Prólogo - Annie

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26 de maio de 2021

Nunca pensei que estaria procurando um emprego comum, sempre achei que quando fosse trabalhar seria no meu próprio ateliê de moda, mas hoje estou em uma realidade totalmente diferente. Minha família sempre foi rica, nunca precisei me preocupar com nada material, pois o afeto que nunca existiu de meus pais para mim precisava ser compensado de alguma maneira, e estava tudo bem, isso até meu pai me transferir de escola e praticamente me excluir da família. Ele cortou minha mesada, parou de bancar minhas roupas de marca e pagar minhas viagens. Nunca entendi porque ele me odiava tanto, até em uma escola pública fui parar, e isso piorou muito quando minha mãe ficou doente, virei a cuidadora dela, após ele a abandonar e casar com uma mulher da minha idade.

Já faz um ano que mamãe me deixou. Sinto falta dela. Quando fecho os olhos, nos vejo na varanda de casa, uma bela mesa montada para nosso tradicional momento em família, acompanhado do seu chá favorito. Nossa! Consigo até sentir o aroma doce do Lady Lavander, feito especialmente por uma casa de chás próxima de onde estou hoje. A Sra Susan Thompson nunca demonstrou afeto por mim e por Eliot, e isso eu só fui entender só após ela adoecer e ficar longe do monstro que sempre foi meu pai. Porém, essas tardes de sábado foram momentos agradáveis. Essas são as raras lembranças que tenho da união dos Thompson.

Hum... o cheirinho fica mais forte à medida que chego perto do Bird & Blend Tea Co., onde ela buscava o preparo para o seu chá. Sinto que preciso de um copo dele para me dar sorte em minha entrevista de emprego, preciso desse cargo. Desde que mamãe faleceu, vivo somente de minhas economias, poucas transferências que Eliot faz escondido do nosso pai e de algumas vendas de minhas amadas bolsas de marca. A cada venda, meu coração dói. Com copo quente de chá em uma mão, e meu guarda-chuva em outra, vou confiante em direção ao local da entrevista de emprego, até que...

Plaft!

Eu não acredito! Ele, o menino que me fez passar uma das piores situações em minha vida, em um momento onde tudo começou desmoronar. Charles, o passado mais terrível que eu havia guardado em minha caixa de lembranças ruins. E o pior: derrubou meu copo de chá e colocou a culpa em mim! Nem para se desculpar pelo que me fez no passado e agora tem a audácia de pedir minha ajuda para algo. Mas para quê mesmo? Jamais saberei. O deixei falando sozinho e corri, estava atrasada.

Eu tinha uma entrevista de emprego em um restaurante, uma vaga para garçonete. Ah! Quando em minha vida imaginei estar nessa situação, logo eu que cresci usando Channel. Como assim o sr. Edgar Thompson não me reconhece mais como filha? Apesar de ser uma vaga que não chega à minha altura, é o que tenho. Por não ter experiências em meu currículo, as últimas dez entrevistas que tive nessa cidade foram finalizadas com um gigante NÃO. Ainda mais quando relacionavam meu sobrenome com o assustador Thompson, conhecido por ser o CEO mais rígido do país.

Mais uma vez recebi um não. Motivo? Que apesar das ótimas notas, a experiência é o que conta. Mas a cara da entrevistadora tinha a mesma expressão que vi nas últimas dez vezes, embora em rostos totalmente diferentes: se nem meu querido pai viu vantagem em me contratar, então não seria viável me admitir, até mesmo como garçonete. Afinal de contas, a Thompson Empirite tem fama de apenas contratar os melhores dos melhores, e todo mundo sonha em ser aprovado naquele maldito lugar.

O que me resta? ler a carta do Charles. Talvez seja a luz do fim do túnel em minha miserável vida. — ESPERA. O CHARLES ESPERA QUE EU PRESTE DEPOIMENTO CONTRA QUEM?

 O CHARLES ESPERA QUE EU PRESTE DEPOIMENTO CONTRA QUEM?

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