Em uma terra dominada pela ressurreição dos mortos, a jovem Genevieve Amari se vê sozinha e perdida, após a tragédia que dizimou diversas famílias. Com apenas um colar, uma arma e um boné, ela luta para sobreviver em meio a um mundo destruído.
Os p...
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As coisas estavam tensas na última hora. Todos estavam andando de um lado para o outro, com a ansiedade a mil. A sensação de que perderiam as vidas a qualquer momento.
Gen se sentia assim várias vezes durante o dia. Nesse dia, pela manhã, mal dormiu e fitava a beliche de cima, como sempre fazia. Perguntou, por pelo menos um tempo, se a sensação de morte iminente a deixaria algum dia. Talvez quando tudo isso acabasse. Talvez se Rick soubesse o que fazer. Esse pensamento a deixava ansiosa. Arrancou todas as peles ao redor do dedo e sua perna se movia freneticamente.
Mas Genevieve sentia que sim. Horas de conversas, seria impossível não pensar em uma solução viável para o grupo. Mas o Governador pode ser surpreendente, às vezes. Na verdade, quase nunca. Ele não é do tipo imprevisível, mas é frio e isso pode causar surpresa. Embora todos saibam quem ele realmente é.
As palavras de Rick foram claras sobre querer a prisão e todos os mortos. Mas será mesmo?
Cansada de encarar o nada, Gen se levantou de sua cama. Os raios de sol atravessam a alta janela da prisão. Andou descalça nas pontas dos pés e tentou não fazer nenhum barulho. Nenhum mesmo. Mas se assustou levemente quando encontrou Daryl parado, limpando algumas flechas.
O barulho chamou sua atenção e Gen suspirou, fechando os olhos com a mão no coração.
Daryl lançou um olhar penetrante. Lentamente, envolvendo suas flechas com um pano velho. Ele parou na metade do caminho, engolindo em seco.
— O que faz acordada? — ele perguntou.
Gen estava paralisada. Costumava fugir de problemas e fingia que eles nunca existiam. Mas é difícil fingir que Daryl não existe. Ela acredita que esteja na hora de uma conversa entre os dois.
— Sem sono — suspirou e respondeu.
— Hm.
Ela cerrou os olhos, resmungando incrédula. Sua cara era típica de quem não dormiu nada durante a noite. O rosto amassado, os cabelos desgrenhados e presos em um coque frouxo e baba seca no canto da boca. Mas Daryl não reparou em nada disso. Somente em suas olheiras fundas que, há poucos dias atrás, não existiam.
— É sério? — ela perguntou, rouca. — Você só vai falar "hm"?
Daryl parou o que estava fazendo, olhando nos olhos. Deu de ombros enquanto os seus enormes olhos verdes a encaravam com raiva.
Mas não com raiva dele. Um olhar cheio de raiva do mundo... uma tempestade contida nos olhos, como se cada injustiça, cada desilusão, cada dor tivesse se acumulado ali, formando um turbilhão de fúria. As pupilas, normalmente calmas e escuras, agora ardem com uma chama intensa, como brasas prestes a incendiar tudo à sua volta.
