five

354 35 16
                                    

A noite estava escura e silenciosa, como se o próprio universo segurasse a respiração. Colin escalou com destreza a árvore que se erguia ao lado da janela do quarto de Penelope. Os galhos rangiam sob seus pés, mas ele não hesitou. O desespero o impelia, e ele estava disposto a enfrentar qualquer obstáculo para vê-la.

A janela estava entreaberta, e Colin se esgueirou para dentro, com a agilidade de um gato. O quarto estava à penumbra, apenas a luz fraca da lua filtrando pelas cortinas. Ele se moveu silenciosamente, os olhos se ajustando à escuridão.

E então ele a viu.

Penelope estava sentada perto da lareira, os cabelos ruivos caindo em cachos sobre os ombros. Ela usava uma camisola fina, mas elegante, e seus dedos delicados seguravam um livro. Ele notou que era um dos livros que costumava ler para ela quando a visistava. Mas Colin notou que ela não olhava para as páginas; sua atenção estava em outro lugar. Ele se aproximou lentamente, o coração batendo descompassado. A ruiva não o ouviu se aproximar, mas talvez ela sentisse sua presença. Ela sempre tinha sido sensível, mesmo antes de perder a visão.

O que ele não sabia era que Penelope sentiu o ar gelado da noite se agitar no quarto, e seus sentidos aguçados a alertaram. Ela sentia que tinha alguém estava ali. Ela se virou, os dedos trêmulos apertando o livro contra o peito.

"Quem está aí?" sussurrou ela, sua voz trêmula.

Colin emergiu das sombras, os olhos brilhando na escuridão. Ele estava tão perto que Penelope podia sentir o calor do corpo dele. Antes que ela pudesse gritar, ele colocou uma mão sobre sua boca, os olhos suplicantes.

"Shh", murmurou ele. "Sou eu, Colin."

Penelope piscou, confusa e surpresa. Colin? O que ele estava fazendo ali? Ela tentou se afastar, mas ele a segurou com firmeza.

"Colin?" A voz dela era suave, incerta. "O que você está fazendo aqui?"

Ele se ajoelhou diante dela, segurando suas mãos trêmulas. "Eu vim te ver. Eu precisava te ver."

Ela se afastou do toque dele, os olhos cegos fixos em seu rosto. "Então agora você precisava me ver? Você simplesmente parou de me visitar, isso foi cruel."

Colin olhou para a ruiva, a dor estampada em seus olhos. Ele sabia que precisava explicar, mesmo que isso a magoasse ainda mais. No fundo ele já esperava essa reação dela, pois sabia que Portia não contaria a verdade sobre sua ausência para a filha.

"Pen", começou ele, a voz rouca em um sussurro, " sua mãe me proibiu de visitá-la. Ela disse que eu não deveria mais entrar nesta casa..."

"Ela não faria isso" Penelope piscou, surpresa, o interrompendo."Você fez alguma coisa que a irritou?"

Ele suspirou, sentando-se na beira da lareira ao seu lado, dessa vez segurando sua mão novamente. "Ela acha que eu sou uma distração para você. Que nossa amizade é inapropriada, tem medo que minha presença aqui cause algum escandalo e mache o bom nome dos Featherington."

"Ela como sempre pensando apenas no que a sociedade vai dizer, nunca nos sentimentos..."Penelope hesitou, as palavras presas em sua garganta. "Vamos deixar isso pra lá. Eu senti sua falta, Colin." Seus olhos encheram de lágrimas.

Colin levou suas mãos aos labios, depositando um beijo gentil em sua pele, "também senti sua falta, Pen. Gostaria de ter vindo antes."

Penelope sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto, quentes e amargas. Ela não queria chorar, mas a realidade era implacável.

"Colin", disse ela, a voz trêmula, "você já sabe sobre o meu casamento?"

"Não se preocupe com isso, esse casamento não irá acontecer."

I Am Your EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora