Capítulo 3: Desavenças, confusão e perdão.

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Fiquei horas acordado olhando para aquele quadro do Desconhecido do Cachecol Marrom.
No fim das contas, não percebi a coisa que faltava naquele quadro.
No fim das contas, aquele quadro ficou incompleto.
E eu não gosto de coisas incompletas.
Ás vezes, penso em desistir da minha carreira de artista, como meu pai queria que eu fizesse tantos anos atrás.
A vida não tem um sentido propriamente dito.
Minha mãe sempre dizia que a vida tem sim um sentido.
Desde então, tentei alcançar esse "sentido" que minha mãe sempre falou sobre.
Mas, eu nunca o encontrei.
Por isso, em momentos como esse, os pensamentos de desistir da minha carreira acabam voltando.
Será que isso é realmente o certo á se fazer?
Será que eu deveria continuar fazendo quadros 'pro resto da vida?
Será que eu sou BOM o suficiente?
Será que eu sou BONDOSO o suficiente?
Será que eu sou CRIATIVO o suficiente?
Será que isso tudo vale á pena...?

Um barulho atrapalha totalmente meus devaneios.
Alguém está tocando a campainha.
Olho a hora no celular: nove horas da manhã.
Quem seria na porta á essa hora?
Eu não convidei ninguém?
O medo aumenta em mim.
Quem estaria apertando a campainha da minha casa tão cedo?
A tal pessoa continua apertando a campainha sem hesitar, como se estivesse me obrigando á atender a porta.
Eu não aguentava mais todo aquele barulho incessante, então, mesmo com medo, me afastei do quadro do Desconhecido Marrom, desci as escadas e abri a porta.

— Finalmente! Por que demorou tanto pra me atender, Error? — era Nightmare.
Apesar de saber que era um conhecido, o sentimento de medo não se dissipou.
Apesar do sorriso do rosto dele, ele parecia agressivo.
Seu tom de voz não era nem um pouco gentil.
Ele estava com algo dourado nas mãos, não dava 'pra ver direito.

— Olha, eu sei que não é seu aniversário nem nada, mas, eu queria te dar um presente, Error. Tenho certeza que você vai gostar. — ele estende o objeto para mim, com suas mãos em formato de concha.

Eu reconheceria aquilo em qualquer lugar.
Era...
Era o Convite Dourado!
O festival Utopia de Outono era um dos melhores festivais de arte, tanto que o Convite Dourado era o único jeito de ir para lá.

Como...
Como o Nightmare conseguiu isso?

Aquele Convite Dourado estava em minhas mãos...
Levei Nightmare até o sofá da sala de estar, com um sorriso distraído estampado em meu rosto.

— Como você conseguiu isso, Night'?

— Conversei com o dono desse festival e ele me entregou isso de bom grado. — o sorriso dele parecia dizer algo á mais, algo que eu não conseguia identificar. — Ele disse que gosta muito dos seus quadros e que seria uma honra tê-lo no festival, algo desse tipo.

— Sério!? — minha felicidade aumentava cada vez mais e Nightmare sorriu para mim.

Ficamos conversando por um tempo, mas, eu simplesmente não conseguia prestar atenção no que  Nightmare estava falando.
E isso o deixou muito bravo.

— Error.

— Hm, o que?

— Você tá me escutando? — eu reconhecia aquele olhar, olhei para o chão e fiquei em silêncio.

— É que...

— É QUE O QUE, ERROR!?

Não importava qual fosse minha resposta, eu sabia que Nightmare ficaria irritado.

— É sempre assim, né Error!? Você sempre se acha o melhor e se esquece dos outros! Os textos que você escreve, os seus pensamentos, os quadros que você cria... Nada do que você faz é bom! Nada do que você tenta fazer é bom! Eu nunca perderia a merda do meu tempo tentando te aguentar! Sabe aquela história daquele homem da sua infância que você me contou? Eu nunca acreditei nela, sempre achei tudo uma farsa!

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⏰ Última atualização: Aug 29 ⏰

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