Capítulo um:

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Londres | 28 de janeiro

Como famílias normais que se amam devem se comportar? Sempre me fiz essa pergunta. Poderia dizer de mil e uma formas diferentes como minha família é perfeita, mas estaria mentindo. Odeio mentiras.

Bom, minha família é perfeita... em capas de revistas.

Queria não ser clichê e dizer que minha vida é impossível, mas, para mim, o clichê nunca foi tão real. A família Rizzo não é como diz ser. Eu não sou como indico ser. Meu pai, Ricardo Rizzo, é dono de uma das empresas mais populares do mundo, ou melhor, de Londres, a Technology Solution.

Odeio o fato de ser filha dele por várias razões; entre elas, o que mais me irrita é a mudança constante. Digamos que a empresa não é apenas de tecnologia; direi a real: tecnologia é só uma fachada, o verdadeiro negócio são produtos ilícitos. Talvez o trato da família seja esse: drogas.

Pelo menos tenho meu irmão Adam, que considero o único parente verdadeiro, meu conforto e meu lar. Sabe quando dizem aquele ditado "como é bom chegar no meu lar" ou "nada melhor do que estar no conforto de casa"? Bom, eu não sinto isso atualmente; essa casa nova é estranha, é fria. E não estou falando por ser gelada. O único momento em "família" é o jantar, e mesmo assim nunca vejo meu pai sentado à mesa conosco; ele prefere comer no escritório, por dizer que é mais silencioso. Minha mãe só obedece a ele; se ele disser que está ótimo, ela não contestará. Muitos falam que isso é amor; até mesmo minha própria mãe diz, mas eu não acredito. Nunca amei de fato; eu namoro, mas nunca senti tais borboletas, o frio na barriga ou dormir pensando nele. Bom, pelo menos são essas as sensações que os livros dizem que sentimos. Talvez você pergunte o porquê de eu namorar. Simples: meu pai é dono de uma empresa gigante. Isso significa imagens, imagens de quê? Da família perfeita que apresentam nas revistas. E o meu namoro entra nessa parte, como uma menina bonita, rica e... bom, eles não sabem outras características minhas além dessas. Não os julgo; talvez nem eu saiba.

Enfim, como uma menina desse tipo não namora? Será ela a filha imperfeita? Foi aí que meu pai colocou Noah em minha vida. Minha mãe não sabe, mas Noah é filho de Catherine, uma ex do meu pai.

Na época em que ele a namorava, ele não tinha a mesma fama que hoje. Arrisco dizer que ela foi o único e verdadeiro amor de Ricardo, meu pai. Mas ele não pôde permanecer com ela pela diferença de classe social; sendo mais clara, ela era pobre e meu pai já nasceu em berço de ouro.

Quando comecei a namorar Noah, ele era de classe média. Acredito que meu pai paga a mãe de Noah; a condição dele mudou misteriosamente após começar a namorar comigo. Será que ele é realmente pago para me namorar? Meu pai não acredita que consigo algo melhor? Ou ele só faz isso para manter a ex em sua vida atual? Acreditam em amor? Pois eu não. Nunca amei e, pior, já fui amada? Gostaria de conseguir responder a essa pergunta que para muitos é básica, mas infelizmente não sei a resposta.

Noah é um bom amigo, mas sei que não me ama. Ficaria chateada se amasse ele, mas não o amo.

Ele e Adam são amigos de longa data. Poderia ser o caso daqueles romances onde o amigo do irmão da protagonista se apaixona por ela, mas infelizmente não estamos nem em um livro, nem em um filme.

Voltando a falar sobre meu querido e amado papai, sabe o exato momento em que você descobre que não é mais a princesinha do papai? Então, eu nunca fui a tal princesinha, nem sei de fato quem ela é, ou se existe. Será que ela é real ou é só um daqueles contos que nos enganam para pensarmos que a vida é um morango?

Quando era pequena e minhas amigas da escola diziam que seus pais liam contos de fadas para elas antes de dormir, eu inventava que o meu pai fazia ainda melhor. Dizia que ele contratava uma princesa verdadeira todas as noites para ler sua própria história para mim. Não havia princesa, muito menos um pai atencioso.

Eu tentei,amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora