Capítulo 1: Sonho Irritante.

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Acordo daquele sonho, com lágrimas nos olhos e um pouco assustado.
Que horas são?
Será que eu dormi demais?
Eu ainda estava um pouco sonolento, afinal, eu havia acabado de acordar.
Em poucos minutos, me lembrei quem eu era e aonde estava.
Peguei um caderninho, que estava em cima da escrivaninha.
Era lá onde eu anotava meus sonhos, até que eu comecei a ter esse pesadelo recorrente e parei de anotar.
Anotei tudo de diferente que aconteceu no sonho: aquele cheiro de chiclete, o terremoto, o Desconhecido do Cachecol Marrom.

Sempre achei muito irreal essa minha profissão de artista.
Minha mãe sempre me apoiou em tudo que eu fiz, dando certo ou não.
Diferente do meu pai, que dizia que "eu deveria seguir o caminho da família", ou significa ser um chefe de uma empresa.
No fundo, eu sempre acreditava no meu pai. Quando criança, eu me inspirava nele.
Ele vivia me dizendo que me tornar artista não daria em nada.
E eu sempre o escutei, tanto que eu parei de pintar quadros por um tempo, porquê eu realmente achava que aquilo não valia de nada.
Anos depois, ele morreu, sem poder ver o sucesso que se tornou a minha carreira de artista.
Minha mãe ainda está viva, claro.

Nossa.
Eu estou tão distraído ultimamente, não?
Pego meu celular, que estava ali do meu lado, na cama bagunçada.
Olho para a minha tela de bloqueio, vejo a hora: 10:48 da manhã, junto com a seguinte mensagem:
15 chamadas perdidas de Nightmare.

Será que aconteceu alguma coisa?
Ele não me liga tanto assim, afinal de contas, ele é um empresário e é bem ocupado.
Me levanto, saio do meu quarto, desço os degraus e vou até a cozinha, com o celular na mão.
Desbloqueio meu celular e ligo para Nightmare enquanto faço o café.
Em poucos minutos, ele atende.

— ERROR, FINALMENTE! TAVA FICANDO PREOCUPADO JÁ. ACONTECEU ALGUMA COISA?

— Pra que gritar... tá cedo ainda... 

— SÃO QUASE ONZE DA MANHÃ, ERROR.

— Ah, é..

— Enfim, desculpa por gritar. Aconteceu alguma coisa? Tá tudo bem? Por que você tava chorando?

— Eu, chorando? Como assim.. — Então, me dou conta de como ele deve estar me vendo: um homem de trinta e dois anos, com olheiras fortes debaixo dos olhos azuis e com lágrimas secas nas bochechas. — Ah, não! Tudo bem. Eu não tô chorando não! É impressão sua! — limpei as lágrimas com a palma da mão, esperando a água do café ferver.

— Você vai conseguir vir aqui hoje? Eu tô querendo te ver, Error...~ — diz ele, naquele tom manhoso, que eu sempre amei.

— Você sabe que eu preciso de horário marcado pra ir até aí, né?

— Eu sei disso.

— E eu não marquei nenhum horário. — um silêncio 'mortal' por parte de Nightmare, mas, apenas por alguns minutos.

— Você não precisa marcar nenhum horário.

— Não?

— Afinal de contas, você é o Error, acho que minhas secretárias não iriam se importar se você entrasse sem horário marcado. Na verdade, eu tenho certeza disso.

— Sério? É que eu pensei que...

— O que você pensou, Error?

— Pensei que fosse uma regra da sua empresa entrar com horário marcado.

— Mas, quem disse que isso é uma regra? — disse ele, com um tom de voz... provocador?

Eu não sabia o que dizer, então fiquei quieto.

— Preciso ir. A gente se vê daqui a pouco? 

Sorri e assenti com a cabeça.
A última coisa que vejo antes da ligação ser encerrada por ele, é Nightmare sorrindo.
O sorriso dele é tão bonito...
Em poucos minutos, fui pra sala de estar assistir alguma coisa na televisão enquanto tomava meu café recém-feito.
Um café quentinho durante o frio matinal de mais uma semana começando.
Pelo que eu me lembro, hoje é segunda feira, não?
Termino meu café em menos de meia hora, eu ainda não estava acordado totalmente mas o café havia me acordado um pouco. Pelo menos, o café havia me dado a sensação falsa de adrenalina.
Vou até a cozinha, jogo a xícara na pia, e subo as escadas.
Há tantos cômodos nessa casa.
Às vezes, isso me irrita, mas, com o tempo, eu consigo me acostumar com essa casa gigantesca.
Em poucos minutos, andando de quarto em quarto, de cômodo em cômodo, consigo chegar até o closet que também é gigante.

Arte Cheia, Coração Vazio - ErrorInk.Onde histórias criam vida. Descubra agora