SEIS

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House voltou à consciência com um pensamento agradável passando por sua mente. Memórias da noite anterior o atacaram, cena por cena, e ele estremeceu.

Ele nem se perguntou há quanto tempo gostava de homens, nem se perguntava há quanto tempo gostava de Wilson. Ele realmente não entendia o que tinha acontecido. Ele só podia ter certeza de uma coisa; ele tinha gostado.

Naquela noite ele sentiu mais prazer do que nunca, não só fisicamente, mas também emocionalmente. Saber que quando ele abrisse os olhos veria um Wilson nu dormindo ao lado dele aqueceu seu coração.

Ele queria ver em primeira mão, então acordou completamente e olhou para o lado com um sorriso.

Quase imediatamente, aquele sorriso desapareceu,Estava só.

Intrigado, ele saiu da cama e examinou cada cômodo, um por um, pensando que, como sempre, Wilson havia se levantado antes dele e que ele estaria em algum cômodo.

Porém, algum tempo depois, ele percebeu uma coisa,Wilson havia partido.

House sentiu a tristeza tomar conta dele. Ele teria gostado de acordar juntos.

Ele notou um bilhete na mesa da cozinha e o pegou nas mãos.

"fui trabalhar,tenho uma consulta urgente.

-Wilson"

Seus olhos azuis percorreram essas duas linhas repetidas vezes, em busca de algum sinal de afeto que havia passado despercebido. Mas ele nunca encontrou.

Ele olhou na lata de lixo, mas também não conseguiu encontrar nenhuma outra nota amassada com a qual tivesse praticado. Foi apenas isso, rápido e inexpressivo.

Ele se sentiu desapontado e incrédulo. Wilson fugiu para o trabalho para evitar vê-lo? Sim, Muito provavelmente.

Ele se perguntou se wilson estava tão confuso quanto ele e não sabia como lidar com a situação. Sim, provavelmente mais do que ele. Ele era mais aberto, não seguia as regras e não se importava com tudo. Wilson, por outro lado, nunca havia quebrado um prato na vida.

Eu tenho que falar com ele.

Com essa intenção ele saiu do apartamento do companheiro e seguiu de moto para* Princetown Plasboro*.

-Olá.

Wilson ficou tenso assim que ouviu a voz dele. Ele sabia que, infelizmente para ele, havia chegado a hora.

-Bom dia, House.- respondeu ele, agradecido por sua voz soar a mesma de sempre.

House observou da porta enquanto Wilson procurava um livros entre os livros das
prateleiras.

-Você não estava em casa esta manhã. - comentou ele.

Wilson percebeu um toque de aborrecimento em sua voz e respondeu.

-Eu escrevi um bilhete para você, Eu tive uma consulta.

Wilson estava além de desconfortável. Deus, eu nem sabia o que pensar ou fazer. Como eu deveria agir? Que havia passado ?

-E você já terminou? - House perguntou enquanto seu amigo continuava procurando pelo livro inexistente - eu diria que é um pouco cedo.

-Quando eu diagnostico meu paciente não há muito mais o que fazer. Você sabe, coisa de câncer. - Wilson mentiu, sentindo-se malvado em usar algo assim para fugir.

House continuou a observá-lo por mais algum tempo e ele não precisou somar dois mais dois para perceber o que estava acontecendo.

-Que tal você parar de fingir que está procurando um livro para não ver meu rosto e
falar a verdade? - ele perdeu a cabeça.

Wilson suspirou e finalmente se virou, olhando-o diretamente nos olhos. Ambos sentiram um formigamento estranho e como o pulso acelerou, fora o desconforto inicial.

-Não há nada a dizer, House.- respondeu Wilson, conseguindo manter o olhar por apenas alguns segundos.

House percebeu que ele se esquivava dele e presumiu que Wilson estava se lembrando da noite anterior.

-Você pode não saber o que dizer, mas não me diga que não há nada a dizer.- ele bufou.

O moreno suspirou novamente e encolheu os ombros.

-Olha, estávamos assistindo filme pornô, você estava animado, eu também... - ele começou a explicar, mas foi rapidamente interrompido por House.

-Quer que eu acredite que foi só isso?calor só momento?

Wilson cerrou a mandíbula e assentiu.

-Foi só o calor do momento.

House balançou a cabeça e deu alguns passos na direção dele.

Wilson, tendo a estante atrás dele, não conseguiu recuar.

-Isso não foi só calor do momento, Wilson.- disse ela, olhando profundamente nos olhos dele - Você adorou tanto quanto eu.

Wilson balançou a cabeça novamente, tentando negar o que era óbvio, e havia pensado a mesma coisa no dia anterior.

-Você está me dizendo.- House continuou, aproximando-se ainda mais de Wilson até ficar a poucos centímetros de seu corpo - Que você não sente nada?

Wilson sentiu o coração batendo forte no peito e, inconscientemente, passou o olhar por todo o rosto de House, dos olhos aos lábios.
"Não", ele disse com voz fraca.

House olhou para ele por um longo momento antes de responder.

-Bem.-disse ele, afastando-se abruptamente alguns passos para trás -então não há mais nada a dizer.

E ele saiu da sala, finalmente devolvendo a Wilson a capacidade de respirar.

House, do lado de fora, encostou-se na porta de seu escritório, fechando os olhos com um suspiro. Wilson tinha sentimentos por ele, ele tinha percebido isso. Então por que ele se preocupou em esconder isso?

Wilson sentiu-se enfraquecer quando finalmente ficou sozinho e sentou-se na mesa.
Ele estava cansado e terrivelmente confuso. Ele se recusou a aceitar a realidade... Ele não sabia o que fazer.ele estava realmente se apaixonando por House? Ele se sentiu mais perdido do que nunca.

Quase sem perceber, Wilson começou a chorar. Algumas lágrimas deslizaram por seu rosto e muitas outras as seguiram. Estava quebrado.

House, que ainda estava encostado na porta, tentando superar o momento que acabavam de vivenciar, ouviu-o e decidiu voltar para dentro. Desta vez sem piadas ou zombarias, sem ultimatos ou agressões. Seu amigo precisava dele e ele estaria lá para ajudá-lo.

Wilson não se preocupou em se esconder e continuou chorando como se estivesse sozinho. Doeu em House vê-lo assim e ele rapidamente se aproximou dele.

-Wilson.ele suspirou, acariciando seus cabelos e deixando-o com ternura um beijo. House se agachou até sua altura e segurou seus ombros - Escute-me, Eu sei que você está confuso, eu sei que você não sabe o que fazer. Só quero que você saiba que, acima de tudo, sou seu amigo e sempre serei seu amigo. Se você quer fingir que nada disso aconteceu, vamos lá, eu entendo. O que quer que você decida, estou aqui.

O choro de Wilson aumentou com essas palavras, mas seu coração se acalmou.

House então o abraçou e, não aguentando mais, Wilson o cercou e se refugiou nele.

-Não sei... não sei o que fazer.-confessou ele em voz baixa, abraçando-o.

-Eu sei.-disse House, acariciando seus cabelos castanhos. -Tudo vai ficar bem.

APENAS UM PASSOOnde histórias criam vida. Descubra agora