Time Bomb - THIAM | hiatus.

0.3

Liam odeia ser pobre.

Claro que ele não é do tipo de passar fome ou não ter moradia, mas olhar o preço das câmeras definitivamente o deixou tenso. Ele estava em um pequeno brechó porque Scott havia dito que ele encontraria tudo que quisesse ali.
E agora Liam tem certeza que Scott não mentiu enquanto observava todas as pequenas câmeras espalhadas pela enorme mesa de madeira escura, papéis de caderno com os preços grudados na mesa com fita adesiva logo abaixo das câmeras informando seus preços.

— Quinhentos dólares por uma câmera desse tamanho?! — Liam resmungou alto o suficiente, puxando a câmera mais parecida com a de Theo.

— Está em bom estado, garoto. — O senhor Milyukov resmungou do outro lado da loja, sua voz rouca sendo seguida de algumas tosses.

— Que roubo...

Liam respirou fundo, segurando na câmera com cuidado enquanto repensava suas ações e mordia os lábios, um costume clássico. Engoliu a bile repentina que surgiu em sua garganta se deixando levar pela única coisa que tentava não fazer: pensar. Com os ombros tensos, Liam trocava o olhar da câmera até o papel com um enorme 500 torto escrito como se ele fosse magicamente ganhar dinheiro o suficiente pra isso ou o senhor Milyukov ter pena do seu olhar de gatinho abandonado e lhe dar de graça.

E seus pensamentos se expandiram para além da câmera e seu preço absurdo, Theo.
Theo era estranhamente familiar. De alguma forma esquisita Liam se via atraído por ele. Não era do tipo paixão mas sim algo instantâneo, como se ele conseguisse sentir a presença de Theo onde quer que ele estivesse ou alguma coisa assim, tipo um superpoder inútil.
Até dois dias atrás, Theo era um desconhecido e de uma forma muito estranha Liam se abriu de alguma forma. E surpreendentemente Theo também.

Dois estúpidos em uma sala coberta de tinta falando sobre suas paixões estúpidas, o que poderia dar errado? Liam esperava qualquer coisa, possivelmente até um beijo e uma pegação digna de filme, mas não câmeras quebradas e quadros arruinados. E ele se sentia... Desconfortável sobre isso. De alguma forma ele se incomodava, mas ao mesmo tempo não.
Liam queria abraçar Theo e pedir desculpas, porque quebrar a câmera de um cara que confessou ter sentido a maior felicidade da vida apertando só um botão definitivamente era coisa de filha da puta, mas ao mesmo tempo ele queria mandar Theo pro inferno por ter arruinado sua pintura.

Ele podia sentir sua cabeça trabalhando, seu cérebro enviando os sinais que seu corpo precisava enquanto sua boca de repente tinha o gosto amargo da culpa. Liam se sentia culpado.

— É um presente? — O velho resmungou, mas Liam ficou quieto. Era um presente ou alguma outra coisa?

— Um pedido de desculpas.

E os dois caíram em silêncio de novo, o velho apenas tossindo e resmungando aos fundos enquanto Liam encarava a câmera em perfeito estado e quase idêntica a de Theo, com os mesmos adesivos iniciais porém só uma diferença; a câmera de Theo tinham diversos adesivos de unicórnio e aqui só havia de uma borboleta.

— Ei, senhor... — Liam gritou, ouvindo o velho resmungar de longe — Já teve algum momento da sua vida que você... Estragou tudo?

— Veio a minha loja pedir conselhos de vida? — Ele riu, começando a tussir em seguida. Liam apenas suspirou enquanto suas bochechas esquentavam. — Bem... — Começou, sua voz grave, trêmula e rouca atraindo a atenção de Liam mais uma vez — Uma garota no segundo ano. Eu pensei que iria me casar com ela, sabia? Nos aproximamos rápido até demais, — Os dentes de Liam ficaram mais forte contra os seus lábios — então pensei que fossemos almas gêmeas.

— E como o senhor estragou tudo?

— Fui orgulhoso.

A cabeça de Liam começou a martelar ainda mais forte, lembrando do motivo dele estar naquele brechó desconfortavelmente escuro e com cheiro de naftalina junto de mofo, com as coisas empilhadas de qualquer jeito. Liam literalmente se aventurou ali dentro porque tudo era uma bagunça, repleta de estantes e coisas velhas. As câmeras estavam bem no fundo, então Liam está no quinto dos infernos agora.