Kill me now

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Nishimura Riki

Alguém, por favor, me mate agora.

Por que de todas as pessoas tinha de ser você?

Pelo amor de deus, a alguns meses atrás eu preferiria morrer a acabar nessa situação. 14 anos de amizade e eu já estava bem resolvido.

Era uma fase, eu sabia.

Iria passar eventualmente, tinha de passar.

Talvez eu esteja finalmente enlouquecendo, preciso de um laudo.

─ Que cara é essa? ─ resmunga, suas bochechas cheias do que parecia um pão com presunto.

Eu a encarei, levantando uma das sobrancelhas enquanto tentava engolir um sorriso que tentava sair.

─ É minha cara normal, incomodada? ─ digo enquanto relaxava no banco do campus.

─ Sempre. ─ responde, terminando de engolir seu lanche. ─ Tem algo errado, além de, obviamente, sua cara feia? ─ ela sorriu ladino.

Revirei os olhos, mas corei sem perceber. Ela me conhecia bem demais, eu odiava.

Eu te odeio, eu te odeio, eu te odeio, eu te odeio, eu te odeio...

─ Tudo ótimo. ─ eu coçava o interior da bochecha com a língua. ─ Tenho uma pergunta.

─ Uhum... ─ ela concordou com a cabeça, me deixando falar.

Meu olhos olham para o céu azul em busca de coragem para perguntar o que eu queria.

─ Você já se apaixonou? Tipo, de verdade. Já olhou pra alguém que você conhecia a um tempo e pela primeira vez pensou nela de uma maneira diferente. ─ respirei fundo, olhando agora para qualquer lugar que não fossem seus olhos. ─ E depois disso você nunca conseguiu deixar de ver aquela pessoa como... alguém que você deseja ou necessita.

Minha garganta estava seca.

─ Sim. ─ suspira baixinho ao meu lado. ─ Já aconteceu comigo algo parecido. ─ a garota pareceu tomar fôlego. ─ O que é isso? Nishimura Riki está apaixonado por alguém?

Aquela maldita voz, eu podia ouvi-la tentando não rir.

─ Não, é apenas um amigo meu que perguntou. ─ eu disse gesticulando com as mãos. ─ Eu também não entendo essas coisas, mas imaginei que você entenderia.

─ Porque imaginou que eu entenderia? Eu pareço tão bem resolvida romanticamente? ─ ela disse, jogando os cabelos para atrás dos ombros.

─ Não, é porque você só gosta de gente duvidosa. ─ respondi, sentindo momentos depois um tapa ser instalado em meu braço.

─ Que mentira. ─ a mais baixa murmurou, fazendo uma careta. ─ De qualquer maneira, diga ao seu amigo que aceitar seus sentimentos é a forma mais saudável de lidar com eles.

Meu rosto se virou para ela, minha mão ainda massageando o lugar onde meu braço havia sido atingido.

Aceitar seus sentimentos?

Ah, claro, é fácil falar quando os sentimentos são por uma pessoa qualquer.

Mas você não é uma pessoa qualquer.

─ Como se faz isso? ─ talvez eu tenha comprometido minha posição nesse momento, mas ela não pareceu perceber.

Ela pareceu pensar, seus olhos se dilataram um pouco e agora era ela que não me olhava nos olhos.

─ Você tem que começar a perceber suas próprias palavras, seus próprios pensamentos. Talvez um "está tudo bem?" signifique "eu me importo".

Talvez um "eu não ligo", signifique "eu quero que você me conte tudo".

Talvez um "você deveria ir", signifique "eu não quero que você vá" .

Talvez um "eca, que nojo!", signifique "eu quero te beijar agora".

Talvez esse seja somente eu tentando negar que um "eu te odeio", sempre foi, na verdade, um "eu te amo".

E que eu quero muito te beijar, me importar, te esperar, ter você pra mim, que você me chame de meu, que sinta o mesmo, que se for necessário eu tenha que ficar de joelhos e implorar pelo seu amor.

Por favor, eu não quero que seja platônico.

Me mate agora se for preciso para que eu não tenha de enfrentar um mundo em que você não consegue me amar de volta.

─ Sou eu. ─ eu arfei, sobrecarregado. ─ Sou eu quem está apaixonado.

𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐲 •° - NikiOnde histórias criam vida. Descubra agora