Ao chegar na fazenda, logo fomos recepcionados; porém, a recepção para eles foi mais gentil, pois as meninas estavam furiosas comigo — principalmente Laura.
— Puta que pariu, Thaynara! Você tá com fogo no rabo, é? Onde você foi se meter? Parece até criança!
— Tá bom, amor, desculpinha, ok? Prometo nunca mais fazer isso. — Eu tentava preservar minha calma, a verdade é que eu já estava cheia de tanta discussão.
— Onde você tava? — Jack também se reuniu à confusão, mas apenas me questionava sem se desequilibrar, diferente de Laura, que já dava para ver suas veias alteradas da testa.
Eu simplesmente falei o que tinha que falar. O respondi normalmente, ignorando por completo a cólera da minha amiga, enquanto os quatro donos da propriedade se abraçavam e agradeciam aos céus por cada um deles estar bem, porém logo ficaram aos cochichos — aposto que falando da gente. Meus amigos me perguntaram quem eram os dois com quem vim, e respondi que eram os até então desaparecidos.
— Eu não sabia que o Norman e a Lindy já haviam abrigado você aqui, isso é uma coincidência muito boa. Ainda mais com seus amigos — dizia Mark.
Mas eu estava sentindo uma parada estranha ali, eu sei lá como explicar; coisas assim não se explicam, apenas se sentem. Eles agradeceram a mim mais uma vez, e como uma forma de comemorar, fariam um jantar. Eu neguei, pois não ajudei esperando alguma coisa em troca, eu só fiz porque sim... Eu não sou uma filha da puta que vê uma desgraça e só fica com os braços cruzados. E ainda mais com esse mundo maluco, não confio nem na comida — pois é, tem isso também. Mas sei lá, pode ser só uma paranóia. Esse mundo mexe com a mente da gente — ainda mais com a mente fraca do ser humano.
Insistiram, mas não conseguiram me persuadir; sou uma pessoa difícil, tenho que admitir. Depois do rolo todo, fui pôr os suprimentos dentro de um dos trailers, e encontrei o Daeg efetuando o jogo da faca — sabe, aquele de fincá-la entre os dedos.
— Ah, você voltou... — disse ele distraído, mas concentrado o suficiente para não amputar seus dedos.
— Pra sua infelicidade, sim. — Joguei a mochila sobre a mesa, tirando Daeg do foco. Ele olhou para mim, e seu olho me fez ter pena.
— Foi mal... você sabe... pelo... pelo soco... — eu me desculpava meio relutante, coçando a sobrancelha e me mordendo por dentro. Uma coisa que eu odiava era voltar atrás dos meus atos. Tipo, tá certo que você precisa se desculpar por algo mau que você fez, eu sei disso, mas você já fez aquilo, desculpas não mudará o passado, por mais que você se ajoelhe e implore por perdão. Ela só é classificada como um substantivo simples, ou seja, uma outra palavra qualquer. Mas... sei lá. Eu realmente me senti mal quando vi o olho dele daquele jeito todo fodido.
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☣ 𝐃𝐢𝐚́𝐫𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐮𝐦 𝐀𝐩𝐨𝐜𝐚𝐥𝐢𝐩𝐬𝐞 ✍
Horror☣ Saindo de seu país natal, três amigas deixam tudo para trás em busca de uma nova vida em terras distantes. Mas mal sabiam elas do azar quase fatal que aguardavam-nas à espreita. O que deveria ser um recomeço, se transforma em u...