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Colin, surpreso, quase engasgou com o conhaque. Ele nunca esperava tal pergunta de Penelope, especialmente não naquela noite, o aroma de livros e conhaque pairando no ar. Ela estava bêbada, é verdade, mas sua mente parecia mais afiada do que nunca

"Pen", ele começou, "não acho que seja apropriado..."

Ela o interrompeu com um riso suave. "Apropriado? Colin, estamos sozinhos aqui, não há ninguém para nos julgar." Ela inclinou a cabeça imaginando como ele parecia agora, com um sorriso leve ela continuou. "Seria algo tão horrível me mostrar isso?"

Ele olhou para ela, seus olhos azuis brilhando na penumbra. "Não é uma conversa apropriada para uma dama."

"Mas eu não sou uma dama", ela respondeu, sua mão tateando a mesa em busca da taça de conhaque. "Sou Penelope, você mesmo disse isso."

Colin sentiu uma pontada de desgosto em seu tom de voz enquanto lembrava dessa conversa deles. "De onde vem essa curiosidade, Pen? Você não deveria ter curiosidade sobre isso"

"Eu escutei algo, mas não quero te contar sobre isso." Ela suspirou magoa clara em seu tom de voz. "Quero saber como é sentir a paixão, o desejo, nunca vou ter isso mas gostaria de saber"

Colin sentiu seu coração acelerar e ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre suas palavras. Ele sabia que Penelope enfrentava dificuldades, mas ele nunca tinha percebido o quanto isso realmente a afetava. Ele a conhecia desde a infância, mas agora ela era uma mulher, uma mulher que o perturbava de maneiras inesperadas.

"Eu sinto muito, Penelope. Não percebi o quanto isso te magoava," ele disse finalmente." Mas não pense que você não terá isso, você mais do ninguém merece saber como é sentir a paixão e o desejo. "

Ela riu, um som amargo e triste. "Não minta dessa forma, é cruel."

Antes que ele pudesse responder, ela balançou a cabeça, como se quisesse afastar os pensamentos sombrios. "Mas você está certo, Colin. Acho que o conhaque me deixou um pouco desinibida. Talvez eu devesse dormir um pouco."

Ele assentiu, aliviado. "Sim, isso seria uma boa ideia. Deixe-me ajudar você."

Com gentileza, ele a ajudou a se levantar e a conduziu até seu quarto. Penelope se apoiou nele, sentindo a segurança de sua presença, mas também a distância intransponível que sempre existira entre eles. Quando chegaram ao quarto, Colin a ajudou a deitar-se na cama, cobrindo-a com um cobertor leve.

"Boa noite, Pen," ele disse suavemente. "Descanse bem."

"Boa noite, Colin," ela murmurou, já meio adormecida. "E obrigada."

Ele ficou ali por um momento, observando-a antes de se retirar. Quando voltou para a biblioteca, a fim de arrumar a bagunça que a ruiva e sua irmã tinham feito, os pensamentos tumultuavam em sua mente. A conversa que tiveram era inesperada e perturbadora de várias maneiras. Ele sempre viu Penelope como uma amiga querida, mas agora não podia deixar de pensar nas palavras dela, no tom de tristeza e desejo de ser notada, de ser amada.

Ao chegar ao seu quarto, depois de limpar a biblioteca, Colin fechou a porta e se deixou cair em sua cama, a mente ainda trabalhando furiosamente, perturbada pelas palavras de Penelope. Perceber que ela não tinha esperança em se sentir desejada e apaixonada o perturbava profundamente. Ele nunca havia pensado em sua amiga dessa forma, mas agora, não conseguia tirar da cabeça a imagem dela, tão vulnerável e franca, o questionando com olhos curiosos. Havia algo mais ali, algo que ele havia negligenciado ver por todos esses anos.

Colin começou a refletir sobre suas próprias ações e sentimentos. Sempre se considerara um homem de visão ampla, alguém que via as pessoas pelo que realmente eram, não apenas pelo que pareciam ser. Mas com Penelope, talvez ele tivesse sido cego de uma maneira diferente. Ele se mexeu algumas vezes, sentindo-se desconfortável em sua própria cama, até que foi tomado pelo sono.

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