Amor nos torna patéticos

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Sexo é imaginação, é fantasia

Amor é prosa, sexo é poesia

O amor nos torna patéticos

Sexo é uma selva de epiléticos

Aventurine estava achando aquela história inteira uma completa palhaçada, e esperava que quando acordasse no dia seguinte, já não restasse mais do que a lembrança bêbada de um sonho alucinógeno. A realidade, entretanto, lhe pregava uma peça muito maior do que ele podia imaginar.

Quando acordou pela manhã, tudo parecia normal num primeiro momento. Aventurine se levantou de sua cama confortável sentindo a ressaca embrulhar seu estômago e a cabeça doer. Saiu preguiçosamente pelos corredores do casarão onde vivia, achando mais uma vez que a cozinha era longe demais e deveria construir uma copinha com uma cafeteira perto dos quartos. Desceu as escadas. A casa vazia lhe lembrava que era fim de semana e os empregados estavam de folga; teria que fazer seu próprio café. Esfregou os olhos e arrastou os pés até a cozinha, vendo a mesa posta, o café pronto, torradas e um omelete o aguardando. Do outro lado da mesa, Veritas Ratio lia o jornal como se estivesse desinteressado.

O loiro estava enjoado, mas faminto. Comeu sem pensar muito, tomou o café, sentindo o calor da bebida aquecer seu peito. Relaxou um instante, sentindo a alma voltar ao corpo, à realidade. Sentiu o universo palpável ao redor de si, voltando a compreender a vida, o universo e tudo mais, e então abriu os olhos arregalados.

Veritas virou a página do jornal e percebeu a expressão aturdida do outro, arqueando uma sobrancelha.

— Perdeu algo na minha cara? — perguntou afiado.

Aventurine enrugou a cara como se tivesse chupado um limão azedo, rosnando para o mais alto imediatamente.

— O que diabos você está fazendo na porra da minha casa? Você devia ter desaparecido! Eu nem te conheço! — bufou.

Ratio suspirou, fechando o jornal e cruzando as pernas.

— Caso não se lembre, quem fez uma maldita aposta com deuses foi você. O deus da sorte comprou sua aposta idiota e agora eu preciso ganhar pra voltar à minha vida. Até lá, você vai ter que lidar com a minha presença.

— Que porra de aposta? Eu não fiz aposta nenhuma... — a recordação de suas palavras na noite anterior voltou como um flash, fazendo Aventurine tocar o cenho, suspirando. — Foda-se. Você não vai ficar na minha casa.


Se houvesse algum vizinho do lado de fora naquele domingo, veria a cena mais bizarra que já aconteceu naquela parte da cidade, com Aventurine empurrando um homem muito maior que ele para fora de casa como se fosse uma mala sem alças. Ratio viu a porta se fechar atrás de si num baque e respirou fundo, levando as mãos às têmporas e massageando o local por algum tempo antes de suspirar e invocar algum tipo de magia. Um símbolo mágico se iluminou em dourado no chão e então uma pessoa emergiu dali como se elevada por um tipo de plataforma a partir do subsolo.

Boquiaberta, a vizinha da frente tentou gravar com seu celular, mas o aparelho caiu de suas mãos e escorregou pelo telhado a partir da varanda onde ela estava, pousando sobre o gramado da frente de sua casa e trincando a tela. A mulher resmungou, mas nem Ratio, nem o recém-invocado ouviram seu murmúrio.

— Estou farto dessa palhaçada. Me liberte dessa porcaria de aposta nesse exato momento, Boothill. — Ratio cruzou os braços em frente ao peito imediatamente após o homem invocado abrir seus olhos.

Boothill, o deus da sorte, abriu um sorriso quase sarcástico ao ouvir aquela demanda, apoiou as mãos na cintura e pendeu a cabeça para o lado.

— Ué, você devia pedir isso pra quem fez a aposta, não pra mim. Eu sou só um mediador, a aposta foi feita entre você dois, parceiro.

Amor é Sorte (Ratiorine)Onde histórias criam vida. Descubra agora