Os meses da monitoria se passaram rapidamente e serviram para que os dois fossem de completos estranhos a amigos inseparáveis. Eles deixam escapar em alguns momentos pequenos detalhes sobre sua vida familiar. Ambos são de lares vazios de amor, e assim descobrem que tem muito mais em comum do que imaginavam.
Charles a ajudava uma vez por semana no mesmo local, que era a biblioteca, mas isso logo evoluiu para uma casa de chás. Sempre acompanhado de um prato cheio de bolinhos de frutas vermelhas, sobremesa favorita de Annie. Ele jamais contou a ela, mas não gostava de chá, e fazia isso porque queria que a sua aluna se sentisse bem nas suas monitorias e o principal, ele queria nota máxima. No fundo, bem no fundo, o real motivo era ver ela sorrir, mas ao sentir seu coração palpitar um pouco mais forte, se recompôs depressa.
Os passeios da dupla iam de aulas extras até idas às compras, claro, ele sendo obrigado pela menina. Até foi convencido a repaginar seu visual, apesar de que com sua beleza, o jovem de meros 1,85, embora não percebesse, sempre atraiu a atenção em todos os lugares independente da roupa que estava a usar.
- Charles, estampa com estampa não!
- Gelinho, sabe que não me importo, não é mesmo? - Charles fala com um sorriso travesso no canto dos lábios de quem usou o apelido que havia dado a ela e era odiado pela garota.
- Te odeio, sabia? - fala, ao torcer o nariz e tentando fazer cara de brava.
Nos últimos dois meses, a menina aprendeu que ser amável não era uma fragilidade, mas uma maneira de ser bem vista, não somente por usar roupas caras. Jamais admitiria em voz alta, mas o momento em que se sentia mais vista era pelos olhar carregado com toda ternura e paciência dele, quando ela deixava de usar seu escudo sentimental. Então essa amizade a ensinou a ser mais compassiva e a entender o próximo.
Terça-feira nublada, comum para a época do ano, e a preguiça invadiu o corpo do monitor.
- Dia perfeito para ficar dormindo mais! - ele fala sozinho ao se espreguiçar em seus lençóis bagunçados.
- Droga, tenho o trabalho de ciências para apresentar, e o pior é que tenho que chegar mais cedo e passar ao Anthony o conteúdo - seu colega de turma e extremo oposto dele: um rapaz popular e nada fã de estudar, sempre foi sua companhia em trabalhos em dupla, nunca ajudava, e estava tudo bem: o garoto compreendia o quão era agitada a vida do ala do time de futebol da escola, então era costume realizar os trabalhos sozinhos e colocar seu nome junto.
- O que me resta é abandonar a preguiça - encarou seu reflexo sonolento no espelho e entrou para o banho.
Já pronto, correra tanto para pegar a linha 126 do metrô, que seu café da manhã mal engolido insistia em querer voltar em sua garganta, então empurrou um gole de água para resolver. Subiu as escadas da escola tão depressa a ponto de faltar ar. Ao chegar na biblioteca, se depara com o jovem sorridente:
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Tower Bridge - Rainy Days
RomansaCharles é centrado e organizado. Ele valoriza a lógica, a ordem e a eficiência. Sua vida gira em torno do trabalho e das responsabilidades. No entanto, também busca conexões humanas genuínas, mesmo que isso o leve a sair de sua zona de conforto forç...