A manhã estava cinzenta, como se o próprio céu compartilhasse o pesar de Penelope. Ela havia passado a noite anterior chorando, os soluços abafados pelo travesseiro. O vestido de noiva pesava em seus ombros, e o véu parecia sufocá-la.
Penelope desceu a escadaria da casa Featherington, os passos hesitantes. Seu coração estava em pedaços, e ela se sentia como uma marionete, prestes a ser entregue a um destino indesejado. Ela sentia a mão de uma das criadas da casa a guiando até a carruagem, sua mãe e irmã já estavam na igreja.
Mas quando Penelope chegou à porta, pronta para entrar na carruagem, se surprendeu ao escutar a voz de sua ex dama de companhia. Rae, que havia sido dispensada de suas funções quando a ruiva ficou noite. Penelope franziu a testa, confusa. Por que Rae estava ali?
"Rae", disse Penelope, a voz trêmula, "o que você está fazendo na carruagem?"
Rae a encarou, os olhos cheios de compaixão. "Senhoria, eu iriei acompanhá-la até seu destino."
Penelope sentiu as lágrimas arderem em seus olhos. "Mas você foi dispensada, e eu não preciso de companhia até o casamento."
Rae sorriu. "Nao se preocupe com isso, senhorita Penelope, fui contratada pelo Senhor Colin Bridgerton. Só estou fazendo minha função, que é levá-la em segurança para seu destino e nao será o casamento."
E assim, a ruiva finalmente subiu a carruagem, ficando na companhia de Rae. Enquanto Penelope se acomodava no banco de veludo. Ela estava confusa, o coração apertado, e a voz de Rae soava como um raio de esperança em meio à escuridão.
"Rae", disse Penelope, a voz trêmula, "Por que Colin a contratou para me levar?"
Rae ajustou o xale em torno dos ombros de Penelope, seus dedos ágeis e gentis. "Minha senhora, eu não sei ao certo. Colin apenas me pediu para garantir sua segurança."
"Segurança?" Penelope franziu a testa. "Mas segurança de quê?"
Rae hesitou por um momento, e então respondeu: "Eu não sei os detalhes, mas confio no senhor Bridgerton. Ele é um homem de palavra."
Penelope apertou as mãos no colo. "E o casamento? O que aconteceu?"
Rae suspirou. "Eu não sei ao certo, minha senhora. Mas ele pediu paciência. Senhor Bridgerton explicará tudo quando nos encontrarmos."
Penelope assentiu, o coração dividido entre a ansiedade e a confiança. Ela confiava em Colin mais do que qualquer outra pessoa. E, ela se agarrou à esperança de que, de alguma forma, ele a salvaria desse destino indesejado
A carruagem deslizava suavemente pela estrada sinuosa, os cascos dos cavalos batendo ritmicamente no chão. Penelope estava envolta em um silêncio tenso, o coração acelerado. Para onde eles estavam indo? O que Colin havia planejado? E então, como se o próprio mundo conspirasse a seu favor, a carruagem parou. Penelope desceu, os olhos cegos piscando contra a luz do dia. Ela estava diante de uma casa de campo majestosa, uma pequena mansão.
A fachada de pedra era adornada com heras, e as janelas altas e estreitas pareciam esconder segredos antigos. O telhado de ardósia estava impecavelmente alinhado, e as chaminés soltavam fumaça preguiçosa. O grande jardim à frente era um mar de cores, com rosas, lírios e margaridas dançando ao vento.
E então, o lago. Um espelho d'água tranquilo, cercado por salgueiros chorões. Os raios de sol dançavam na superfície, criando um jogo de luz e sombra. Penelope podia ouvir o suave coaxar dos sapos e o farfalhar das folhas.
"Senhorita", disse Rae, a voz suave, "finalmente chegamos."
Penelope, ainda confusa e ansiosa, questionou Rae sobre a casa de campo para onde estavam indo. A criada, com uma voz suave e cheia de detalhes, começou a pintar um quadro daquela morada mágica.

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I Am Your Eyes
FanfictionA vida de Penelope muda drasticamente quando um acidente a deixa cega. Seu amigo de infância, Colin, retorna de uma longa viagem e descobre a nova realidade dela, a encontrando mais fechada e insegura que nunca. Determinado a ajuda-lá, Colin começa...