Hachi - Vamos conversar

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Três dias se passaram desde aquela "conversa" que tivemos no jantar, claro que eu bati algumas vezes em Kuroo depois que fomos para nossos quartos, mas no fim o agradeci, pois de qualquer maneira eu não sabia como contar aquilo para o restante da família.

Eu acordei cedo, mais que o normal, mas isso era bom pois assim não teria pressa para me arrumar, e nem comer. Fui ao banheiro e tomei um banho quente demorado, estava entrando uma frente fria bem forte e o tempo já tinha esfriado bastante. Isso me fez perguntar a mim mesmo se Kazutora estava bem aquecido lá em sua cela, eles tinham cobertores, certo?

Mas será que seria o suficiente? O cobertor é grosso para aquecer ele? Fiquei ansioso por não saber as respostas dessas perguntas.

Quando terminei meu banho e me enxuguei com a toalha, eu segui até meu closet e escolhi uma roupa quente, ainda tinha 1 hora até o horário em que eu realmente deveria ter acordado, então não iria colocar o uniforme agora. Eu desci para o andar de baixo e encontrei meu pai, e meus avós na cozinha, eles estavam preparando o café da manhã.

— Bom dia. - Falei com a voz baixa, e um pouco embolada.

Meus avós sorriram gentis para mim e responderam com uma animação incrível, não consigo entender quem acorda feliz de manhã cedo.

Me sentei em uma cadeira do balcão, com a intenção de observar eles cozinhando, era uma mania minha, observar as pessoas cozinhando me deixava calmo e tranquilo. Kenzo me olhou e veio até mim, chamando minha atenção.

— Nós podemos conversar um pouco. - Ele perguntou parecendo nervoso e levemente desconfortável.

Eu não tinha uma desculpa pronta para evitar isso, e acredito que ele sabia que meu horário escolar ainda estava distante, tempo eu tinha de sobra.

— Podemos sim. - Uma resposta indiferente, mas ele sorriu.

Eu me levantei e nós andamos até a sala de estar, ele indicou que eu poderia me sentar no sofá à minha esquerda, sem questionar eu apenas me sentei e esperei, vendo oque ele queria falar.

Demorou um pouco, talvez alguns minutos até que ele finalmente abrisse a boca.

— Sobre a nossa relação...como pai e filho... - Então esse é o assunto que ele quer discutir.

Foi impossível não me sentir desconfortável diante desse assunto, no momento eu senti vontade de fazer piadas rudes sobre nossa "relação de pai e filho", mas me contive e fiquei calado.

Vendo que eu não pretendia dar minha opinião sobre isso, meu pai continuou a falar, sua voz e o suor descendo de sua testa entregavam o quão nervoso ele estava diante do meu silêncio.

— Eu sei que não fui uma figura boa como pai durante esses anos, e que... não estive presente nos seus momentos de descobertas e felicidades.

Você nunca esteve presente em nenhum momento na verdade. Até fazia questão de me cortar dos momentos.

— Eu realmente sinto muito meu filho... por anos eu fui horrível para você, e por conta dessa minha teimosia eu perdi o seu crescimento e amadurecimento, eu se quer fui o primeiro a saber da sua primeira paixão... - Ele tentou segurar, mas sua voz estava trêmula e um lágrima caiu de seu olho direito.

— Quando percebi o meu erro já era tarde demais, você já tinha se tornado um adolescente e entrado no ensino médio... Eu fui egoísta e pensei apenas na minha dor, mas acabei machucando o meu próprio filho. Quando eu tentei consertar os meus erros você já estava distante... e eu percebi que não sabia nada sobre você - Eu sabia que tudo oque ele estava falando era verdade.

O contato visual me permitiu escutar seus pensamentos e saber de sua sinceridade, mas minha expressão não mudou ou tremeu, eu não estava tocado ou com pena de seus erros e sua confissão.

ᶜᵒⁿˢⁱᵍᵒ ᵉˢᶜᵘᵗᵃʳ ˢᵘᵃˢ ᵐᵉⁿᵗⁱʳᵃˢ | 𝙺𝚊𝚣𝚞𝚝𝚘𝚛𝚊 𝚡 𝙼𝚊𝚕𝚎 𝚁𝚎𝚊𝚍𝚎𝚛Onde histórias criam vida. Descubra agora