Revelando o segredo

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A hora do almoço finalmente chegou! Kirishima estava muito ansioso para saber o que Bakugo queria conversar. Pegou na mochila uma pequena caixinha e colocou no bolso da calça discretamente, e correu atrás do loiro. 

- E então? O que queria falar comigo? - perguntou Kirishima caminhando ao lado de Bakugo, ambos estavam indo para a fila do almoço.

- Primeiro vamos comer. Eu tô com uma desgraça de fome! - Katsuki respondeu faminto

Os dois continuaram na fila por mais cinco minuto até chegar a vez deles. O cardápio do dia era arroz tradicional japonês com guisado de carne com batata, um copo de suco de laranja e uma maçã como complemento.

Eles comeram em silêncio por um curto período, já que Eijiro arrumou algum assunto aleatório para falar. Ele realmente estava ansioso. Terminaram a refeição e agora com a barriga cheia, eles ainda tinham mais ou menos quarenta minutos até a próxima aula. 

- Vem comigo. - Katsuki mandou e gerou um arrepio no corpo de Kirishima

- Certo. - concordou

Caminharam um pouco pelos corredores, Bakugo entrou no banheiro com uma expressão muito séria e Kirishima o seguiu um tanto confuso. O rapaz arrogante parou perto da pia e encostou na parede, encarando o namorado a sua frente. Dava até pra sentir o suspense e a tensão no ar. Ouviram um som de descarga e um garoto saiu rapidamente do lugar restando apenas eles dois.

- Er... Não tinham outro lugar melhor pra gente conversar? - Eijiro colocou a mão no nariz 

- No refeitório é muito barulhento, na biblioteca não podemos falar alto e no pátio é aberto demais pra contar uma coisa pessoal. - respondeu ainda sério.

- E então? Vai ficar nesse suspense pra sempre?

- Eu tenho uma pergunta pra você. - começou Bakugo de uma forma bem áspera - Todo mundo sabe que você gay. Eu quero saber... Você namoraria um cara com buceta ou você só curte pau? 

- Que tipo de pergunta é essa? - a pergunta de Bakugo travou Kirishima. Tudo bem que ele já estava acostumado a ouvir besteiras que as pessoas falam, mas isso o pegou de surpresa.

- Responde logo, merda.

- Ah, bem... Eu gosto de pessoas com aparência masculina, mas não me importo muito com o que tem entre as pernas. Desde que seja uma pessoa máscula pra mim tá valendo.

- Você me acha másculo? 

- É claro, senão eu não aceitaria namorar.

- Vamos apenas supor, se eu não tivesse um pau, você ainda ficaria comigo? Ainda teria interesse em mim?

- Eu acabei de dizer que não me importo. Eu gosto de você pelo que você é. E eu te acho super másculo. - Bakugo corou e desviou o olhar, Kirishima percebeu e se aproximou - Você... É uma pessoa trans, não é? - agora Eijiro que corou, o lugar parecia muito quente.

- O Deku te contou? 

- Er.. não. - mentiu - Nossos colegas estavam desconfiando.

- ... - Katsuki virou o rosto ficando em silêncio.

- Olha, acima de tudo somos melhores amigos, você pode me contar qualquer coisa. Não precisa ter vergonha.

- Não estou com vergonha porra! 

- E então? - Eijiro se encostou na parede ao lado de Katsuki 

- Eu sou um homem. Essa merda de corpo que nasceu com defeito!

- Entendi. Então, é por isso que você usa aquele top por baixo da camisa? 

- O nome é binder. E sim, é. Eu tive que mentir pro pessoal.

- Por que não me disse antes? 

- Eu não sabia se poderia confiar em você. E também eu... Não sabia se você... Me trataria de forma diferente por eu não ser um homem de verdade. - desviou novamente o olhar.

- Eu nunca te trataria diferente. - Kirishima lembrou de algo no seu bolso - Oh, eu tenho uma coisa pra você!

- Um presente? - pegou a caixinha e abriu. Era uma miniatura do All Might escrito número um, que poderia ser usada como chaveiro.

- Você também é fã do All Might, não é? Eu espero que você se torne o número um igual ele. - os olhos de Bakugo brilharam com estas palavras.

- Obrigado. Eu raramente ganho presentes.

Sorridente, Kirishima fez um gesto para um abraço, Bakugo concordou e se abraçaram num aperto firme. O ruivo pegou na mão de seu namorado e deu um beijo na bochecha. 

- Só pra deixar claro, EU sou o dominante dessa relação! - afirmou Katsuki pegando o namorado pela gravata - Me beija direito cabelo de merda! - e selou um beijo na boca

Os dois estavam hipnotizados pelo primeiro beijo que nem perceberam um rapaz aleatório entrar no banheiro. É verdade que haviam várias cabines, mas assistir um casal em pleno romance na pia é meio constrangedor.

- Ei, a pegação de vocês vai demorar? Eu não quero atrapalhar mas estou apertado!

- Tá olhando o quê seu lixo?! Vai cagar!

- Bakugo, acho melhor a gente sair daqui. - Eijiro respondeu dando leves risadas

Cicatrizes - Transições na vida de um herói Onde histórias criam vida. Descubra agora