Um Passo De Cada Vez

Capítulo 1: Garfield

Acordei hoje cedo para encarar mais um dia na escola, mas sinceramente, não sei onde estava com a cabeça. Aposto que a professora só vai passar a introdução de algum trabalho que, obviamente, não vou fazer. E adivinha só? Vou acabar colocando tudo nas costas da Entrapida. Talvez eu me identifique com o Garfield e odeie segundas-feiras.

Depois de dar um tapa no despertador para calar aquela coisa irritante, me levanto e faço uma das coisas que mais amo: me espreguiçar. É tão bom sentir o arrepio percorrendo o corpo logo de manhã cedo. Vou ao banheiro e tomo um susto ao olhar para o espelho. Aí me lembro que é só o meu cabelo depois de acordar. Preciso me lembrar de cortá-lo; anda meio grande. E meu rosto está parecendo um campo de batalha! Não dá, já não basta ter esses sinais nos braços e olhos bicolores, agora tenho que lidar com espinhas também. Isso não é justo.

Dou um suspiro e tiro minha roupa para tomar meu banho, aproveitando para fazer meus cuidados diários com a pele. Sinto a água gelada nas minhas costas, causando um pequeno arrepio, e dou início ao meu banho.

Por que toda vida eu esqueço a porra da toalha? Saio do banho me sentindo revigorada e ando nua pelo quarto em busca da minha toalha. Prefiro ignorar o fato de que, se a Sombria (apelido carinhoso que dei à minha mãe) me pegar assim, eu tô frita. Encontro a toalha e logo a enrolo no corpo. Vou ao espelho para fazer uma maquiagem simples, porém com um delineado gatinho que é minha especialidade. Gosto de como ele destaca meus olhos. solto meu cabelo, definindo meus cachos. O dia pode até começar monótono, mas pelo menos minha aparência vai estar impecável.

Enquanto terminava de me arrumar, meu celular vibrou com uma mensagem da Scorpia.

"Gata selvagem, estou quase aí! Se apresse ou vou te deixar para trás!", dizia o texto, seguido de vários emojis animados.

Respondi rapidamente para tranquilizá-la e desci as escadas. Encontrei um bilhete da Sombria na cozinha, que dizia: "Catra, estarei fora o dia todo. Volto às 18h e deixei o jantar pronto na geladeira. Cuide-se."

Peguei um lanche, e mais rápido do que fazer, eu comi, já que a Scorpia me esperava impaciente, apitando aquela buzina irritante. Ao sair de casa e trancar tudo, dei de cara com aquela mulher de 1,90m que tinha mais músculos que cérebro, mas que era como uma irmã mais velha para mim. Ela estava com a camisa vermelha da Horda e uma calça rasgada com um All Star vermelho para combinar. Depois de mim, até que ela está se vestindo bem.

— Bom dia, Gata Selvagem — falou vindo me dar um abraço.

— Nada de abraço, vamos — falei, mas fui ignorada. Logo os braços musculosos da Scorpia me cercaram, me levantando do chão.

— Não se nega abraço de bom dia — falou, e revirei os olhos, entrando na picape dela. — O que foi esse amassado na lateral?

— Acredita que minha mãe bateu meu carro? — falou com um tom de indignação.

— Na verdade, ela bateu o carro dela — falei, colocando o cinto de segurança. — Você não estava trabalhando naquela academia dos Grekull?

— Estou, mas o que isso tem a ver? — ela respondeu confusa, dando partida no carro, que quase não saiu do lugar.

— Está óbvio, compra um carro para você — falei enquanto tirava o gloss da bolsa para retocar.

— Você sabe que eles não me pagam muito bem — ela disse fazendo uma manobra. — Além do mais, essa caminhonete era do meu avô, que ele deixou para mim.

— Acho que ela assim como o seu avô irá já de arrasta — comentei, observando o retrovisor todo quebrado dela, porém ela me olhou com um olha reprovador- peguei pesado?

-Sim, enfim irei concerta ela esse final de semana-falou e voltou o olhar para estrada. — Além do mais, se quiser ir a pé, fique à vontade.

— Obrigada, mas meus saltos são caros pra eu desgastar até a escola — respondi. Ela negou com a cabeça e seguimos para a escola.

No caminho, comentei sobre o bilhete da Sombria, ao qual Scorpia deu de ombros.

— Sua mãe me dá arrepios — falou ela simplesmente, o que não era nem mentira.

Ela era farmacêutica em tempo integral, produzindo remédios, entre outras coisas, e sempre parecia cansada, porém com cabelos negros impecáveis. No final, só era só a velhice chegando. Com um suspiro, concordei com a observação dela sobre minha mãe. Era difícil discordar quando ela estava sempre tão ocupada e estressada.

— Sim, ela anda sobrecarregada ultimamente — murmurei. — Mas acho que é porque ela se preocupa demais comigo, já que vive no meu pé.

— Enfim, mudando de assunto — ela disse, desviando o assunto. — Tenho uma proposta interessante para você.