Londres | 30 de janeiro
Acordei com uma ligação perdida de Noah e muitas mensagens. Levantei-me da cama e fui para o banheiro tomar banho. Havia decidido ver as mensagens após o café. Assim que desci as escadas e fui para a cozinha, meus olhos seguiram a sombra no chão: pés grandes, boa forma física. Olhei para cima e vi Noah. Meu coração gelou.
- Noah? - Estava chocada com a presença dele. Ele não havia me dito se iria se mudar ou não. Droga, ele vai querer morar aqui.
- Amor! - Ele correu em minha direção e me abraçou - Senti tanto a sua falta - que mentiroso.
- Eu também - bom... eu também sabia mentir. - Veio me visitar? - Digo, saindo do abraço que ele forçou para ser apertado. Odeio os afetos da parte dele.
- Prepare-se para a notícia... me mudei para Londres - uau... é... uau.
- Nossa... que notícia boa! - Tá, sou uma péssima mentirosa.
- Não ficou feliz? - Seria ruim se eu dissesse que não? Creio que sim.
- Claro que sim, mas estou com sono e preciso ir para a escola. Você sabe que fico insuportável de manhã - meu pai veio da sala e se juntou à mesa.
- Bom dia, querida, dormiu bem? - Meu pai perguntou.
- Muito, mas tenho que ir. Nos falamos depois, Noah? - Digo, querendo sumir o mais rápido possível.
- Na verdade, eu também vou estudar lá.
Não, isso já era demais. Que porcaria.
- Mas onde você vai ficar? - Pergunto.
- Aqui. Onde mais eu ficaria? - Merda.
Ele não me ama. E se eu terminasse agora mesmo? Acho melhor não, ainda mais agora que ele se mudou para minha casa sem me contar nada. O estranho é que quero terminar, mas não tinha essa vontade antes de ver aqueles pares de olhos. Por que aquilo mexeu tanto comigo? Na verdade, eu tinha, sim, mas não com tanta convicção como agora.
- Vamos, amor? - Ele pergunta.
- Vamos - já que eu não tinha escolha, concordei. Não havíamos tomado café, mas esse é um dos meus menores problemas no momento.
Fomos para o carro dele. Ele tem um Porsche amarelo. Entramos, coloquei o cinto e ele começou a dirigir.
Tudo era falso. O amor dele também. Sorrisos forçados, olhares vazios, sem um pingo de amor. Nada era real, só o dinheiro envolvido no nosso "relacionamento". Vale a pena continuar com isso? Sabemos a resposta, mas ele não sacrificará o futuro dele só para tentar arranjar alguém que ame. Assim, ele afunda nos dois.
- Aconteceu alguma coisa? Você está estranha desde que cheguei - talvez eu esteja assim porque sei que a porcaria do meu namorado não me ama. Penso em silêncio. Não posso cobrar uma coisa que nem eu consigo sentir.
- Nada, só estou assim pela mudança. Minha cabeça está um caos - minto.
- Já comprou o vestido para a premiação? - Premiação? Como ele, que estava em Nova York, sabe da premiação do meu pai? Eu deveria saber. Deveria ter me preparado antes de Noah perguntar. Incrível como ele, que não é nada do meu pai, sabe mais coisas que eu, a própria filha. Coloquei a mão em meu cabelo e dei uma leve puxada. Faço isso desde que me entendo por gente.
A premiação já aconteceu no Brasil, Estados Unidos e agora na França. Acho tão idiota o fato de meu pai ser parabenizado por um trabalho que ele sequer tocou. Diria que o trabalho de fazer próteses humanas é lindo, mas meu pai não faz isso para ajudar, ele só faz pelo dinheiro. A empresa é de tecnologia e isso envolve próteses, além de aspiradores de pó automáticos, tablets, computadores... tudo que envolve tecnologia.
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Eu tentei,amor.
RomanceHISTÓRIA EM REVISÃO!! -Sinopse: Crystal acaba de se mudar para Londres, o motivo é um tanto quanto instigante, o seu tio acaba de falecer em Nova York, mas não de um jeito tradicional. Sua família em busca de paz, acha Londres o lugar perfeito, uma...