Bastou apenas uma troca de olhares, para que uma guerra se iniciasse. Não com dragões e exércitos (ainda), seria um conflito mais bruto e letal para aquele que perdesse.
De um lado, estava o doce e gentil garotinho da princesa herdeira Rhaenyra Targ...
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- TIREM ISSO DE MIM!! - Rhaenyra gritava com todo a força, enquanto se contorcia sob a cama, chutando o Meistre que tentava ajudá-la, vez ou outra, até tê-lo longe de si.
Estava no auge do trabalho de parto, e a criança não saia de maneira alguma. As parteiras preocupadas não sabiam exatamente o que fazer, e a única pessoa que deveria manter o controle no momento, sentia-se impossibilitado, porque a própria princesa não o permitia se aproximar. Rhaenyra estava em agonia, não diferenciava quem estava ao seu redor. Em dado momento, começou a alucinar pela dor, e passou a acreditar que o bebê dentro de si, era na verdade um pequeno monstro querendo mata-la.
Uma das amas de companhia da princesa, se aproximou cuidadosamente da mesma, vendo que agora a mulher somente resmungava emergida na própria dor e agonia.
- Princesa... Por favor, deixe-me ajudar - sussurrou próximo a ela - não precisa fazer isso sozinha.
- SAIA! - Rhaenyra gritou, sendo tomada pela segunda onda de dor inebriante e agonizante, o bebê agora se mexia ainda mais, sendo possível ver sua movimentação pela barriga da própria mãe. Desesperada pelo alívio, a princesa levantou-se com dificuldade, e passou a perambular pelo quarto enquanto gemia de dor, parando em alguns lugares no momento em que a contração forte vinha.
A situação em si era desesperadora. As parteiras e amas nunca vivenciaram uma cena como aquela. A parteira mais velha estava sentada em uma cadeira, com os braços apoiados na mesa, e a cabeça encaixada entre as mãos. Marta chorava em silêncio, a velha havia participado e presenciado todos os outros partos da princesa, incluindo o nascimento da própria. E nunca em todos seus anos de trabalho havia visto algo como aquilo. Ver a sua futura rainha em estado de agonia e não poder fazer nada, estava acabando com tudo o que tinha de concreto e sólido dentro de si. O mesmo poderia se dizer do Meistre que se encontrava encostado na parede, olhando com pesar para a cena da princesa cambaleando pelos cantos do quarto, e sentindo-se um completo inútil.
E em meio a todos eles, estava Helaena. A menina estava horrorizada, com o que via e algo dentro de si, dizia que aquilo que estava acontecendo com sua irmã não era natural. Quando os berros de desespero de Rhaenyra transformaram-se em clamores e gritos pelo próprio marido, Helaena acordou de seu tranze horrorizado, e saiu do quarto atordoada em busca de seu tio, Daemon. Porém as buscas da princesa não se entenderam muito, porque logo ao lado da porta, próximo a coluna que carregava a tocha de iluminação, estava seu tio encolhido no chão, com as mãos no ouvido, respirando ofegante e com lágrimas nos olhos.
O tão temido Daemon Targaryen, encontrava-se em estado de pânico, desesperado por ver o desespero de sua mulher, trazendo de volta situações traumatizantes que vivera outrora com sua antiga esposa, Laena Velaryon. Vendo a situação deplorável que seu tio se encontrava, Helaena aproximou-se dele vagarosamente, até estar ao seu lado.
- Ela precisa de você - murmurou, mas foi cortada por um grito abafado de Rhaenyra no quarto ao lado, clamando desesperadamente pelo marido - Daemo...
- EU NÃO POSSO!- Ele gritou para a sobrinha, começando a tremer - não posso... Não com ela... Não com ela... Por favor, Helaena, não com ela... Não com Rhaenyra - ele clamava.
