A new chance

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CARINA DELUCA

Estávamos na Itália para o velório do meu pai. A manhã amanheceu triste e fria, como se o próprio tempo estivesse de luto. Lembro-me vividamente de Andrew e eu brincando com papai dentro de casa enquanto mamãe nos observava com um sorriso no rosto. Aquele era um tempo em que a felicidade parecia infinita.

Depois, tudo começou a desmoronar. Quando me assumi, tudo virou uma confusão. Minha relação com meus pais azedou, e quando comecei a namorar a Maya, as coisas pioraram ainda mais. Mamãe foi embora, incapaz de lidar com as mudanças. E então, um tempo depois, perdi Andrew. A dor de perder meu irmão foi insuportável.

Agora, diante do caixão aberto do meu pai, minhas lágrimas descem sem parar. Penso em quanto tempo ele perdeu me odiando. Quando finalmente fizemos as pazes, foi por causa de sua doença terminal. Gostaria que ele tivesse tido mais tempo conosco. Queria que ele tivesse conhecido melhor a Maya e visto que ela não era nada do que ele pensava. Queria que ele conhecesse melhor a Lizzie, visse que ela é uma criança adorável.

Olhei para meu pai, pálido dentro daquele caixão, e tudo o que sentia era o vento gelado batendo no meu rosto e as mãos de Maya ao redor de mim, tentando me dar algum conforto. Meus pensamentos estavam em turbilhão, como se nunca fossem parar.

Lizzie estava ao meu lado, segurando minha mão. Ela não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas sabia que agora o nonno dela não estava mais entre nós.

― Mama, o nonno virou uma estrelinha como o zio Andrew? ― ela perguntou, olhando para mim com seus olhos grandes e curiosos.

― Sim, bambina, ele virou uma estrelinha. ― respondi, tentando sorrir através das lágrimas. Apertei a mão dela, sentindo o calor reconfortante da sua pequena presença. O coração pesado com a perda, mas grata por ter minha filha e minha esposa ao meu lado.

Enquanto olhava para o corpo do meu pai, pensava em todas as coisas não ditas, todas as mágoas que poderiam ter sido evitadas. Mas agora, era tarde demais. O arrependimento era uma dor silenciosa, misturada com o amor e a saudade que sentia por ele.

Maya apertou meus ombros, e naquele momento, senti uma onda de gratidão por tê-la em minha vida. Embora meu pai nunca tenha realmente aceitado nosso amor, eu sabia que Maya estava ali para me ajudar a superar qualquer coisa.

E assim, com Lizzie ao meu lado e Maya me segurando firme, comecei a aceitar a perda, sabendo que carregaria meu pai e Andrew em meu coração para sempre.

                       MAYA BISHOP

Ontem foi o velório do pai da Carina. A dor no rosto dela, ao se despedir de alguém tão importante, foi algo que me quebrou por dentro. Após o funeral, voltamos para Seattle durante a noite, e hoje chegamos bem cedo. O cansaço pesava nos meus ombros, mas eu estava ali, em uma cafeteria, esperando Emma trazer Antonella. Tínhamos perguntado a Antonella se ela queria vir conosco, mas ela recusou. Então perguntei a Emma se estava tudo bem ela ficar com Antonella, e Emma aceitou com entusiasmo. As duas pareciam animadas com a ideia.

Agora, sentada nesta cafeteria, meus pensamentos estão com Carina. Ela ficou em casa, dormindo com Lizzie, ainda muito abalada. A imagem dela, devastada pela dor, me atormenta. Seus olhos vermelhos e inchados, o semblante abatido, tudo isso reflete o peso da perda que ela está carregando.

Sinto-me impotente e triste. Queria poder fazer mais, queria poder tirar toda essa dor dela, mas sei que é impossível. A única coisa que posso fazer é estar presente, ser um apoio firme em meio à tempestade de emoções que ela está enfrentando.

A porta da cafeteria se abriu e Emma entrou, segurando a pequena mãozinha de Antonella. O rosto de Antonella estava iluminado por um sorriso radiante. Ela não conhecia bem o pai de Carina e não entendia completamente o que tinha acontecido. Ver a alegria no rosto dela trouxe uma sensação de alívio misturada com uma pontada de tristeza. A inocência dela era um bálsamo em meio à dor que todos sentíamos.

PS Tudo ficará bem no final (MARINA)Onde histórias criam vida. Descubra agora