Capítulo 12: Me desculpa

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Os hambúrgueres já estavam frios enquanto a gente pegava fogo no carro. Adora me agarrava com mais força, e os beijos iam se intensificando, cheios de uma energia quase elétrica. Era tão bom estar assim com ela de novo, sentir seu toque, o calor do seu corpo, e passar meus dedos pelos seus cabelos, agora mais soltos e bagunçados. Eu podia sentir como os ombros dela estavam mais fortes do que antes, resultado de todo o treinamento.

Quem eu queria enganar? Tanto eu quanto ela estávamos aproveitando cada segundo desse momento, imersas uma na outra, até que o telefone dela tocou, nos forçando a nos afastar.

Adora bufou, irritada, pegando o celular para atender. Enquanto ela falava, não consegui me segurar e comecei a dar beijos em seu pescoço, sentindo aquele cheiro doce e familiar que me fazia perder o controle.

— A-alô? — disse ela, gaguejando, o que me fez dar uma risadinha.

Eu continuei beijando seu pescoço enquanto ela tentava manter a compostura. — Ah, eu e a Catra só fomos comprar um lanche. A gente tá indo — respondeu, tentando se concentrar na ligação, mas claramente afetada pelo que estávamos fazendo antes.

Encostei minha cabeça em seu ombro, revirando os olhos. Claro que tinha que acabar assim.

— Quem era? — perguntei, curiosa e um pouco frustrada.

— Cintilante — respondeu ela, e imediatamente me afastei, saindo do colo dela e voltando para o banco do carona.

— Acho que passamos muito tempo aqui — disse, tentando esconder a decepção na minha voz.

— Sim, melhor irmos — falou ela , cruzei  os braços e me olhando pelo espelho, tentando parecer indiferente enquanto ajeitava meu cabelo.

Adora ligou o carro, e o silêncio se instalou por um momento. Eu ainda sentia o calor do momento, mas a realidade de que aquilo havia sido interrompido começava a pesar. Ela olhou de canto de olho para mim, ainda sem saber bem como retomar a conversa, enquanto dirigia.

— Catra... — começou ela, hesitando um pouco.

— O que foi? — respondi, sem desviar o olhar do espelho.

— Sobre o que aconteceu agora... — ela disse, tentando encontrar as palavras certas.

Eu suspirei, passando a mão pelo cabelo. — Não sei, Adora. A gente sempre faz isso, se aproxima e se afasta. Não sei mais o que pensar.

Ela mordeu o lábio, visivelmente pensativa. — Eu não quero que isso seja só mais uma dessas vezes.

Virei-me para ela, surpresa com a sinceridade em sua voz. — E o que você quer que seja, então?

Adora respirou fundo, mantendo os olhos na estrada, como se escolhesse as palavras com cuidado. — Quero que a gente entenda o que realmente somos uma pra outra.

Eu suspirei, sentindo a raiva e a frustração que guardava há tanto tempo borbulharem na superfície. — Você faz parecer fácil, Adora, mas não é. Somos pessoas diferentes agora, com realidades diferentes — falei, deixando tudo o que estava entalado sair. — O que garante que você não vai me deixar de lado de novo?

Ela franziu a testa, como se aquilo a pegasse de surpresa. — Catra, você nunca me deixou explicar e eu nunca entendi por que você se afastou de mim. — Ela parou o carro no sinal vermelho, seus olhos se encontrando com os meus, buscando respostas.

Eu ri, mas sem humor, sentindo a dor antiga reviver. — Você era tudo o que eu queria, Adora. Sabe, no dia em que eu finalmente estava pronta para dizer que era apaixonada por você? — Olhei fundo nos olhos dela, deixando claro o peso dessas palavras. — Eu te vi com a Cintilante. Vi você beijando ela. E depois disso, tudo era ela, pra lá e pra cá. Mesmo agora, você tá indo buscar ela.

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