Time Bomb - THIAM | hiatus.

0.5

Theo gostaria de ser um artista agora.

Claro que a fotografia está dentro do mundo das artes, mas Theo não quer toda essa merda de apertar botões, ajeitar filtros e editar fotos depois ou simplesmente colar fotografias estúpidas dele, dos amigos e da irmã na parede do quarto e fingir que olhar pra todos aqueles polaróides não lhe dá vontade de cortar os próprios pulsos. Ele queria ser igual a Liam que usa todos os tipos e combinações de cores e pincéis, cria uma vida ao invés de simplesmente fotografar uma, porque aí ele não iria sentir falta daquela câmera de merda.

Eles estavam todos ali, reunidos em um ponto específico da reserva—lê-se como: no meio do nada—para tentar distrair Theo. E realmente estava funcionando mas não da forma que eles queriam, porque ele não estava concentrado nos seus amigos falando merda e rindo juntos, não. Ele está no meio da reserva, a bunda desconfortável por ter sentado em terra molhada enquanto encara o nada, pensando em Liam. Pensando em como ele queria que Liam estivesse ali, como ele queria ser como Liam, como ele é estúpido por se permitir isso.

Pessoas com o mínimo de amor próprio nunca permitiram pensar e sentir falta de um cara que lhe espancou, quase como se a culpa de tudo fosse sua, e trouxe pesadelos que ele tem tentado apagar desde muito novo, mas lá está Theo.

Sabe quando você fica encarando um ponto sem pensar ou sentir absolutamente nada, como você não parece realmente existir naquele momento, apenas um fantasma encarando o nada que ele esperasse que, de alguma forma, o trouxesse de volta, fizesse seu coração bater de novo? Talvez você não saiba, é algo complexo demais pra qualquer um entender. E Theo não entende.

Ele se encolheu, abraçando as pernas enquanto escondia o rosto, o cigarro no meio dos seus dedos ameaçando cair, mas ele não se importava com isso. Fechou os olhos com força, tanta força que lhe deu dor de cabeça, porque se ele olhasse para os próprios tênis sujos de tinta ele ia roubar a arma das mãos de Matt e dar um tiro na própria cabeça.

Liam. Liam. Liam. Liam.

Ele deveria estar feliz lá, ele sempre esteve. Era o ponto de encontro deles, onde todos iam nos finais de semana para ver Matt treinar a mira em um alvo que Isaac pintou, onde eles conversavam e falavam mal dos outros, atualizaram as fofocas que não tiveram tempo de fazer no meio da semana. Era onde Érica pintava as unhas de todo mundo, onde eles compartilhavam os cigarros, onde eram eles mesmos sem medo de julgamento, onde eram amigos que genuinamente se amavam.

Mas Theo não consegue.

— Aiden, que cor você quer? — Érica perguntou segurando o anelar de Alec, girando para conseguir pintar sem borrar tanto.

— Tem azul aí?

— Todos os tons que você pode pensar, baby.

Azul é a cor de assinatura de Liam. Seus olhos, a parede do seu quarto, a tinta, as camisetas que ele vive usando... Azul, azul, azul. Liam, Liam, Liam.

— Ooh, tem amarelo? — Ethan sorriu.

— Quem pinta as unhas de amarelo, cara?

— Fica quieto, amarelo é uma cor legal.

Amarelo é a cor daqueles cabelos estúpidos que Theo odeia tanto. Não exatamente amarelo, mas bem, você sabe... Aquele loiro que tem dias escuros e dias claros, que combina tanto com sua aparência angelical e inocente.

Liam não é inocente, ele é um filho da puta.
Theo tenta se convencer disso todos dias.

— Por que os nomes das cores dos esmaltes são estranhos? — Jackson perguntou, um frasco grudado na cara porque ele definitivamente tinha miopia mas não aceitava isso — Doce... Como mel?