTULO – O golpe


Nada se ouvia na madrugada da capital. A neblina cobria todo o palácio e as casas comerciais ao seu redor. Parecia que a natureza do local estava ciente das atrocidades que estavam por vir, e se adiantou ao trazer a melancolia para aquela manhã. Dentro do castelo, um garotinho corria como se sua vida dependesse daquilo. As poucas pessoas que estavam acordadas naquele momento puderam notar que se tratava do jovem copeiro do rei Viserys, mas nada falaram. Já na cozinha, o garoto procurou por sua responsável, e a informou do acontecido de forma urgente e afobada. A mulher que atendia por Tália, manteve sua plenitude, e se dirigiu aos aposentos do rei, e ao confirmar a informação recebida, tomou seu muro para o quarto de sua rainha, para informá-la que seu marido, o rei Viserys Targaryen, O pacífico, havia falecido.
Alicent não demonstrou reações aparentes, apenas se vestiu, com a ajuda de sua ama, e correu para os aposentos do pai. Mas antes, fez questão de prender sua serva em seu próprio quarto, para que não espalhasse a informação. Sob a segurança do seu guarda juramentado, a rainha se trancou no quarto com seu pai, onde começaram a debater sobre o que seria feito.

Porém, outro alguém estava prestes a escutar toda a conversa. Colado em uma parede falsa, que dava acesso para os corredores e escadarias escondidas do castelo. Os Hightower e vários outros lordes não sabiam, mas todo e qualquer cômodo do palácio eram interligados pelas passagens secretas, construídas para manter a realeza protegida em caso de ataque. Passagens essas que lhe foram apresentadas por sua irmã mais velha, quando ela ainda residia na capital. O Targaryen testemunhou quando o copeiro do rei saiu em disparada para as camadas inferiores, e decidiu acompanhar todos os passos da rainha desde a saída de seus aposentos, até o exato momento, onde se encontrava no quarto da Mão do rei. E quando a mulher finalmente revelou que Viserys estava morto, ele soltou um breve suspiro. Seu peito pesou e sua garganta fechou, e de repente respirar era quase impossível.

- Tem certeza disso? - Sor. Otto Hightower perguntou, enquanto encarava o fogo como se fosse a coisa mais importante de sua vida, porém em sua mente, já estava sendo traçado todo o plano voltado para a usurpação do trono.

- É claro que sim. Eu mesma o vi – Alicent respondeu um pouco indignada pela incredulidade do pai – Estive com ele na noite passada. Parecia que já sentia sua morte. – a mulher murmurou apoiando-se em uma cadeira. Quem a visse de longe pensaria que estava transtornada, mas a verdade era mais cruel do que se possa imaginar. – Ele me disse que queria Aegon no trono de ferro – ela soltou de uma vez, como um disparo. Encarando o pai de forma determinada – Ele queria meu filho como seu sucessor.

O invasor deixou escapar um riso, aquela afirmação lhe pareceu uma piada.

Otto ouviu aquilo embasbacado. Não imaginou que seria tão fácil assim tomar o trono de ferro. Ele sorriu para filha, se aproximando dela aos poucos.  Sabia que tinham um inimigo que iria revidar aquela traição à coroa, e esse era seu primeiro passo, convencer Alicent a atacar Rhaenyra antes mesmo que ela pudesse saber da notícia da morte do pai.

- Sabemos que Rhaenyra não aceitará isso tão fácil – disse o mais velho.

- Rhaenyra não irá se curvar para Aegon –

- Eu sei. E quem disse que ela irá se curvar? – Otto sorriu. Um riso macabro que fez a alma de Alicent gelar.

- Você quer matá-la – a rainha, agora viúva, murmurou incrédula. E o invasor enrijeceu sua postura, a conversa havia desandado muito rápido.

Dream off Blood - A ConquistaOnde histórias criam vida. Descubra agora