Aron,
Dezesseis dias... Contei cada um, cada segundo.
Ainda não é o bastante pra me deixar resistente.
Tempo nenhum do mundo seria.
Caralho, olha pra ela.
Eu encosto as costas no muro e um dos pés, fumando minha planta marroquina, medindo cada milímetro daquela patricinha com pinta de rica e metida que veio atrás do favelado perturbado aqui.
Geral cresce o olho em cima. Não sou nenhum Zé mané, olha a mulher que eu porto. Ou portava...
Se não fosse minha, teriam vários disputando uma atenção.
Ela cativa qualquer um...
Quanto glamour!Eu babo!
Alanzin me deu a letra que ela tava pelos acessos. Tirei a Ayla de campo e do meu colo. Mandei ralar peito. Ela montou na moto nova e partiu, há pouco.
Fiquei marcando aqui no escuro, porque queria ver quando a Talia chegasse. Não planejei deixar ela entrar. Ela nunca ia ficar num lugar imundo desse. Eu nunca deixaria.
Imaginei que esperta como era, teria dado o jeito dela pra descobrir onde o bonde tinha encostado hoje.
Ela não aceita, cara.
Não desiste.Essa sensação libera um coquetel de prazer no meu organismo. O primeiro que consigo, em dias, sem ser através de droga ou bebida.
Acendi uma flor pra desacelerar os pensamentos enquanto aguardava sozinho.
Minhas mãos expeliam suor.
Que merda! Sou um viadinho!
Quando vi o carro estacionando, o coração virou um tambor de batuque e foi ai que me dei conta de que eu era um bundão mesmo. Não conseguia me controlar.
Mas porra, eu tinha um desconto... Foram dezesseis dias!
Queria ver como ela ia fazer pra passar pelos moleques. Mandei barrarem.
Ia dificultar, não podia dar esse mole...
Não podia, mesmo assim, ao ver ela tão maravilhosa naquela roupa tão diferente, que a deixava ainda mais poderosa e aquela parada no seu pescoço...
Meu Deus.
Ela dificulta a beça!
Peitou meus meninos, falou que ia passar de todo jeito, e eu deixei arder.
Me amarrava em ver sua bronca em ação. Queria testar até onde ela chegaria. Não era de se intimidar fácil.
Eu admirava!Determinada, faria tudo por mim.
Lia me fazia sentir importante.
Eu fechei com um dos maiores donos de morro do Rio, o mais ronca da porra do game, que iria comprar meu barulho quando fossemos pular na Nova Holanda. Os três coroas que deixei na visão na Vj, me passavam a transparência toda semana. Tava tega pra caramba por la também.
Várias vadias no meu contato todo dia; quitei o débito com o Guará referente as peças e também metade da dívida com a piranha da Helena, que insistia num encontro que há semanas eu vinha recusando a todo custo.
Eu tava de patrão na minha comunidade, ganhando notoriedade cada vez mais. Porém, só ela tinha esse macete para me deixar assim, como tô agora, sorrindo sozinho, o peito estufado de orgulho. Nem o progresso, nem meu levante, nem meu poder bélico podiam com ela.