Capítulo 4

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trrrim-trrrim

O telefone toca
— Alô, baby. Não se assuste e não se preocupe. Me encontre nas portas do fundo da copa de sua casa — Evelyn não dá chance para Eliot responder e desliga abruptamente.

O jovem, que estava a aproveitar o feriado milagrosamente para descansar, corre escada abaixo e atravessa o corredor que liga a sala central com a copa. A casa está mergulhada na escuridão, apenas os fracos clarões dos raios a invadia através das janelas. O silêncio é ensurdecedor, indicando que todos já estão recolhidos. 

Logo, o carro conduzido por Dionysus, segurança particular e braço direito da família Thompson, chega cuidadosamente. A porta traseira se abre e revela uma menina cujas lágrimas ameaçam borrar sua maquiagem. Do lado de fora, sua fiel amiga recebe ajuda do rapaz e do segurança para desembarcá-la e a levar até o seu quarto sem chamar atenção dos que dormem.

No quarto, ainda abalada, Annie segue direto para o banho. Enquanto isso, Eliot não dá trégua a outra garota:

— O que aconteceu? Por que parece que ela viu um fantasma? 

— Resolvi te contar pessoalmente, ou melhor, te mostrar.

A ruiva entrega a ele um jornal amassado. As fotos ali juntamente da manchete o fazem explodir em perguntas:

— Quem é esse babaca? Quem enviou isso ao jornal?

Aproveitando a situação de estarem a sós, ela continua o belo plano e narra os acontecimentos totalmente distorcidos, envenenando sua mente com a certeza de quem é o responsável.

Enquanto isso Annie, sob o chuveiro, entrega-se às lágrimas. A água quente escorre em seu corpo, mas não consegue lavar a sensação de traição. Como pôde ser tão tola? Compartilhar segredos, dores e desabafos com alguém que agora parece um estranho. Se sente uma idiota por deixar ser enganada tão facilmente.

Em meio ao turbilhão de pensamentos invadindo sua cabeça ao receber aquela página de jornal, ele escuta o chuveiro sendo desligado e percebe que sua irmã está prestes a sair do banho. Sem rodeios, dispara.

— Obrigado pela ajuda, Evelyn. Mesmo. Obrigado por cuidar da minha irmãzinha. Mas agora peço que se retire, por favor.

Até tenta argumentar, mas ele não cede:

— Vai!

Mal recuperada, a menina sai do banho e adentra novamente em seu quarto, testemunhando a fala dura de seu irmão. Evita a todo custo olhar nos olhos dele, sentindo-se constrangida.

No quarto paira uma neblina de tensão, como se o ar estivesse carregado de eletricidade estática. Ele, com os olhos ainda fixos na porta pela qual Evelyn saiu, vira-se agora para encarar a doce irmã. Seu olhar carrega a mistura de preocupação com frustração.

Com medo da conversa a seguir, ainda enrolada em sua toalha, demonstra em seu olhar vulnerabilidade e extrema vergonha, mas sabia que precisava explicar tudo. As palavras saíram falhadas e trêmulas:

— Eli, eu... Eu não sei como isso aconteceu. Nós somos apenas amigos. Mas alguém nos fotografou juntos, e agora essa notícia está prestes a explodir na mídia. Sabe o que isso significa para a empresa da família, não é?

Ainda pensativo, ele passou a mão pelos cabelos, exasperado. Entendia perfeitamente a gravidade da situação, afinal de contas, não era a primeira notícia sobre sua irmã que ameaçava manchar a imagem da empresa. Sua expulsão da antiga escola já havia trazido problemas na mídia, e fez com que o senhor Edgar Thompson escondesse a filha caçula dos holofotes para evitar mais problemas, o que não resolveu. A Thompson Construtora é uma das maiores empresas tradicionais do país. A família é um modelo exemplar na sociedade e qualquer escândalo poderia abalar os alicerces construídos por gerações.

Tower Bridge - Rainy DaysOnde histórias criam vida. Descubra agora