"Eu vou esquecer o Liam"
Era o que Theo repetiu desde o dia em que ele mesmo decidiu se torturar para alimentar a fantasia inexistente de que ele teria Liam em seus braços algum dia, para saciar a vontade de vê-lo, mesmo que isso o deixasse enjoado. Foi em uma sexta-feira que eles fizeram seus encontros semanais de ir treinar a mira de Matt na floresta, como eles faziam desde pequenos.
O som dos tiros já era familiar, não era alto e assustador como era anos atrás-mas eles estavam acostumados a ouvir, não a receber. Cada tiro que Matt que era disparado contra aquele alvo maldito fazia seu peito doer.
Mesmo quando eles — Theo e Alec, obviamente — voltaram uma hora depois para a floresta com os cabelos bagunçados e sorrisos estúpidos no rosto depois de uma intensa sessão de amassos dentro da camionete, Theo ainda não foi capaz de esquecer Liam.Nem com os encontros cada vez mais recorrentes, desde sexta — o dia do encontro infeliz com Liam — até sábado "invadindo" o quarto de Alec diversas vezes ao dia, principalmente à noite para terem um pouquinho de diversão, para Theo ter que tapar a boca dele com suas mãos e mandá-lo ficar quieto, senão seus pais iriam escutar.
Entretanto, no domingo Theo não foi na casa dele porque quem teve essa iniciativa foi Alec.
Ele bateu duas vezes na porta do quarto antes de entrar, os olhos inchados pelas lágrimas e os cachinhos bagunçados. Então, com os braços cruzados, ele disse que Liam estava andando com Josh agora e que teve uma discussão feia com Nolan.
Eles ficaram uns dez minutos em silêncio, com a cabeça de Theo doendo de tanto girar e o barulho irritantemente alto dos tiros da arma de Matt o assombrando, atirando em cada cantinho do seu coração.Dez minutos até Theo se levantar tão rápido que derrubou a cadeira em que estava sentado no chão e pressionar Alec contra a porta do quarto. Com a língua dentro da garganta dele e suas unhas arranhando sua cintura, Theo repetia que ia esquecer Liam.
E era tão engraçado como poucas horas depois, no mesmo dia, ele estava deitado ao lado de Liam no telhado — contando histórias da infância e compartilhando um maço de cigarros, conversando sobre Tara e a mãe de Liam que ele ainda não sabia o nome. Ele finalmente pôde sentir a sensação de tê-lo em seus braços, e era surreal.
Nem com todas as palavras em todas as línguas do mundo Theo conseguiria explicar como se sentiu. Todas as incontáveis fodas que ele teve com Alec nunca iriam satisfazer da mesma forma que abraçar Liam o satisfaz.
Então os dois entraram outra vez, Liam quase tropeçando nos galhos e Theo tendo que tirar seus tênis sujos de barro porque Liam estava preocupado em sujar o chão do seu quarto, e essa era a coisa mais atenciosa que ele já experimentou. Eram exatas quatro e cinquenta e cinco da manhã quando Theo abraçou Liam uma última vez para dormirem. Ele se rastejou para baixo e enfiou seu rosto no peitoral de Liam, resmungando quando o porrinha não calava a boca.
Era engraçado que Theo nunca queria que Liam parasse de falar — ele poderia ouvir sua voz, sua risada, seu choro, seus gritos, qualquer coisa por todo o resto da sua vida, mas ele tem que manter as aparências de cuzão.
Uma última vez... Theo não teria considerado aquilo uma última vez duas semanas atrás, mas agora, ele está enlouquecendo. Ele está no nível de arrancar os próprios cabelos ou, sei lá, perseguir Liam nas ruas.
Ok, isso é exagero, mas foda-se.
Duas semanas.
Duas fodendo semanas que Liam não responde a nenhuma de suas mensagens ou conversas, mesmo que ele seja obrigado a fazer isso. Toda segunda, quarta e quinta ele para lá na frente da mansão, entregando o sorriso mais adorável que Theo já viu para Peter para passear com os cachorros. Ele é todo educadinho, mantém a postura e vive com as bochechas avermelhadas, mas nem sequer olha na cara de Theo enquanto arruma a coleira do Spike - cachorro da Malia.
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Time Bomb - THIAM | hiatus.
FanfictionTheo e Liam, ambos de olhos profundos e corações inquietos, sofriam por motivos que eram reflexos um do outro. Theo, com seu cabelo escuro como a noite sem estrelas, escondia a tristeza atrás de um sorriso radiante que iluminava qualquer ambiente. L...