Gyutaro não estava se sentindo bem.
Talvez ele esteja sucumbindo à loucura de uma única vez. Mas tudo isso era sua culpa. Graças a você o oni estava indo à beira da insanidade.
Rindo descontroladamente com as mãos nos cabelos, olhos brilhando com lágrimas que ele nem sabia que as tinha. No fim você estava lá em sua mente, rondando com seu cheiro inebriante e o deixando tão desconcertado que ele não conseguia entender.
Quando você se viu parada naquele quarto sem ar.
A realidade estava ali na sua frente, a morte se apresentou e bailou na sua frente, mas aqui estava você, sem entender o que quer que tivesse acontecido. Um demônio havia aparecido e desfilado na sua frente.
— Santo Deus! — com a mão apertando o peito com a finalidade de acalmar os batimentos erráticos de seu coração.
Você sentiu suas pernas tremerem e então foram ao chão. O som surdo do seu corpo caindo foi tão solitário quanto as batidas de seu coração. Não tinha como escapar dele, não é? Seus olhos encheram de lágrimas por medo do que o futuro te aguardava.
Morte?
Justo você que lutou tanto para sobreviver a cada inverno.
Num rompante de medo e desespero você se voltou ao baú que guardava seus pertences, nada importante, apenas algumas roupas e um dinheiro que você tinha guardado. Logo em seguida você pegou tudo e organizou em uma trouxa pequena, já que seus pertences não eram grande coisa. Feito isso foi até as escadas e desceu sem se importar com mais nada. A única coisa que você tinha em mente era que precisava sair dali. Sua vida dependia disso.
— Onde pensa que vai? — você ouviu o grito estridente da dona da casa, mas pela primeira vez ignorou.
Seus olhos estavam vermelhos e cobertos com lágrimas, o medo estava exalando de cada poro do seu corpo. Com os passos apressados você passou por bêbados e prostitutas que ignoravam sua existência. Pela primeira vez ser uma ninguém era uma coisa boa, não havia quem se importasse com seu sumiço.
Correndo para fora das dependências do prostíbulo, você se viu aliviada pela primeira vez. Não existia quem gritasse com você, te desprezasse ou te tratasse como o ser mais inferior do mundo por conta de sua aparência. Agora você estava em meio às ruas, correndo desesperada pela sua vida.
Seus pés pisavam na terra molhada te sujando de lama, poças de água eram perturbadas por você, o suor surgia em sua testa e escorria pelo seu pescoço. Já fazia algum tempo que você corria e corria a ponto de que suas pernas estavam doloridas e seus pulmões queimavam com a busca desesperada por oxigênio.
Logo a floresta estava a sua frente e a chance de se livrar de todo esse passado. Sua respiração errática era a única coisa que se ouvia entre as árvores, o frio então veio à tona ao parar e seu corpo deixar que a adrenalina se dissipasse.
Com as mãos nos joelhos, cabelos bagunçados e olhos fechados. Era assim que você se encontrava, a trouxa de roupas foi para o chão e então você se permitiu respirar de verdade pela primeira vez.
Longe dali o demônio se encontrava furioso. Seu cheiro tinha sumido do ar e isso o deixou ansioso, o coração dele batia rápido demais ao pensar que existia uma distância entre vocês. Sua irmã, depois de atender o cliente, se encontrava irritada por que você não estava ali para ajudá-la a limpar-se, mas seu irmão estava andando de um lado para outro enquanto ela se limpava sozinha no cômodo ao lado.
— Então quer dizer que você anda assustando minha empregada? — ela disse.
— Ela não é sua empregada, Daki,
— Oh, realmente, se fosse estaria aqui me lavando.
— Grrr....
— Para de fazer esse barulho, parece um cão.
— Você não está entendo, irmã.
— Explique.
— Ela, ela... — ficou frustrado — Ela tem esse cheiro e, e... o gosto! Sinto o gosto dela na ponta da minha língua.
— A coma. — disse simples.
— Não é assim.
— É nossa natureza. A coma e acabe com a frustração que está sentindo.
— Não sei se quero realmente que ela morra.
— Então o que quer fazer? Namorá-la? — disse com desdém.
Essa última frase virou uma chave dentro da mente do Oni. Talvez esses sentimentos confusos possam haver com outra coisa mais complexa que a fome por carne humana? Talvez o desejo de devorá-la seja ainda maior, mais profundo e não tanto literal.
— Que silêncio é esse? — perguntou Daki — Não me diga que está mesmo pensando nisso?
— Cale a boca.
— Você não pode! Ela é humana e além do mais tem a sua apa... — ela parou o que estava dizendo.
— Diga! Minha aparência repugnante! Diga que ela vomitaria ao ter que tocar em mim! Diga!
Arrependida ela ficou em silêncio. Não era sua intenção magoar o irmão, mas vivendo tanto tempo juntos sabia o que as pessoas achavam de sua aparência e por mais que o amasse, não poderia evitar o inevitável.
Depois disso ele foi atrás de você. No seu quarto.
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Little Monster - Gyutaro e Você
Fanfiction"Ei, pequeno monstro, eu estou de olho em você Para onde você vai, para onde você está correndo?" Não tinha como correr ou escapar. Você estava na mira dele e nada o...