Amor é pra sempre

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Amor é um livro, sexo é esporte

Sexo é escolha, amor é sorte

Amor é pensamento, teorema

Amor é novela, sexo é cinema

Aventurine acreditou a vida inteira que sua sorte nos jogos equilibrava seu azar no amor. O custo de sua sorte extrema em qualquer aposta era claramente sua solidão. Kakavasha não tinha ninguém. Nenhum amigo em quem confiava, nenhum familiar. Em contrapartida, era popular e estava sempre cercado de todos os tipos de pessoas, fazia muito dinheiro com investimentos e com apostas, mas a vida parecia vazia ainda assim. Mesmo com a riqueza, sentia-se incompleto. 

Isso é, até aquela noite.

Depois que sua vida tinha virado de cabeça para baixo por causa daquela gente, o mundo parecia mais colorido e diferente. Talvez houvesse uma oportunidade até mesmo para ele confiar em alguém. Amigos que enchiam sua casa com risadas e confusões, gente com quem ele podia contar quando as coisas davam errado, um colo onde descansar sua cabeça em momentos tristes. Agora era verdadeiramente rico.

Era cedo pela manhã, mas a casa estava cheia de vozes e risos. A mesa cheia com um bando de malucos aos quais chamava de amigos. Argenti, Boothill, Gallagher, Sunday e Ratio, todos juntos, rindo de alguma baboseira dita pelo deus da sorte. Um sorriso se desenhou em seu rosto sem que ele sequer notasse, estava genuinamente feliz, talvez como nunca estivera antes.

Já fazia quatro anos desde que toda aquela gente tinha se mudado para sua casa, mas ele já não tinha nenhum desejo de que fossem embora. Na verdade, ainda no primeiro ano eles tinham se oferecido para ir embora, exceto Ratio, que ainda tinha uma aposta em jogo, mas o loiro tinha insistido para que ficassem lá. Não sabia exatamente porque gostava tanto deles, mas gostava. 

Sobre Ratio, havia muito o que pensar sobre o deus do conhecimento, mas Aventurine sabia que era praticamente incapaz de fazê-lo quando estavam a sós, já que se sentia terrivelmente tentado a acabar nos braços dele outra e outra vez. Era inevitável, e por mais que repetisse para si mesmo que era só sobre o sexo, no fundo só não queria aceitar a verdade: Ratio o fazia feliz. Aventurine tinha perdido aquela aposta, e agora temia que no momento que admitisse isso em alto e bom tom, toda aquela felicidade fosse embora.

Juntou-se ao grupo, puxando uma cadeira para si, recebeu cumprimentos de todos os presentes, respondendo-os ainda com sua voz sonolenta. Recebeu um beijo no rosto vindo de Ratio, despretensioso, comum e rotineiro. Ninguém se assustou, eles já “estavam juntos” há algum tempo, todo mundo sabia. Todo mundo devia saber sobre o que ele sentia àquela altura, mas o medo ainda era uma constante; uma constante que não iria embora enquanto ele não perguntasse.

— Então… — iniciou, inseguro, evitando os olhares de todos e concentrando seus olhos na faca enquanto cortava um pedaço de suas panquecas. — Estava pensando… Simplesmente lembrei daquela aposta…

— A raposa estava pensando? Uau, isso realmente é raro. A gente devia fazer uma festa pra comemorar. — Ratio zombou, bebendo um pouco de café e tomando um tapa do loiro. Todos seguraram a risada; era algo de rotina Ratio e Aventurine se zombarem, mas era melhor não atazanar demais o dono da casa.

— Cala a boca, babaca, não pode me deixar falar um minuto? Credo! — Aventurine resmungou, mas riu em seguida. — Como estava falando, eu estava lembrando da aposta que nos trouxe todos aqui e… eu percebi que perdi.

— E demorou todos esses anos pra notar ainda, é mesmo um garoto sonhador, este. Sunday, por favor, pegue leve com Aventurine, sim? — Ratio voltou a zombar, como se o loiro tivesse dito a coisa mais óbvia do mundo naquele momento.

— Está querendo colocar a gente pra correr da sua casa? — Boothill perguntou, o cenho se franzindo em confusão. — Eu pensei que a gente estava vivendo numa boa… Mas que caralho…

Argenti suspirou tomando a frente para concluir o que o deus da sorte tinha iniciado. — O que o Hill quis dizer é que todo mundo meio que percebeu que você está feliz e que Veritas teve grande parte nisso, o que fazia dele o vencedor da aposta, mas meio que achamos que vocês dois preferiam viver dessa forma mesmo, e a gente acabou ficando por aqui também já que você não parecia incomodado.

Aventurine piscou duas vezes, erguendo o rosto para encontrar os olhares confusos dos deuses; Gallagher, por outro lado, parecia não ligar muito para o assunto, já que não estava por dentro de tudo desde o início.

— V-vocês sabiam? — as orelhas começaram a esquentar violentamente, e em seguida o rosto também corou.

— Claro, senhor óbvio. Agora volte a comer suas panquecas, sim? — Ratio recomendou, rindo baixo antes de bagunçar os cabelos dourados do dono da casa. — Era óbvio desde o início que eu ganharia essa aposta, só que você é teimoso demais para admitir. — gabou-se.

Aventurine largou os talheres e escondeu o rosto nas mãos enquanto os amigos riam, divertidos, da cena.

— Eu pareço estúpido!

— Você é estúpido, meu amor, agora toma seu café antes que esfrie. — o deus respondeu em tom jocoso, negando com a cabeça e voltando a tomar seu desjejum.

Ratio era um babaca, mas Aventurine o amava. O lado ruim era que o deus sabia muito bem disso; o bom, era que o sentimento era recíproco.

Amor é Sorte (Ratiorine)Onde histórias criam vida. Descubra agora