Eu estava cega. Tudo aquilo que lhe disse não era o que verdadeiramente sentia aqui, no calorzinho do meu coração. Os gritos trocados e palavras afiadas desafiaram nosso amor, colocando-o à prova.
Não somos bobas. Sabemos que negar o inevitável é bobeira, então nós agarrados ao amor e superamos a velha crise. Ora, quem diria! Entre espetos e espinhos achamos seda! Precisamos nos perder em histeria, ira e miséria para achar a tão almejada paz.
Trago comigo mais que seu DNA, trás consigo mais mais que meu amor.
Seguimos em frente, atadas ao laço invisível que nos junta e perpetua tal sentimento.
Profundo arrependimento carrego por ter tantas vezes falhado no dever de acolher quem me deu abrigo por pouco mais de um semestre, bem ali, em seu ventre. Alívio me corre nas veias quando percebo que ninguém pode quebrar a corrente que forjamos. Mãe e filha, hoje unidas mais que nunca, navegamos para o caminho incerto do amanhã. Sinto alívio em saber que nunca mais estaremos naquelas águas tempestuosas. Dentre tudo que poderia dizer, digo-lhe, mamãe: obrigada por não desistir de mim. Obrigada por abdicar de tanto por mim. Obrigada por me amar mesmo quando eu não mereço. Obrigada por ter me transicionado de criança quase perfeita para uma adulta que reconhece seus defeitos. Eu te amo. E sempre te amarei.De uma filha amada para uma mãe espetacular.
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Tudo aquilo que jamais foi dito
Short StoryAqui jaz palavras que jamais lhes tive oportunidade de dizer.