A escuridão caia sobre o distrito mais uma vez. Era certo de que aquele mal que assombra as prostitutas do distrito surgiria com a lua. Seus olhos com um brilho cheio de insanidade caçava por entre a floresta uma pequena garota que corria levantando o vestido até a altura dos joelhos, o lenço que estava em sua cintura a muito se perdeu, os pés cansados e machucados pisavam firmemente quebrando galhos causando estalos por onde passava.
A pobre garota respirava pesadamente, os pulmões queimavam em busca de mais oxigênio, mas nunca parecia ser o suficiente. Entre os galhos no alto Gyutaro se divertia com a caça, seu pequeno jantar achava que tinha alguma chance de sobreviver. O cheiro do sangue dela deixado por suas pegadas eram o suficiente para não precisar aguçar nenhum de seus sentidos para rastreá-la.
Ele riu quando ela caiu e desceu de onde estava.
— Sua coisinha imunda. — ele disse — Cansou de correr?
— Por favor, por favor... — ela implorou.
— Por favor, por favor... — ele imitou em tom de desdém — Vocês, humanos patéticos e fracos... — segurou o tornozelo da garota e o torceu fazendo com que ele virasse ao contrário e ela gritou de dor.
— Não, o que eu fiz...?
— Eu só estou com fome. — Agarrou seu pescoço e afundou as unhas na pele macia e a rasgou fazendo a garota se afogar no próprio sangue.
Enquanto devorava o corpo da já sem vida o oni pensava em como poderia uma carne ser tão sem graça, mesmo o ferroso do sangue não era mais tão agradável. Gyutaro só conseguia pensar em como deveria ser o gosto de sua carne, o cheiro e sabor do seu sangue. Ele queria poder colocar as mãos em você, ter você ali entre seus dedos e rasgar sua pele, consumir você completamente. Seus olhos brilharam com a imagem, vendo você ali no lugar dessa garota que ele não sabia o nome.
O desejo de ter você o fez abandonar os restos mortais do que foi uma jovem cortesã para trás, quem sabe os insetos, vermes e animais deem um jeito nisso, mas ele precisava ver você, precisava sentir seu cheiro essa noite ou ele enlouquecer de vez.
Naquela mesma noite você se encontrava parada ao lado da porta do quarto da Orian Warabihime, seus braços estavam em frente ao seu corpo e dedos entrelaçados, sua cabeça estava baixa com os barulhos que vinham do quarto. O visitante de hoje era um homem rico e ficou horas de conversa fiada a enchendo de presentes e histórias que você duvidaria que eram verdade. Agora ele estava conseguindo que muitos desejavam, mas poucos podiam pagar. Os sons de gemidos, lamentos e lamúrias vinham da boca da Orian, ela dizia coisas que a constrangem tanto que lhe deixava vermelha e apavorada. O homem com ela não ficava para trás em seus dizeres, eram ambos despudorados.
— Você. — disse a dona da casa e isso te trouxe alívio.
— Sim, senhora.
— O que faz parada aí?
— A Orian me pediu para que ficasse a atendesse caso precise algo.
— Hmmm — murmurou concordando a contra gosto.
— Depois disso limpe o quarto dela, troque seus lençóis e amanhã cedo preparar o café da amanhã para ela.
— Sim, senhora.
Não era nada com que você não pudesse lidar e também não havia motivos para ver as coisas como estavam, a verdade é que a Orian não gostava de ninguém em seus aposentos a menos que sejam clientes e quando ela está atendendo prefere que todos se retirem, essa foi uma regra dada para todos que trabalham na casa pela dona, inclusive ela mesma não deveria estar aqui, mas talvez a curiosidade sobre esse homem que todas diziam ser muito bonito chamou atenção até mesmo dela.
Você tentou se distrair com os dedos das mãos, tamborilando uns nos outros quando ouviu um baque vindo do andar de cima onde seria o sótão, ou seja, seu quarto. Você olhou para a porta ouvindo aquelas promessas e declarações e olhou para cima e para a escadaria pequena no final do corredor.
— Ela não deve precisar de mim, pelos próximos minutos. — disse para si mesma.
Com passos cautelosos, mas ao mesmo tempo rápidos, você foi até a escadaria de lá você não ouviu absolutamente nada, tudo estava em completo silêncio, mas mesmo assim você foi conferir o que tinha caído. Não havia muitas coisas suas, mas alguns baús de tecidos antigos da casa.
Ao subir você se deparou com a costumeira escuridão. Olhando em volta não viu mais nada demais, deu mais alguns passos até estar no meio do cômodo. Mas ele te viu.
Escondido nas sombras ele te viu chegar, notou seu descuido ao observar coisas tão triviais como aquelas velharias. Seu cheiro encheu todo lugar, as batidas de seu coração ficaram calmas. Gyutaro deu alguns passos em sua direção se elevando sobre sua figura distraída.
— Finalmente.
Você ouviu aquela voz que soava tão diferente da dos humanos usuais, devagar e já amedrontada sabendo quem ou melhor o que era, você virou de costas.
Lá estava ele sorrindo com dentes afiados, olhos amarelados maniacos.
Um grito morreu em sua garganta.
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Little Monster - Gyutaro e Você
Fanfiction"Ei, pequeno monstro, eu estou de olho em você Para onde você vai, para onde você está correndo?" Não tinha como correr ou escapar. Você estava na mira dele e nada o...