A Decisão

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_Como assim? Vai ser hoje? Por que não disse nada antes?_

O ruivo gritou ao telefone começando a ficar nervoso. Bakugo não disse mais nada e simplesmente encerrou a ligação.

— Katsuki! Katsuki responde! — Merda ele desligou na minha cara! Droga, o que eu faço?!

Seu telefone tocou mais uma vez. Talvez a esperança de ser Bakugo ligando novamente, mas dessa vez era o nome de Mitsuki na tela de seu celular.

— Kirishima! Você precisa vir para cá! Tem que convencer Katsuki a desistir de fazer o aborto! — ela fingiu ter ido ao banheiro para fazer a ligação 

— Eu não sei onde fica a clínica! 

— Vou te mandar o endereço por mensagem. Vem rápido, ele está na fila de espera, logo vai ser chamado! 

Movido pela adrenalina, o adolescente procurou Aizawa entre a multidão de repórteres. Conhecendo bem aquele professor era óbvio que ele estaria um pouco mais afastado das câmeras. Aizawa estava próximo aos bancos do pátio conversando com All Might quando o garoto afobado chegou gritando.

— PROFESSOR, EU PRECISO SAIR! É URGENTE! BAKUGO PRECISA DE MIM! 

— Acalme-se Kirishima, o que foi?

— É o Bakugo! Ele tá no hospital e vai fazer uma coisa importante! Eu preciso estar lá com ele!

O garoto nem esperou a confirmação do professor, pegou sua mochila e correu para fora dos portões da UA. Nem sequer se deu ao luxo de trocar de roupa. Pegou o primeiro táxi disponível para a direção da clínica.

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Sua perna sacudia de impaciência. Sentado no banco da sala de espera, Bakugo abaixou a cabeça com o nervosismo por finalmente ser o próximo a ser chamado, depois de quarenta minutos esperando. Ele estava acompanhado de seu pai e sua mãe, e não sabia ao certo como dizer o que estava sentindo naquele momento.

— Pai, eu... não sei se tenho muita certeza se quero fazer isso. Não confio naquele médico, não quero ele encostando em mim. — seu coração disparou por finalmente contar

— Katsuki já conversamos sobre isso. Nossas opções são limitadas.

— Eu sei... — ele disse tristemente 

O garoto ficou mais pensativo do que antes. Ele lembrou quando Kirishima comentou que poderia ficar com aquela criança, que seu namorado faria esse sacrifício de desistir de ser um herói para cuidar do próprio filho

— Mãe, pai... Acho... que eu não quero entrar naquela sala... Eijiro disse que me ajudaria na matéria da escola e tudo mais se eu resolvesse ter o bebê.

— Graças aos deuses! — sua mãe suspirou aliviada — Nós vamos te ajudar a cuidar desse bebezinho.

— Você tem certeza Katsuki? Essa é sua única chance.

— Pai, você disse que me apoiaria independente da minha decisão. Além disso, aquele doutor disse que posso ter sequelas ou algo assim. Já estou bem ferrado por causa da última batalha junto com os heróis. Não quero correr o risco de ficar pior. 

— PRÓXIMA... Katsuki Bakugo? 

— Doutor espera, eu não quero mais. — o loiro levantou para falar com o médico na porta da sala — Eu... desisto de fazer o aborto. 

— Está certa disso? — respondeu o doutor — Existe um limite de semanas em que posso fazer o procedimento, e pelo que li na sua ficha já está indo para 14⁰ semana de gestação. 

— Sim, eu tenho certeza. — ele afirmou com determinação — E quer saber, eu nunca mais piso nesse hospital de novo! Não quero ser atendido por um médico que erra meus pronomes de propósito.

Após dizer, Katsuki virou as costas para o tal doutor e seguiu caminho com sua família. Passando pelo corredor, ele ouviu alguém gritando seu nome, o som parecia estar vindo da recepção. Ele com certeza conhecia aquela voz.

— Ei senhora, viu meu namorado?? — era Eijiro, mesmo bem atrasado ele procurava por Katsuki na clínica — Ele é loiro com cabelo espetado, tem a minha idade e altura!! 

— Eu vi alguém assim na outra sala um tempinho atrás. — respondeu uma jovem que estava sentada

— Muito obrigado! — ele agradeceu e continuou sua busca — BAKUGOOOO!!!!

O tal mencionado estava no corredor ao lado e não se segurou ao abrir a porta gritando igualmente para seu namorado calar a boca.

— CABELO DE MERDA PARA DE GRITAR! ISSO AQUI É UMA MATERNIDADE PORRA!!

— Katsuki!!

— Se você veio tentar me impedir, chegou tarde demais. Já faz quase uma hora desde que eu te liguei por telefone. — Katsuki cruzou os braços e disse de forma seca. Ele queria ver a reação de Eijiro, por isso contou uma pequena mentira — Já abortei, e estou indo pra casa. 

— Você... Já...

Com o espanto e sem nada mais a dizer, Kirishima apenas abraçou seu companheiro, ele tinha uma expressão bem séria. Com um forte aperto, o rosto do ruivo mudou para uma triste feição.

— Está tudo bem, eu estou aqui com você... Eu... Estava tentando aceitar que você faria mesmo isso. E tá tudo bem. A única coisa que eu me importo é que você fique bem. Você tá bem, não tá?

O garoto explosivo percebeu que independente do acontecesse naquele dia, Kirishima ainda continuaria sendo seu parceiro fiel. 

— Você me ama mesmo, não é? — Katsuki deu um leve sorriso 

— Ainda duvida?! 

Ambos compartilharam um beijo e seguiram para a saída da clínica. Os pais de Katsuki foram buscar o carro no estacionamento, deixando os dois garotos esperando na portaria da maternidade. 

— Eijiro... Eu não abortei. O bebê ainda tá aqui dentro. — ele não manteve sua enganação por muito tempo

— O que? Como assim? Aconteceu alguma coisa?!

— Não, eu menti. Precisava saber se você ainda ia continuar comigo se eu escolhesse fazer o aborto.

— Katsuki, já passamos por tanta coisa. Com ou sem bebê é claro que vamos continuar juntos!  

— Porra, que merda de namorado eu sou! — Bakugo se estapeou — Mas nem vem dizer que foi você quem me convenceu! 

— Falando nisso, porque você desistiu? Você parecia tão certo.

— Eu me perguntei, o que o All Might faria numa situação como essa, já que eu vou ser um herói tão forte e popular como ele. Também você queria assumir a responsabilidade, não era? Assim que esse bebê nascer, você vai ficar encarregado de cuidar dele. Eu vou continuar estudando pra ser um herói. 

— Claro, é justo. — Eijiro ficou pensativo — Então... Quer dizer que vamos mesmo ser pais? De verdade? 

— É... Nós vamos... — Bakugo disse sério e olhou novamente para o rapaz reparando a roupa que ele usava  — Porque você tá com seu trajeto de super herói? 

— Que merda! É que eu tava numa sessão de entrevista na escola e saí correndo quando você me ligou hehehe! Acho, que preciso voltar pra aula.


(Continua...)

Notas finais: Por favor não me matem (⁠╥⁠﹏⁠╥⁠)
Tô apenas seguindo meu próprio roteiro ಥ⁠‿⁠ಥ

Cicatrizes - Transições na vida de um herói Onde histórias criam vida. Descubra agora