Capítulo Treze: Desejo adoece garoto

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Eu vou ter um ataque cardíaco, de verdade.

É tão... Diferente. Sair com Yeonjun é diferente. Andar de mãos dadas é diferente. Poder falar abertamente disso é diferente. Dar selinhos roubados em público é diferente. Dar uma fugidinha da aula pra ganhar beijo (sem precisar implorar ou torcer o pé) é diferente.

Eu me sinto diferente.

E isso é assustador.

Parece que a qualquer momento alguém com algum tipo de contato com os meus pais vai nos ver e vai me dedurar e todo esse momento de paz vai por água abaixo, até me mudarem de novo e me afastarem dos meus amigos e de Yeonjun. Parece que a qualquer momento eles vão conseguir ler a minha mente ou decifrar algo de minhas mensagens, que me incrimine, que me dedure. Parece que a qualquer momento eu vou perder esse momento feliz da minha vida.

Porque quando você nunca teve um momento exatamente feliz, a única coisa que te assusta é o medo de ficar sozinho, de perder seus amigos, mas você sabe que se te pegarem, o que é ruim só vai se tornar outro tipo de ruim – é como trocar seis por meia dúzia. Mas eu estou feliz, de verdade, pela primeira vez na vida, meus amigos me apoiam, eu me sinto como eu mesmo e tenho liberdade pra sentir e me expressar... E sentir que podem me tirar essa felicidade a qualquer momento... Cara, é simplesmente desesperador.

E tem a culpa.

A porra da culpa.

Meus pais não merecem saber a verdade, mas me sinto culpado de não dizê-las. Yeonjun não espera que eu o apresente pra minha família de malucos, mas eu me sinto culpado de sair com ele "escondido". Kai e Soobin não me acham uma abominação por ser viado, mas eu me sinto culpado de estar beijando um homem (e eu nem vou entrar no mérito dos boquetes, que não são tão frequentes, mas existem).

Sair com Yeonjun me dá um tipo de ansiedade muito diferente, porque é um megazord da ansiedade: é culpa, é nervosismo bom, é nervosismo ruim, é medo, é desespero, é tesão, é felicidade, é tudo de uma vez.

E tudo isso sem contar a culpa que eu sinto quando alguém passa perto da gente e eu me afasto. Tipo agora. Yeonjun está me levando para nosso primeiro encontro oficial, relativamente perto do centro de doações. Por isso, andamos um pedaço do caminho de mãos dadas – até um homem um pouco mais velho aparecer na rua e eu o soltar imediatamente.

Ele não parece ficar chateado, mas eu me sinto mal... Ele provavelmente merece alguém que não tem medo de sair com ele. Mas Yeonjun é a pessoa mais compreensível do mundo e espera que a rua esvazie pra me dar um beijo estalado na bochecha e eu meio que quero entrar em combustão espontânea e morrer de vez.

— Chegamos.

Sua voz é doce e ele segura a porta do ambiente para que eu entre.

— Que lugar é esse? — Pergunto animado e ele sorri feliz para mim.

— É um bar gay. — Ele explica bem na hora que eu cruzo o corredor e encontro a extensão do local, repleta de arco íris, referências pop, decorações coloridas e mesinhas baixas com cadeiras de praia. E eu sinto como se o mundo tivesse parado, a música calma do ambiente me traz um conforto único e eu sinto como se nada pudesse me atingir. É como se uma onda de felicidade me atingisse. — Aqui é um lugar seguro pra gente que nem eu e você. Tá todo mundo tá no mesmo barco, não tem porque ter medo aqui.

Que ódio de garoto incrível.

Me viro para ele com um sorriso no rosto e o abraço pelo pescoço (era só pra roubar um selinho dele, mas deixa baixo). Pego sua mão e começamos a procurar uma mesa para nós, e encontramos uma bem debaixo de uma árvore cheia de bilhetinhos. Sentamos do ladinho um do outro e começamos a analisar o menu.

I'm Just Your Problem | TaekaiOnde histórias criam vida. Descubra agora