Got you

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Capítulo Vinte e Dois:

O perigo e o prazer andam de mãos dadas. Isso porque o prazer momentâneo pode levar ao arrependimento eterno. Ainda assim, ele não deixa de ser prazeroso.

Acordei na manhã seguinte decidida a não sussurrar e falar a mim mesma sobre como eu mataria Aegon, ou sobre o meu ódio por Aemond. Tudo são palavras meramente ditas por uma garota com ódio, e eu não era mais uma garota.

—Senhora Daenys, está pronta. – Anna, minha nova criada, havia acabado de me arrumar.

Um longo vestido roxo, como pedido, e uma longa coroa de tranças por todo o cabelo. Passei o dia pensando no que poderia fazer para finalmente colocar minhas palavras em prática e torná-las realidade, agora estava pronta.

Anna passa uma capa por todo o meu corpo, cobrindo o vestido chique.

—E Josua? – Pergunto por meu escudeiro real.

—Voltou à pouco de Dragonstone... o Rei Aegon o chamou imediatamente para perguntar o que ele foi fazer lá.

Espero que ele saiba mentir bem.

—E Tancus?

Haviam levado meu dragão mais novo, Tancus, para Dragonstone, a fim de passar o breve recado a Rhaenyra de que se ela estivesse sobre posse de Daeron, todos estariam mortos. O castelo todo estava em uma busca desesperada por meu irmão, mas tudo o que conseguia pensar é na falta que eu não sentia dele.

—Ainda não voltou, Senhora.

Respiro profundamente e ajeito a capa sobre meu corpo, não poderiam me descobrir. Diferente de todos os meus irmãos mais velhos, eu nunca havia entrado em uma casa de prazer, e durante parte de minha infância, esse foi um dos meus pesadelos. Uma vez, Aegon levou Helaena até lá, para lhe mostrar coisas que desconheço até hoje, tudo o que sei é que minha irmã voltou traumatizada.

—Vamos.

Descemos as escadas até onde Anna havia me indicado por haver uma passagem secreta. O castelo estava cheio delas, mas eu conhecia poucas que davam acesso imediato à cidade. Pelo que sei, Rhaenyra ignorou todas as cartas que foram enviadas à ela sobre a morte de Lucerys, algumas pessoas têm formas diferentes de lidar com o luto, isso é fato.

King's Landing possuía um cheiro pior do que os ratos que encontramos enquanto descíamos pela passagem secreta. Cheirava a esgoto, no caso, pessoas pobres, o povo. O nojo que eu sentia deles, homens bêbados, mulheres descaradamente dadas e comidas por homens nojentos. Em Sothoryos, o povo trabalhava constantemente por uma sociedade justa, ou por sobrevivência, diferente dessa cidade.

—Abaixe a cabeça princesa. – Faço como Anna me ordena, e vamos parar diretamente nos braços de uma casa de prazeres aparentemente famosa, já que dezenas de homens entram e saem satisfeitos.

—Tem certeza de que é esse o lugar? – Pergunto, mas a dúvida se cessa ao entrar no local e ver o que não queria ter visto.

Homens e mulheres gritam por todos os lados, enquanto bebem e fodem ao mesmo tempo. É a coisa mais asquerosa que já vi em minha vida, e me condeno mentalmente por me lembrar de Aemond ao ouvir os gemidos sórdidos.

—Porque essas mulheres se sujeitam a isso? – A curiosidade não permitia que minha cabeça se mantivesse abaixada.

—Elas precisam sobreviver, Princesa.

—Eu também preciso sobreviver naquele castelo, mas nunca me sujeitaria a isso. – Andamos pelo lado com menos gente, e todos pareciam ocupados demais para se importar com nossa presença.

Fire And Blood || House Of The DragonsOnde histórias criam vida. Descubra agora